Assim como a trilogia dirigida
por Steven Soderbergh e estrelada por George Clooney, Oito Mulheres e Um Segredo é uma aventura estilosa que se apoia no
carisma de suas estrelas. Este spin-off
feminino, no entanto, não consegue alcançar todo o potencial que sua premissa e
elenco prometiam.
A trama começa quando Debbie
Ocean (Sandra Bullock), irmã do Danny Ocean da trilogia original, sai da cadeia
e contata Lou (Cate Blanchett), sua antiga parceira de crimes. Debbie propõe a
Lou um audacioso roubo de joias que, assim como o roubo de Danny em Onze Homens e Um Segredo (2001), também
esconde uma motivação pessoal.
Como os trailers já evidenciavam, o elenco é bem entrosado e seus diálogos
são precisos no timing cômico, criando
um sentimento crível de amizade e camaradagem entre as personagens. Sandra
Bullock é eficiente em convencer da lábia e malandragem de Debbie, se valendo
constantemente do fato de ser subestimada para conseguir aplicar seus golpes.
Além de Bullock, há de se
destacar também o trabalho de Helena Bonham Carter como uma estilista falida,
Rihanna como uma descolada hacker e
Anne Hathaway como uma fútil e insegura celebridade. Como o elenco é menor do
que a trilogia original, era de se imaginar que a trama conseguisse dar um
pouco mais de atenção e aprofundamento à equipe, mas isso não acontecem.
Personagens como a joalheira vivida por Mindy Kaling, a punguista interpretada
por Awkwafina e a contrabandista da atriz Sarah Paulson tem pouco espaço além
de algumas piadas breves e acabam não sendo tão memoráveis quanto as outras (eu
nem lembro os nomes das personagens).
O filme consegue evocar o glamour e a exuberância do mundo da moda
e do tradicional baile de gala do MET, mas o roubo em si carece de tensão. Os poucos
imprevistos que surgem são facilmente contornados e em nenhum momento os
eventos nos fazem sentir que elas estão realmente correndo algum risco nem nos
dá aquela sensação de “E agora? Como vão sair dessa?”. As principais
reviravoltas, como o fato de uma personagem não estar tão alheia ao golpe
quanto se pensava, são relativamente previsíveis e contribuem para que clímax
do filme perca parte do seu impacto.
Outro problema é que o
ex-namorado de Debbie, Claude (Richard Armitage), o mais próximo que o filme
tem de um vilão ou antagonista, falha em despertar qualquer sentimento. A
trilogia anterior, apesar de suas falhas, conseguia apresentar vilões que davam
gosto de detestar e torcer para o fracasso deles, em especial os donos de
cassino vividos por Andy Garcia e Al Pacino. Aqui, Richard Armitage não tem
carisma ou canalhice suficiente para que Claude seja esse escroque detestável
que nos enche de satisfação ao vê-lo se dar mal no fim.
Oito Mulheres e Um Segredo acerta no carisma, no glamour e no senso de diversão, mas peca
ao subaproveitar parte da equipe e deixa de nos arrebatar com um roubo sem
suspense, um antagonista apático.
Nota: 6/10
Trailer
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