Os Estranhos (2008) era um terror bem esquecível, tanto que eu nem
lembrava da existência dele ou de tê-lo visto até ver os primeiros materiais de
divulgação desta continuação tardia Os
Estranhos: Caçada Noturna. O filme original surfava na onda do torture porn do início dos anos 2000 ao
apresentar um trio de assassinos que atormentava uma família sem muita razão
aparente, mas também sem usar esses eventos para propor qualquer tipo de
reflexão sobre a violência cotidiana ou as representações das mesmas pelo
cinema.
Esse segundo filme segue um molde
similar, com a família encabeçada por Mike (Martin Henderson) e Cindy
(Christina Hendricks) chegando a uma isolada casa de campo e sendo
imediatamente perseguida por um trio de encapuzados. A família está em
conflito, aparentemente por conta de uma ação da filha mais nova, e a viagem
seria uma forma deles tentarem resolver os problemas antes que a filha partisse
para um colégio interno.
Todo esse conflito é construído de
maneira bem vaga, nunca explicitando o que exatamente aconteceu, tampouco
fazendo qualquer esforço para transformar esse conflito em um arco dramático
para seus personagens. Uma vez que os estranhos aparecem, todos os problemas
não esquecidos e o texto nunca retorna a abordá-los. Isso nem seria um problema
se houvesse uma tensão bem construída ou mortes chocantes e criativas, mas
mesmo os momentos de terror não impressionam como deveriam.
O filme se apoia muito em sustos
súbitos gratuitos e closes nas máscaras
engraçadinhas usadas pelos assassinos como se essas imagens por si só fossem
capazes de inspirar medo ou tensão. O diretor Johannes Roberts (do fraco Medo Profundo) tenta construir um clima
similar aos filmes de terror oitentistas (em especial os feitos por John
Carpenter), com paisagens enevoadas à meia luz que criam uma atmosfera
sinistra, e até mesmo a fonte do título nos créditos iniciais remete a algo
feito na década de oitenta. A estética, no entanto, não tem força para carregar
o filme sozinha.
A tensão só começa a funcionar
nos últimos minutos, a partir de um confronto em uma piscina iluminada sob
luzes neon. A partir desse segmento a trama finalmente entrega a urgência que vinha faltando até então e há uma inegável catarse ao ver os membros
restantes da família tentando virar o jogo em cima dos assassinos, mas esses
poucos momentos não são o suficiente para fazer o filme valer à pena.
Superficialidade é que define Os Estranhos: Caçada Noturna. Com personagens
rasos, momentos de terror pouco inspirados, pouco impactantes e que não tem
muito a dizer sobre esses clichês cansados, o filme acaba desperdiçando sua boa
construção estética.
Nota: 5/10
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