Na superfície Arranha-Céu: Coragem Sem Limites parece
uma colagem pouco inspirada de Duro de
Matar (1988) com pitadas de Inferno
na Torre (1974) e, bem, é só isso mesmo. Não é exatamente um produto ruim,
mas é tão derivativo, sem personalidade e apoiado em refazer cenas que já vimos
em filmes melhores que não me produziu nada além de apatia.
A trama é centrada em Will Sawyer
(Dwayne “The Rock” Johnson), um ex-militar que depois de perder a perna em
combate passou a trabalhar com segurança privada. Ele é contratado pelo
bilionário Zhao (Chin Han) para avaliar a segurança de seu novo empreendimento:
o Pérola, um arranha-céu tão grande que é praticamente uma cidade vertical. A
avaliação de Will está quase acabando quando criminosos armados invadem o
prédio e incendeiam parte dos andares, incluindo o pavimento no qual a família
de Will está. Assim, o protagonista precisa salvar a família e deter os
criminosos.
The Rock se afasta um pouco dos
tipos invencíveis que vinha fazendo, como no recente Rampage: Destruição Total, para assumir a persona de um herói mais vulnerável, nos moldes do John McClane de Duro de Matar. Além das dificuldades
envolvendo sua prótese na perna, Will se fere a cada confronto, precisando
parar para improvisar curativos e pensar cuidadosamente suas ações. Tudo isso
ajudaria a construir uma sensação de perigo e nos fazer temer pelo personagem
conforme seus ferimentos se agravam, mas é tudo tão igual a Duro de Matar e seus muitos clones, que
nada soa genuíno, mesmo com o carisma de The Rock.
Igualmente carismática é Neve
Campbell (a eterna Sidney de Pânico) como
Sarah, a esposa de Will. A narrativa acerta ao nunca reduzi-la a uma mera
donzela em perigo e em lhe dar um papel ativo no resgate dos filhos, mas
tirando a motivação de proteger a família, a personagem não tem muita
substância. O vilão é completamente desprovido de personalidade e a demora do
filme em explicar seu plano ou motivações só contribui para que ele permaneça
como uma caricatura rasa e quando as explicações chegam, são tão básicas e
simplórias que fico me perguntando qual a razão do roteiro construir tanta
expectativa em cima de algo tão banal.
O filme consegue criar alguns
momentos de tensão, como o segmento em que Will escala uma grua, mas muitas
vezes é prejudicado por efeitos especiais pouco convincentes, que deixam
evidente que estamos vendo os atores interagirem com um fundo verde. Isso
acontece em algumas cenas nas beiradas do prédio como também no tiroteio
climático envolvendo um salão espelhado desnecessariamente (ou talvez
preguiçosamente) feito por efeitos digitais, principalmente levando em conta
que John Wick: Um Novo Dia Para Matar (2017)
conseguiu fazer uma excelente cena de ação em um corredor de espelhos sem
precisar abusar tanto de computação gráfica. Esse senso de artificialidade é
prejudicado pelo péssimo 3D, que falha em criar a sensação de profundidade e
vertigem planejada, diferente do que acontecia, por exemplo, em A Travessia (2015), no qual o senso de
profundidade em relação à altitude dos personagens era bastante palpável.
No fim das contas, Arranha-Céu: Coragem Sem Limites é um
daqueles filmes tão inanes que não consegue despertar qualquer sentimento em relação a
ele, não chegando a ter nada errado ou problemático ao ponto de dar raiva, mas
também sem fazer qualquer esforço de ir além das fórmulas manjadas que reproduz
para conseguir ser satisfatório.
Nota: 5/10
Trailer
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