terça-feira, 3 de julho de 2018

Crítica – Duck Butter


Análise Crítica – Duck Butter

Review – Duck ButterVer as agruras de um casal discutindo a natureza de sua relação, se bem feito, pode fornecer muitos insights sobre a condição humana, como formamos nossas conexões e como nos relacionamos uns com os outros, um bom exemplo disso é Antes da Meia-Noite (2013) e os outros dois filmes anteriores que compõem a trilogia. Quando esse “filme de DR”, por outro lado, não é bem realizado, se torna um aborrecido exercício de paciência conforme acompanhamos pessoas desinteressantes reclamarem de coisas sobre as quais não damos a mínima, como no caso do sonolento À Beira Mar (2015). Este Duck Butter, dirigido pelo porto-riquenho Miguel Arteta (responsável por Jantar Com Beatriz), não chega a nenhum desses extremos, ficando em um meio termo entre eles.

A trama é centrada em Nima (Alia Shawkat, a Maeby de Arrested Development), uma jovem atriz que ainda espera sua grande chance para emplacar a carreira. Depois de um dia frustrante de trabalho Nima conhece a cantora e compositora Sergio (Laia Costa) e ambas se interessam uma pela outra. Sergio propõe que elas passem 24 horas juntas para tentarem se conectar.

É um filme de poucos espaços (a casa de Sérgio e a casa de Nima), que usa esse confinamento para criar situações de aproximação e atrito entre as duas protagonistas. A câmera se mantêm próxima às atrizes, constantemente em seus rostos, criando a sensação de constante proximidade e nos mergulhando na intimidade das duas de maneira simples e direta, assim como nas cenas de sexo, sem muitas afetações O problema que muitas dessas situações não rendem ou soam redundantes. As personagens fazem observações pontuais sobre suas inseguranças, frustrações amorosas, sobre o machismo que enfrentam em seus trabalhos, mas nada é plenamente desenvolvido e o filme não vai além da superfície dessas questões.

Na verdade, os momentos mais eficientes são aqueles sem diálogos, como o momento em que Nima começa a chorar ao tentar o método de meditação de Sergio ou o modo como Sergio fica ansiosa e insegura com a vinda da mãe para tomar café da manhã, revelando, sem que qualquer explicação seja necessária, a relação complicada que ela tem com a mãe. É através do acúmulo desses silêncios e do modo como nos permite, sem diálogos, vislumbrar o que está sob a superfície das personagens que a trama consegue seus momentos de maior potência emocional, principalmente no clímax, quando Sergio confronta Nima por sua postura distanciada.

É por causa da química entre as atrizes que o filme envolve, mesmo quando o texto não lhes dá muita substância para trabalhar. A espanhola Laia Costa faz de Sergio uma garota confiante, mas dotada de uma impulsividade quase que infantil, enquanto Shawkat traz uma vulnerabilidade e insegurança bastante sinceras para Nima, nos fazendo entender o motivo da atriz se sentir tão atraída pela exótica compositora.

Duck Butter nem sempre alcança suas pretensões de examinar a aproximação amorosa de duas pessoas relativamente imaturas, mas seu olhar sincero e o talento das duas protagonistas constroem uma ternura que envolve a despeito de suas falhas. Por mais problemas que o filme tenha, é difícil não obter alguma satisfação no singelo desfecho que mostra o aprendizado das duas personagens e o impacto de uma na vida da outra.


Nota: 6/10


Trailer

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