segunda-feira, 2 de julho de 2018

Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Análise Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Review Crítica – GLOW: 2ª Temporada
A primeira temporada de GLOW foi uma grata surpresa ao conseguir equilibrar drama e comédia ao contar a história de um grupo de atrizes na década de 80 tentando emplacar um programa televisivo sobre luta-livre feminina. Esta segunda temporada consegue manter o nível da primeira enquanto tenta aprofundar suas personagens e relações entre elas.

A trama começa pouco tempo depois do fim da temporada anterior, com as lutadoras se reunindo para iniciar uma nova temporada do seu programa enquanto enfrentam novos desafios para se manterem no ar e exigências da emissora. Ruth (Alison Brie) tenta ajudar o mal-humorado diretor Sam (Marc Maron) ao mesmo tempo em que tenta reparar sua complicada relação com a colega Debbie (Betty Gilpin) que agora é uma produtora do programa.

Com apenas dez episódios de cerca de meia hora cada, a série alterna entre episódios mais dedicados ao arco maior da temporada e outros mais autocontidos. Isso poderia resultar em um ritmo inconsistente, mas cada episódio consegue trazer um desenvolvimento consistente dos personagens ao ponto em que nenhum deles soa como filler. Na verdade, o efeito é oposto e quando cheguei aos últimos três episódios da temporada desejei que ela durasse mais porque não estava pronto para me despedir daquelas personagens.


Parte do motivo da série ser tão atrativa é a química do elenco e a sinceridade através da qual conseguem construir a camaradagem das personagens. Com isso, cada briga, cada reconciliação ou cada envolvimento amoroso soa crível e merecido. Apesar de contar as histórias das diferentes personagens, GLOW nunca chega a ser algo como Orange is the New Black (as duas séries são produzidas pela Jenji Kohan) no sentido de ter um protagonismo compartilhado entre as diferentes personagens. Aqui a trama claramente eleva certos personagens ao protagonismo, em especial Ruth, Sam e Debbie.

Através desses três a trama tenta explorar as ansiedades de artistas buscando fazer algo relevante com seus trabalhos. No caso de Ruth e Debbie ainda aborda o machismo que imperava na época, com Debbie tendo dificuldade em ser levada à sério como produtora (um desafio que não é sofrido pelos personagens masculinos) e Ruth tendo que lidar com o assédio de um produtor de televisão. A cena de Ruth no quarto do produtor acerta em transmitir o clima de desconforto e temor que vai tomando conta de Ruth conforme ela percebe que não foi chamada até ali para uma conversa de trabalho.

Assim como Orange is the New Black, no entanto, a série exibe o esforço de evitar maniqueísmos em seus personagens, construindo-os como pessoas complexas, com virtudes e defeitos. Se inicialmente aderimos a Debbie pelo fato dela ser ignorada pelos demais produtores homens, mais para frente na temporada repudiamos sua atitude de ferir seriamente Ruth durante uma luta como meio de descontar suas frustrações. Do mesmo modo, se Sam age de maneira mesquinha no início da temporada ao punir Ruth por sua iniciativa de filmar os créditos iniciais do programa, posteriormente simpatizamos com ele conforme ele tenta se aproximar da filha Justine (Britt Baron).

Marc Maron, por sinal, continua a divertir com a persona turrona e neurótica de Sam, sempre com um comentário ácido e mordaz na ponta da língua. Alison Brie e Betty Gilpin, por sua vez, são ótimas em criar a complicada dinâmica de amizade/inimizade entre Ruth e Debbie, evidenciando o afeto e as mágoas que existem entre as duas, principalmente nas cenas após o ferimento de Ruth.

A segunda temporada também acerta ao experimentar com diferentes formatos. Um exemplo é o episódio centrado em Debbie e Tammé (Kia Dawson), alternando entre ambas conforme acompanhamos as dificuldades delas em criar seus filhos, com o jantar entre as duas funcionando como uma divertida oposição às personagens rivais que as duas interpretam no ringue. Outro destaque é o oitavo episódio que é todo concebido como um episódio da série feita pelas personagens dentro do universo da série. Todo feito como algo filmado e exibido nos anos oitenta, o episódio inteiro tem um aspecto visual de fita VHS e sinal de televisão analógico, incluindo uma taxa de aspecto que reproduz o formato menor das televisões antigas. Além do cuidado visual, o episódio é bem sucedido ao evocar a breguice e tosqueira da trama da “série dentro da série”.

Em sua segunda temporada Glow continua a divertir e envolver pelo carisma de seus personagens, equilíbrio entre drama e comédia, além de suas tentativas de criar episódios com formatos diferentes.

Nota: 8/10


Trailer

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