sábado, 7 de julho de 2018

Crítica - Homem Formiga e a Vespa


Análise Crítica - Homem Formiga e a Vespa


Review - Homem Formiga e a Vespa
O primeiro Homem-Formiga (2015) contava uma história de origem bem aderente às fórmulas que a Marvel estabeleceu para seus filmes, mas conseguia ser moderadamente divertido. Este Homem-Formiga e a Vespa tenta se distanciar um pouco das fórmulas sendo um pouco melhor que o anterior, ainda que continue exibindo os mesmos problemas que vêm com o “padrão Marvel”.

A trama se passa depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016), mas antes do que acontece em Vingadores:Guerra Infinita (2018). Depois de ter sido preso por ajudar o Capitão América, Scott Lang (Paul Rudd) faz um acordo com o governo, abrindo mão de ser o Homem-Formiga e é colocado em prisão domiciliar. Enquanto isso, Hank Pym (Michael Douglas) e Hope (Evangeline Lilly) buscam um jeito de resgatar Janet (Michelle Pfeiffer), a Vespa original, do reino quântico depois de Scott ter retornado de lá no filme anterior. Os planos da dupla, no entanto, são observados de perto pela misteriosa Fantasma (Hannah John-Kamen), que tem seus próprios planos envolvendo a dimensão quântica.

Compensando o fato de ter sub utilizado Hope no primeiro Homem-Formiga, este aqui a torna o centro da história, já que é a busca dela pela mãe que move o filme e Evangeline Lilly é ótima em mostrar a personalidade confiante, durona e resoluta da heroína. A trama, no entanto, continua a ser contada sob o ponto de vista do Scott e a narrativa continua a explorar suas tentativas de ajeitar a vida e se aproximar da filha. Assim, o filme consegue equilibrar seus dois protagonistas, dando a eles

A Fantasma acaba surpreendendo por ser menos uma vilã com objetivos nefastos e mais uma pessoa desesperadamente tentando sobreviver, dando a ela uma motivação crível e compreensível para agir e deixando o conflito e os riscos da narrativa mais pessoais ao invés de uma luta entre o bem e o mal ou para salvar a cidade/mundo/universo. Apesar da atriz Hannah John-Kamen ser eficiente ao nos fazer sentir o desespero e dor da personagem, o roteiro não lhe oferece muito mais desenvolvimento e, desta forma, ela acaba soando relativamente superficial. Uma pena, pois a personagem poderia ser uma antagonista tão complexa quanto o Killmonger de Pantera Negra (2018), principalmente pela origem dos poderes dela terem relação com a conduta orgulhosa e irascível de Hank Pym.

Assim como a Fantasma, outros personagens também não seu potencial plenamente aproveitado. A Janet, por exemplo, é mais um dispositivo de roteiro, objetivo a ser alcançado do que alguém com um arco narrativo próprio e o filme mal chega a explorar o impacto de ter ficado presa por décadas no reino quântico ou a extensão de seus novos poderes. A presença minúscula (trocadilho não intencional) da personagem soa um desperdício de uma atriz tão competente quanto Michelle Pfeiffer. O gângster interpretado por Walton Goggins, por sua vez, é tão genérico e sem personalidade que sequer lembro do nome dele e, assim como Janet, ele existe mais como um dispositivo da trama, funcionando como um obstáculo para que os personagens não resolvam tudo com muita facilidade.

Do lado dos heróis, Michael Peña continua a roubar a cena como Luis, sendo responsável por alguns dos momentos mais engraçados do filme, enquanto que Randall Park acerta na mistura entre cinismo e jeito trapalhão para tornar o agente Jimmy Woo engraçado, ainda que alguns diálogos entre ele e Scott se alonguem mais do que deveriam. O filme também é eficiente em criar comédia a partir das habilidades de Scott, em especial numa cena em que ele visita a escola da filha ou quando ele tenta chamar formigas em um cais. Por outro lado, aqui vemos o mesmo problema de outros filmes da Marvel em termos de uso intrusivo da comédia, no qual ela opera mais para sabotar o peso dramático de algumas cenas do que para fornecer algum alívio. Um exemplo é a cena em que Scott, Hope e Hank são capturados pela Fantasma e uma cena que deveria ser tensa e ameaçadora tem toda a sua atmosfera sacrificada em prol de um chiste cômico descartável (ele poderia ser removido sem qualquer prejuízo ao filme) envolvendo um telefonema recebido por Scott.

As cenas de ação envolvem por abraçarem as possibilidades criativas dos poderes de mudança de tamanho dos personagens, principalmente a perseguição automobilística envolvendo carros que mudam de tamanho e um Scott gigante usando um caminhão como uma patinete. A viagem ao reino quântico, porém, não mergulha tanto na natureza lisérgica que o reino subatômico possibilitaria e assim não impressiona como deveria, principalmente depois de Doutor Estranho (2016) ter sido tão hábil em nos apresentar as psicodélicas dos reinos mágicos do universo Marvel.

Homem-Formiga e a Vespa consegue sair um pouco da estrutura formulaica do seu antecessor, mas não chega a explorar seu potencial como deveria, se contentando em ser apenas uma aventura divertida e sem pretensões.


Nota: 7/10

Obs: O filme apresenta duas cenas adicionais durante os créditos, embora a segunda seja relativamente descartável.


Trailer

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