Entrei para assistir esse Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo sem
saber o que esperar. Não havia muita necessidade de contar a juventude da
personagem vivida por Meryl Streep no filme original e as principais músicas do
Abba já tinham usado nos números musicais, então essa continuação/prelúdio não
parecia ter muita razão de existir além de faturar em cima do anterior.
Felizmente meus temores não se confirmaram e essa continuação se mostra tão
divertida e encantadora quanto o primeiro.
A trama começa com Sophie (Amanda
Seyfred) organizando a festa de inauguração do hotel que pertenceu a sua mãe.
Conforme os convidados começam a chegar, Sophie vai descobrindo novas informações
sobre a juventude Donna (Lily James) e como ela conheceu seus três pais.
Sendo simultaneamente uma
continuação e um prelúdio, a trama constantemente alterna entre as duas
temporalidades, mas a verdade é que nenhuma delas tem algo a dizer sobre essas
personagens que já não tínhamos entendido no filme anterior. Tanto a jornada de
Donna pela Europa quanto os perrengues de Sophie com o hotel parecem acontecer
por eventos fortuitos e coincidências convenientes demais, como as tudo fosse
por exigência do roteiro e não uma decorrência orgânica das ações dos
personagens. A viagem ao passado também não tem muito a dizer que já não tenha
sido dito sobre Donna.
Embora a trama seja quase
inexistente, o filme conquista pelo carisma de seus personagens e pelo afeto
verdadeiro que eles demonstram um pelo outro. Lily James é adorável como a
jovem Donna, trazendo toda a energia, impetuosidade e doçura que se esperaria
de uma mulher que fez três homens se apaixonarem por ela ao mesmo tempo. Por
sua vez, Alexa Davies e Jessica Keenan Wynn conseguem ser fiéis à Rose e Tanya
vividas por Julie Walters e Christine Baranski sem soar como uma mera imitação,
injetando um carisma e senso de humor próprio em suas personagens.
No presente, o filme apresenta
novos e pitorescos personagens como Cienfuegos (Andy Garcia), o charmoso
“faz-tudo” do hotel de Sophie, e Ruby (Cher) a ausente e excêntrica mãe de
Donna. Sim, é um pouco estranho escalar Cher para ser a mãe de Meryl Streep
considerando que a cantora só é quatro anos mais velha que a atriz, mas vê-la
interagindo com os demais personagens é tão divertido que rapidamente
esquecemos dessa pequena incongruência.
Os números musicais continuam tão
alegres e divertidos quanto no filme anterior. Há neles uma inerente cafonice,
mas a produção sabe colocar isso a seu favor usando toda a cor, exuberância e
exagero como uma celebração da música e dos laços familiares, resultando em
performances que encantam e divertem com seu charme antiquado. Até mesmo
canções que já tinham sido usadas no original conseguem dar vida a números
divertidos graças a novos arranjos e à inventividade das coreografias.
Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo é mais do mesmo, mas é o raro caso
em que um produto requentado consegue produzir o mesmo encantamento e diversão do
antecessor.
Nota: 7/10
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