Quando escrevi sobre Missão Impossível: Nação Secreta (2015),
mencionei que, apesar de continuar divertindo, a franquia dava sinais de
cansaço e estagnação ao repetir as mesmas tramas, sendo necessário que ele
encontrasse novo vigor para continuar relevante. Pois bem, é exatamente isso
que Missão Impossível: Efeito Fallout faz,
traz uma nova energia e uma preocupação maior com seus personagens que me fez
me interessar novamente pela franquia.
A trama começa quando Ethan (Tom
Cruise), Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames) tentam recuperar material
radioativo roubado por terroristas. A missão da errado e o plutônio cai em mãos
erradas, sendo necessário que Ethan tente recuperar o plutônio antes que seja
usado em um ataque terrorista. A diretora da CIA, Erica Sloan (Angela Bassett),
não fica contente com o fato de Ethan ter escolhido salvar sua equipe ao invés
de completar a missão e envia o bruto agente Walker (Henry Cavill e seu bigode
da discórdia) para supervisionar Ethan. Ao mesmo tempo, o time precisa
descobrir a identidade de um agente infiltrado que está ajudando terroristas.
A trama em si não é muito
diferente dos demais filmes, com uma missão inicial dando errado e Ethan Hunt
precisando agir à margem da legalidade para consertar as coisas, além da
revelação da identidade do espião infiltrado ser extremamente óbvia. O que
diferencia é que dessa vez o filme parece mais preocupado em entender seus
personagens e como essas situações extremas mexem com suas mentes e moldam suas
condutas. Ethan, que desde o primeiro filme sempre demonstrou uma preocupação
em evitar baixas civis, tem seu senso moral constantemente testado em uma
narrativa que sempre impõe consequências duras a cada escolha que ele faz, nos
dando a impressão de que ele está sob constante risco de abrir mão do senso de
retidão moral que lhe é tão caro, além do evidente risco de vida, claro.
Há também uma maior preocupação
em explorar a relação entre os membros da equipe e os laços de confiança e
amizade compartilhados por eles ao invés da mesma postura estoica e
profissional que eles tinham uns com os outros em películas anteriores. Ving
Rhames traz um inesperado calor humano e emoção a Luther, revelando o cuidado
grande com o bem-estar de Ethan, mostrando o quando o personagem evoluiu em
relação ao hacker frio que conhecemos
no primeiro filme, mais de vinte anos atrás. Já Henry Cavill constrói de modo
convincente a personalidade bruta e irascível que se espera de alguém apelidado
de “o martelo da CIA”.
É interessante notar como o
filme evita filmar Cavill e Cruise lado a lado, constantemente colocando um na
frente do outro ou posicionando-os de lado e enquadrando a cena da perspectiva
de Cruise, tudo para não revelar a baixa estatura de Cruise (ele tem 1,70 de
altura, enquanto que Cavill tem 1,85). O que isso impacta na minha avaliação do
filme? Em absolutamente nada, só menciono como algo curioso de perceber.
Por outro lado, o vilão Solomon
Lane (Sean Harris) continua tão entediante quanto no filme anterior, não tendo
nada a oferecer além de uma voz forçadamente rouca, feita para soar sinistra,
mas que mais parece que ele tem um sério problema de bronquite. Imaginei que
aproveitariam a oportunidade de trazê-lo de volta para torná-lo um antagonista
mais interessante, mas ele continua sendo o mesmo vilão genérico com motivações
vagas de antes e, como ele também não consegue ser uma presença intimidadora ou
perigosa, cada instante dele em cena é puro tédio.
As cenas de ação continuam sendo
o ponto alto, principalmente pelo esforço de fazer o máximo possível usando
pessoas e veículos de verdade, filmando tudo em locações, ajudando a dar um
senso de perigo real que contrapõe a artificialidade de muitos filmes de ação
que abusam da computação. Como de costume Tom Cruise tem a mesma entrega insana
de fazer o maior número possível de suas cenas, enchendo elas de intensidade e
energia, assim como faz Henry Cavill. A luta no banheiro é uma das mais brutais
da franquia, com a ausência de música ressaltando a secura da violência, e é difícil não sentir a vertigem do duelo de helicópteros no
final.
Com excelentes cenas de ação e
uma maior exploração de seus personagens e das relações entre eles, Missão Impossível: Efeito Fallout é o
melhor exemplar da franquia desde o filme original.
Nota: 8/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário