quarta-feira, 25 de julho de 2018

Crítica – Missão Impossível: Efeito Fallout

Análise Crítica – Missão Impossível: Efeito Fallout


Review – Missão Impossível: Efeito Fallout
Quando escrevi sobre Missão Impossível: Nação Secreta (2015), mencionei que, apesar de continuar divertindo, a franquia dava sinais de cansaço e estagnação ao repetir as mesmas tramas, sendo necessário que ele encontrasse novo vigor para continuar relevante. Pois bem, é exatamente isso que Missão Impossível: Efeito Fallout faz, traz uma nova energia e uma preocupação maior com seus personagens que me fez me interessar novamente pela franquia.

A trama começa quando Ethan (Tom Cruise), Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames) tentam recuperar material radioativo roubado por terroristas. A missão da errado e o plutônio cai em mãos erradas, sendo necessário que Ethan tente recuperar o plutônio antes que seja usado em um ataque terrorista. A diretora da CIA, Erica Sloan (Angela Bassett), não fica contente com o fato de Ethan ter escolhido salvar sua equipe ao invés de completar a missão e envia o bruto agente Walker (Henry Cavill e seu bigode da discórdia) para supervisionar Ethan. Ao mesmo tempo, o time precisa descobrir a identidade de um agente infiltrado que está ajudando terroristas.

A trama em si não é muito diferente dos demais filmes, com uma missão inicial dando errado e Ethan Hunt precisando agir à margem da legalidade para consertar as coisas, além da revelação da identidade do espião infiltrado ser extremamente óbvia. O que diferencia é que dessa vez o filme parece mais preocupado em entender seus personagens e como essas situações extremas mexem com suas mentes e moldam suas condutas. Ethan, que desde o primeiro filme sempre demonstrou uma preocupação em evitar baixas civis, tem seu senso moral constantemente testado em uma narrativa que sempre impõe consequências duras a cada escolha que ele faz, nos dando a impressão de que ele está sob constante risco de abrir mão do senso de retidão moral que lhe é tão caro, além do evidente risco de vida, claro.

Há também uma maior preocupação em explorar a relação entre os membros da equipe e os laços de confiança e amizade compartilhados por eles ao invés da mesma postura estoica e profissional que eles tinham uns com os outros em películas anteriores. Ving Rhames traz um inesperado calor humano e emoção a Luther, revelando o cuidado grande com o bem-estar de Ethan, mostrando o quando o personagem evoluiu em relação ao hacker frio que conhecemos no primeiro filme, mais de vinte anos atrás. Já Henry Cavill constrói de modo convincente a personalidade bruta e irascível que se espera de alguém apelidado de “o martelo da CIA”.

É interessante notar como o filme evita filmar Cavill e Cruise lado a lado, constantemente colocando um na frente do outro ou posicionando-os de lado e enquadrando a cena da perspectiva de Cruise, tudo para não revelar a baixa estatura de Cruise (ele tem 1,70 de altura, enquanto que Cavill tem 1,85). O que isso impacta na minha avaliação do filme? Em absolutamente nada, só menciono como algo curioso de perceber.

Por outro lado, o vilão Solomon Lane (Sean Harris) continua tão entediante quanto no filme anterior, não tendo nada a oferecer além de uma voz forçadamente rouca, feita para soar sinistra, mas que mais parece que ele tem um sério problema de bronquite. Imaginei que aproveitariam a oportunidade de trazê-lo de volta para torná-lo um antagonista mais interessante, mas ele continua sendo o mesmo vilão genérico com motivações vagas de antes e, como ele também não consegue ser uma presença intimidadora ou perigosa, cada instante dele em cena é puro tédio.

As cenas de ação continuam sendo o ponto alto, principalmente pelo esforço de fazer o máximo possível usando pessoas e veículos de verdade, filmando tudo em locações, ajudando a dar um senso de perigo real que contrapõe a artificialidade de muitos filmes de ação que abusam da computação. Como de costume Tom Cruise tem a mesma entrega insana de fazer o maior número possível de suas cenas, enchendo elas de intensidade e energia, assim como faz Henry Cavill. A luta no banheiro é uma das mais brutais da franquia, com a ausência de música ressaltando a secura da violência, e é difícil não sentir a vertigem do duelo de helicópteros no final.

Com excelentes cenas de ação e uma maior exploração de seus personagens e das relações entre eles, Missão Impossível: Efeito Fallout é o melhor exemplar da franquia desde o filme original.

Nota: 8/10

Trailer

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