Quando você entra para assistir
um filme sobre um tubarão gigante, o mínimo que se espera é algo divertido.
Este Megatubarão, no entanto, é tão
derivativo e sem personalidade que nem isso consegue oferecer.
Na trama, o especialista em
resgates submarinos Jonas Taylor (Jason Statham) tem uma missão fracassada e
credita o insucesso à presença de uma imensa criatura, mas ninguém acredita
nele. Tempos depois, um grupo de cientistas fica preso sob profundidades abissais
depois de ser atacado por um imenso tubarão pré-histórico e Jonas é chamado
para realizar o resgate.
Esse não é o tipo de filme que
vamos assistir interessados em trama ou desenvolvimento de personagem, mas Megatubarão insiste em fazer isso e
escolhe trilhar esse caminho transitando por uma coleção de lugares-comuns. Jonas
é o clichê do herói com um trauma a superar e o filme gasta uma boa parte de
sua minutagem tentando nos convencer que ele é esse indivíduo devastado pelo
trauma, apenas para abandonar essa faceta do personagem quase que completamente
quando o tubarão aparece e ele se joga diante do perigo sem pensar duas vezes
ou sem duvidar da própria capacidade.
Há também um romance entre Jonas
e a cientista Suyin (Li Bingbing) que acontece basicamente por necessidade de
roteiro, já que o casal não tem lá muita química e a atração entre eles não
acrescenta muita coisa a nenhum dos dois personagens. Claro, Jason Statham
consegue divertir quando o filme coloca frases de efeito canastronas em sua boca,
mas lamentavelmente a trama gasta tempo demais tentando desenvolvê-lo (e
falhando miseravelmente) ao invés de abraçar o talento de Statham de ser um
exagerado herói de ação. Aqui e ali o texto tenta pincelar ideias sobre a
soberba humana diante do poder da natureza (o fato do protagonista se chamar
Jonas, em uma alusão à história bíblica, não é por acaso) ou devastação
ambiental, mas tudo é superficial demais para render qualquer coisa.
Todos esses problemas seriam
perdoados se ao menos as cenas do megalodonte destruindo tudo fossem
divertidas, mas nem sem é o caso. Existem alguns momentos competentes de tensão
como quando Suyin está em uma gaiola submersa, mas mesmo esses não tem nada a
oferecer que já não tenhamos visto em vários outros filmes sobre tubarões, do
seminal Tubarão (1975), de Steven
Spielberg, a exemplares recentes como Sharknado (2013), Águas Rasas
(2016) ou Medo Profundo (2018).
Era de se imaginar que a presença
de um tubarão gigantesco fosse render algumas cenas diferentes ou as dimensões
da criatura fossem utilizadas de maneira mais criativa, mas a verdade é que
tudo resulta em um filme de tubarão igual a qualquer outro. Os ataques de
tubarão também são prejudicados pela falta de sangue, já que boa parte da
“graça” desses filmes deriva de assistirmos pessoas sendo destroçadas por esses
predadores, mas como tudo é muito limpo e sem gore, as mortes carecem de impacto ou graça. Sim, a escolha por
diminuir a violência provavelmente foi por questões mercadológicas,
principalmente pelo interesse no mercado chinês (ele é uma co-produção com a
China) que não permite a exibição de filmes com violência muito explícita (Deadpool, por exemplo, não passou nos
cinemas de lá), mas se existe um filme que se beneficiaria em mostrar violência
gráfica e exagerada seria exatamente um protagonizado por um colossal predador
marinho.
A sensação é que falta exagero em
Megatubarão. Poderia ser um filme B
divertidíssimo se embarcasse no senso de absurdo e grandiloquência que sua
premissa sugere, mas ao invés disso ele se contenta em preguiçosamente repetir
tudo que filmes similares já fizeram, só que com uma criatura maior. Uma pena.
Nota: 4/10
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