Algumas vezes tomamos decisões
sem pensar muito a respeito e que, posteriormente, sequer conseguimos explicar
exatamente a razão de termos feito essa escolha. Isso aconteceu comigo ao
assistir esse O Pacote. Não tenho
exatamente uma razão para ter me sujeitado a assistir isso ou ter suportado até
o fim, não sei explicar porque fiz isso, mas posso dizer que me arrependo
amargamente de ter desperdiçado noventa minutos da minha vida com isso.
Na trama, os adolescentes Sean
(Daniel Doheny), Becky (Geraldine Viswanathan), Sarah (Sadie Calvano), Donnie
(Luke Spencer Roberts) e Jeremy (Eduardo Franco) viajam para acampar, mas na
primeira noite na floresta Jeremy acidentalmente corta o próprio pênis fora e
assim eles iniciam uma corrida contra o tempo para salvar o membro do amigo.
Seria justo dizer que O Pacote é uma
longa piada de pênis com noventa minutos de duração e poderia render uma
comédia escatológica divertida se essa premissa absurda fosse desenvolvida de
maneira criativa, mas não é o que acontece e, como a maioria dos filmes de uma
piada só, ele não tem fôlego para sustentar sua duração.
Ao invés de tentar criar
situações cada vez mais absurdas envolvendo a correria para salvar o amigo, a
narrativa se limita a sacudir o pênis decepado na nossa frente, como se a mera
visão dele seria o suficiente para nos fazer rir. Boa parte das situações
envolve alguma escatologia inane, como uma das personagens vomitando no pênis
ao vê-lo ou alguém colocando-o na boca. Ele funciona e arranca algumas risadas
nos raros momentos em que o filme investe na falta de noção e no nonsense, como na cena envolvendo o
balconista interpretado por Michael Eklund ou todo o segmento em que os
adolescentes invadem o hospital com o pênis na mão ao som de Britney Spears,
mas esses instantes são poucos diante de uma série de gags visuais rasteiras.
Outro problema sério é o ritmo da
trama. O que começa como uma correria, perde totalmente o fôlego na última meia
hora e o que deveria ser o clímax vira um arrastado exercício de paciência. A
partir do momento em que os personagens conseguem sair da floresta e chegar no
hospital imaginamos que a trama está se encaminhando para o final, mas na
verdade ela insiste em não acabar, se alongando mais do que deveria em
reviravoltas forçadas que não acrescentam nada em termos de narrativa ou de
humor.
É uma pena, pois o elenco de
jovens atores se mostra comprometido com o absurdo e tem uma química
convincente juntos que ajuda a convencer tanto da amizade entre eles, quanto
dos eventuais enlaces românticos, apesar do roteiro não dar muita substância
para eles trabalharem. Não fosse esse entrosamento do elenco, os protagonistas
seriam aborrecidamente vazios, já que o texto não faz qualquer esforço para dar
a eles qualquer traço discernível de personalidade, fazendo-os parecer um
conjunto de clichês manjados de comédias adolescentes.
Havia potencial para um besteirol
divertido em O Pacote, mas o
resultado é uma comédia inane e sem ritmo que se apoia na repetição de uma
escatologia preguiçosa para tentar fazer rir. Não chega a ser algo atroz como outras comédias recentes da Netflix tipo Perda Total e Lá Vem os Pais, mas está longe de ser uma experiência satisfatória.
Nota: 3/10
Trailer
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