sábado, 11 de agosto de 2018

Crítica – O Pacote

Análise Crítica – O Pacote



Review – O Pacote
Algumas vezes tomamos decisões sem pensar muito a respeito e que, posteriormente, sequer conseguimos explicar exatamente a razão de termos feito essa escolha. Isso aconteceu comigo ao assistir esse O Pacote. Não tenho exatamente uma razão para ter me sujeitado a assistir isso ou ter suportado até o fim, não sei explicar porque fiz isso, mas posso dizer que me arrependo amargamente de ter desperdiçado noventa minutos da minha vida com isso.

Na trama, os adolescentes Sean (Daniel Doheny), Becky (Geraldine Viswanathan), Sarah (Sadie Calvano), Donnie (Luke Spencer Roberts) e Jeremy (Eduardo Franco) viajam para acampar, mas na primeira noite na floresta Jeremy acidentalmente corta o próprio pênis fora e assim eles iniciam uma corrida contra o tempo para salvar o membro do amigo. Seria justo dizer que O Pacote é uma longa piada de pênis com noventa minutos de duração e poderia render uma comédia escatológica divertida se essa premissa absurda fosse desenvolvida de maneira criativa, mas não é o que acontece e, como a maioria dos filmes de uma piada só, ele não tem fôlego para sustentar sua duração.


Ao invés de tentar criar situações cada vez mais absurdas envolvendo a correria para salvar o amigo, a narrativa se limita a sacudir o pênis decepado na nossa frente, como se a mera visão dele seria o suficiente para nos fazer rir. Boa parte das situações envolve alguma escatologia inane, como uma das personagens vomitando no pênis ao vê-lo ou alguém colocando-o na boca. Ele funciona e arranca algumas risadas nos raros momentos em que o filme investe na falta de noção e no nonsense, como na cena envolvendo o balconista interpretado por Michael Eklund ou todo o segmento em que os adolescentes invadem o hospital com o pênis na mão ao som de Britney Spears, mas esses instantes são poucos diante de uma série de gags visuais rasteiras.

Outro problema sério é o ritmo da trama. O que começa como uma correria, perde totalmente o fôlego na última meia hora e o que deveria ser o clímax vira um arrastado exercício de paciência. A partir do momento em que os personagens conseguem sair da floresta e chegar no hospital imaginamos que a trama está se encaminhando para o final, mas na verdade ela insiste em não acabar, se alongando mais do que deveria em reviravoltas forçadas que não acrescentam nada em termos de narrativa ou de humor.

É uma pena, pois o elenco de jovens atores se mostra comprometido com o absurdo e tem uma química convincente juntos que ajuda a convencer tanto da amizade entre eles, quanto dos eventuais enlaces românticos, apesar do roteiro não dar muita substância para eles trabalharem. Não fosse esse entrosamento do elenco, os protagonistas seriam aborrecidamente vazios, já que o texto não faz qualquer esforço para dar a eles qualquer traço discernível de personalidade, fazendo-os parecer um conjunto de clichês manjados de comédias adolescentes.

Havia potencial para um besteirol divertido em O Pacote, mas o resultado é uma comédia inane e sem ritmo que se apoia na repetição de uma escatologia preguiçosa para tentar fazer rir. Não chega a ser algo atroz como outras comédias recentes da Netflix tipo Perda Total e Lá Vem os Pais, mas está longe de ser uma experiência satisfatória.

Nota: 3/10

Trailer


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