É bastante curioso que a mesma
Warner que tem dificuldade para consolidar o universo compartilhado dos heróis
da DC tenha conseguido há alguns anos emplacar seu universo compartilhado de
filmes de terror derivados dos dois Invocação
do Mal. Depois dos dois filmes sobre a boneca Annabelle, agora é a vez de A Freira, protagonizado pela sinistra
aparição de Invocação do Mal 2
(2016).
A narrativa se passa na década de
50 em um misterioso convento no interior da Romênia. Quando uma freira do local
é encontrada morta sob circunstâncias misteriosas, o vaticano envia o padre
Burke (Damian Bichir) e a freira Irene (Taissa Farmiga) para investigar os
fenômenos. Os dois tem a ajuda de Frenchie (Jonas Bloquet), um fazendeiro local
familiarizado com as lendas envolvendo o convento.
O diretor Corin Hardy (do correto A Maldição da Floresta) investe em contrastes
entre luz e sombra para criar sua atmosfera de terror, com a silhueta sombria
da freira demoníaca se movimentando pelos espaços ou se confundindo com o
cenário, explorando a profundidade de campo para criar a impressão que a
criatura pode estar em qualquer lugar. Em alguns momentos, o terror vem da
claustrofobia dos corredores apertados ou espaços diminutos como a cena em que
o padre Burke fica preso no caixão.
Ocasionalmente, no entanto, o filme
recorre a sustos súbitos óbvios nos quais a câmera fica parada por alguns
segundos, esperando que algo pule na direção da tela, tornando alguns momentos
de terror ineficientes pela previsibilidade. Outro problema é a extrema
repetição do expediente de colocar um personagem para ver alguém correndo ao
longe e imediatamente correr atrás da figura misteriosa sem qualquer
preocupação com a própria segurança. Lá pela terceira ou quarta vez que isso
acontece (e é repetido mais vezes) o dispositivo já se tornou aborrecido tanto
pela repetição cansativa do mesmo recurso quanto pela estupidez dos personagens
que parecem não aprender a não perseguirem sombras num convento assombrado.
Os personagens são outro
problema, já que o filme nunca chega a exatamente nos dar razões para nos
importamos com eles. Ainda que Damian Bichir seja eficiente ao evocar a
natureza experiente e rígida do padre Burke, ele segue à risca o clichê do
sacerdote que questiona a própria habilidade depois de fracassar em um
exorcismo, enquanto que Irene é a inocente noviça que não se conforme
plenamente com as normas da igreja. Não há muito mais neles além desses lugares
comuns e não fosse o talento de seus atores seria difícil forjar qualquer
conexão com eles. As tentativas de interjeições de humor, principalmente as que envolvem Frenchie, acabam trabalhando contra o filme por conta da falta de timing. Usadas nos momentos de maior tensão, ao invés de serem usados em cenas mais lentas para oferecerem algum respiro, o humor soa deslocado e intrusivo trabalhando contra a atmosfera sombria que a trama tenta estabelecer.
A Freira é um terror que não arrisca muito e não sai da superfície,
mas cumpre o que se espera dele ao construir uma atmosfera sinistra ao redor de
sua tenebrosa criatura.
Nota: 6/10
Trailer
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