quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Crítica – A Freira


Análise Crítica – A Freira


Review – The Nun A Freira
É bastante curioso que a mesma Warner que tem dificuldade para consolidar o universo compartilhado dos heróis da DC tenha conseguido há alguns anos emplacar seu universo compartilhado de filmes de terror derivados dos dois Invocação do Mal. Depois dos dois filmes sobre a boneca Annabelle, agora é a vez de A Freira, protagonizado pela sinistra aparição de Invocação do Mal 2 (2016).

A narrativa se passa na década de 50 em um misterioso convento no interior da Romênia. Quando uma freira do local é encontrada morta sob circunstâncias misteriosas, o vaticano envia o padre Burke (Damian Bichir) e a freira Irene (Taissa Farmiga) para investigar os fenômenos. Os dois tem a ajuda de Frenchie (Jonas Bloquet), um fazendeiro local familiarizado com as lendas envolvendo o convento.

O diretor Corin Hardy (do correto A Maldição da Floresta) investe em contrastes entre luz e sombra para criar sua atmosfera de terror, com a silhueta sombria da freira demoníaca se movimentando pelos espaços ou se confundindo com o cenário, explorando a profundidade de campo para criar a impressão que a criatura pode estar em qualquer lugar. Em alguns momentos, o terror vem da claustrofobia dos corredores apertados ou espaços diminutos como a cena em que o padre Burke fica preso no caixão.

Ocasionalmente, no entanto, o filme recorre a sustos súbitos óbvios nos quais a câmera fica parada por alguns segundos, esperando que algo pule na direção da tela, tornando alguns momentos de terror ineficientes pela previsibilidade. Outro problema é a extrema repetição do expediente de colocar um personagem para ver alguém correndo ao longe e imediatamente correr atrás da figura misteriosa sem qualquer preocupação com a própria segurança. Lá pela terceira ou quarta vez que isso acontece (e é repetido mais vezes) o dispositivo já se tornou aborrecido tanto pela repetição cansativa do mesmo recurso quanto pela estupidez dos personagens que parecem não aprender a não perseguirem sombras num convento assombrado.

Os personagens são outro problema, já que o filme nunca chega a exatamente nos dar razões para nos importamos com eles. Ainda que Damian Bichir seja eficiente ao evocar a natureza experiente e rígida do padre Burke, ele segue à risca o clichê do sacerdote que questiona a própria habilidade depois de fracassar em um exorcismo, enquanto que Irene é a inocente noviça que não se conforme plenamente com as normas da igreja. Não há muito mais neles além desses lugares comuns e não fosse o talento de seus atores seria difícil forjar qualquer conexão com eles. As tentativas de interjeições de humor, principalmente as que envolvem Frenchie, acabam trabalhando contra o filme por conta da falta de timing. Usadas nos momentos de maior tensão, ao invés de serem usados em cenas mais lentas para oferecerem algum respiro, o humor soa deslocado e intrusivo trabalhando contra a atmosfera sombria que a trama tenta estabelecer.

A Freira é um terror que não arrisca muito e não sai da superfície, mas cumpre o que se espera dele ao construir uma atmosfera sinistra ao redor de sua tenebrosa criatura.

Nota: 6/10

Trailer

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