terça-feira, 4 de setembro de 2018

Crítica – Great News: 1ª Temporada

Análise Crítica – Great News: 1ª Temporada


Review – Great News: 1ª Temporada
Eu não esperava muita coisa dessa primeira temporada de Great News. Pelo material de divulgação parecia uma sitcom antiquada baseada em uma premissa batida, mas acabei me surpreendendo com o quanto a série consegue ir além do seu começo aparentemente banal para forjar uma identidade bem singular.

Na trama, Katie (Briga Heelan) trabalha como produtora de um telejornal e tenta avançar na carreira. Os problemas dela começam quando a mãe, Carol (Andrea Martin), resolve cursar uma faculdade de jornalismo e começa a estagiar na mesma emissora em que Katie trabalha. Obviamente, a presença de Carol causa muitos constrangimentos a Katie, já que Carol não consegue separar o pessoal do profissional.

Parece algo saído de uma sitcom de décadas atrás, já que a ideia do adulto que é envergonhado pelos pais em seu ambiente de trabalho ou na frente dos amigos foi explorada à exaustão. O episódio piloto faz pouco para afastar essa impressão de uma comédia feita em linha montagem reciclando um monte de piadas velhas e é possível que muita gente desista da série por conta desse começo genérico, mas para quem continuar acompanhando a experiência acaba valendo à pena.


O restante da temporada, no entanto, vai além dessa premissa batida e embarca em um senso de humor mais absurdo bastante similar a Unbreakable Kimmy Schimdt, que assim como Great News também é produzida por Tina Fey, conforme explora as diferentes personalidades que compõem a redação. O resultado disso é uma comédia que funciona como um misto de 30 Rock (também produzida pela Tina Fey) e The Newsroom, acompanhando o cotidiano de trabalho de um conjunto pitoresco de profissionais.

Além do puro humor nonsense, como no episódio envolvendo o boneco de cera do âncora Chuck (John Michael Higgins) ou quando um repórter de campo inicia uma rebelião dos ruivos, a série comenta sobre o estado do jornalismo atual, desesperado por audiência e disposto a qualquer coisa para chamar atenção. A série também toca em temas como o machismo no ambiente de trabalho, a dificuldade de pessoas mais velhas conseguirem espaço no mercado profissional e sobre como pais superprotetores (como Carol) produzem filhos despreparados para a vida adulta. Se outras comédias recentes enveredam pelo drama para lidar com temas mais sérios, Great News faz isso mantendo a leveza e bom humor sem diminuir a força das ponderações que faz.

A leveza e seu senso de absurdo funcionam por conta do afiado elenco. Andrea Martin é inicialmente o principal destaque como Carol e o modo como sua personagem mexe no cotidiano da reação e reage ao comportamento excêntrico das pessoas lugar, mas aos poucos a série vai dando espaço ao resto do elenco se desenvolver. De Chuck, um âncora de telejornal incapaz de se comunicar com as pessoas (o que em si já é bastante irônico), à apresentadora fútil e obcecada por redes sociais interpretada por Nicole Richie, passando ao editor de vídeos fanzineiro ou a meteorologista obcecada pelo fim do mundo, o elenco de coadjuvantes é deliciosamente divertido e bizarro. A própria Katie, que inicialmente é ofuscada pela mãe, acaba conseguindo retomar para si o protagonista conforme lida com as próprias inseguranças e situações bizarras do seu trabalho.

Apesar de demorar para encontrar sua própria identidade, a primeira temporada de Great News eventualmente entrega uma divertida e excêntrica paródia do universo do jornalismo.

Nota: 7/10

Trailer

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