quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Crítica - Hotel Artemis

Análise Crítica - Hotel Artemis


Review - Hotel Artemis
Não estava muito empolgado para conferir Hotel Artemis. O material de divulgação vendia algo incomodamente similar ao universo do primeiro e segundo John Wick, com um hotel que servia de base para supercriminosos, fornecendo cuidados médicos e um porto seguro a eles. O resultado final acaba sendo menos derivativo do que eu esperava, mas ainda assim não aproveita muito do universo que cria.

A trama se passa em um futuro próximo tomado por instabilidade política e social, girando em torno do titular Hotel Artemis, que é gerenciado pela Enfermeira (Jodie Foster). O hotel serve como esconderijo para criminosos que precisam em cuidados médicos e a narrativa mostra uma noite na qual o estabelecimento fica cheio em virtude de protestos e crimes acontecendo em Los Angeles. Com muitos criminosos confinados no diminuto espaço, as tensões parecem crescer entre eles.

O cenário futurista e distópico impede que o cenário soe como um plágio descarado do Hotel Continental de John Wick e o diretor Drew Pearce consegue imprimir uma personalidade e estética própria ao local que o distancia de uma mera cópia, ainda que parta de uma premissa similar. O principal problema, no entanto, é que todo universo criado no filme, em especial sua ambientação distópica, acaba fazendo pouca diferença na história. Tudo poderia se passar nos dias atuais sem muita perda.

Outra questão é que a trama se move muito rápido e dá pouco tempo para que essa ambientação ou os personagens que nela vivem sejam plenamente desenvolvidos. Muitos personagens parecem existir ou agir meramente para mover a trama para frente, como Morgan (Jenny Slate), além de muita coisa acontecer por puro acaso ou necessidade do roteiro.

Apesar dos personagens serem unidimensionais, atores como Sterling K. Brown, Charlie Day e Sofia Boutella conseguem dar a eles carisma o suficiente para que eles não se tornem aborrecidos. Outros atores, por outro lado, acabam tendo pouco espaço para fazer qualquer coisa marcante como é o caso de Zachary Quinto e Jeff Goldblum. Na verdade, toda a tensão que o filme parece estar construindo entre os diferentes personagens nunca se concretiza plenamente.

Quem carrega o filme, porém, é Jodie Foster. Retornando às telas depois de cinco anos sem trabalhar como atriz, Foster dá à enfermeira um semblante constantemente cansado. De início imaginamos que é resultado do desgaste físico e mental de seu trabalho, mas aos poucos vamos percebendo que seu cansaço é muito mais emocional, fruto de um trauma do passado. Ela usa também sua linguagem corporal para comunicar muito da personalidade da personagem, com passos rápidos, mas curtos, denotando a energia e controle da enfermeira. O filme ainda entrega algumas boas cenas de ação, em especial a luta no corredor envolvendo a assassina Nice (Sofia Boutella), que ajudam a evidenciar a natureza brutal e estilizada daquele universo.

Hotel Artemis acaba sendo menos genérico do que eu imaginava, mas trata seus personagens e universo de modo muito superficial para realizar seu potencial, a despeito da ação estilizada e do trabalho de Jodie Foster.


Nota: 5/10


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