Não consigo encontrar outra
maneira de começar a falar de Popstar:
Sem Parar, Sem Limites além de dizer que é o melhor falso documentário
sobre música desde This is Spinal Tap
(1984). Assim como o filme de 84 dirigido por Rob Reiner, esta narrativa
comandada pelo grupo The Lonely Island (cujo principal integrante é o Andy
Samberg de Brooklyn Nine Nine) entende perfeitamente o cenário da
música, seus absurdos e seu jogo de vaidades.
A trama acompanha o músico Conner
(Andy Samberg), que parte para a carreira solo depois de fazer sucesso em uma boy band que formava com amigos de
infância. Seu primeiro disco foi um mega sucesso e ele está prestes a lançar um
segundo, mas o resultado sai abaixo do esperado. Tudo é contado com uma
estrutura e modo de filmar que são bem típicos de documentários sobre músicos,
com direito a imagens de arquivo que reproduzem o visual de VHS velho e
entrevistas com músicos famosos interpretando a si mesmos como Mariah Carey, 50
Cent e Ringo Starr.
É uma história de ascensão, queda
e reparação bem típica deste tipo de narrativa biográfica (ficcional ou
documental), mas contada com um senso irônico sobre todo esse universo musical.
O filme mostra como os bastidores do pop, empresários e os próprios músicos
estão mais interessados em se manter na mídia do que na música que produzem e o
desespero por manter a relevância os leva a criar situações polêmicas para
atrair a atenção midiática, como quando Conner vai ao banheiro na casa de Anne
Frank.
O filme também critica a
cobertura invasiva e maldosa da mídia em cenas que claramente visam reproduzir a
redação do portal TMZ, expondo ao ridículo a histeria com o comportamento das
reportagens que são obcecadas com qualquer mínimo detalhe da vida dos famosos e
sempre com um viés venenoso. A fama é mostrada como algo alienante, com Conner
sendo um sujeito desconectado do mundo, cercado de puxa-sacos que confirmam tudo o
que ele diz e o tempo todo lembram o músico de como ele é incrível, porém humilde, um discurso que é reproduzido por muitas celebridades do mundo real.
As músicas também reproduzem a
natureza relativamente esquizofrênica da música pop, que quer ser simultaneamente
progressista, socialmente engajada, ao mesmo tempo em que reproduz padrões
antiquados de masculinidade e objetificação da mulher. Um exemplo é a canção Equal Rights na qual Conner clama pela
igualdade de direitos para mulheres e grupos LGBT ao mesmo tempo em que faz
questão de lembrar que não é gay. Outras canções divertem pela falta de noção
como é o caso de Finest Girl (Bin Laden Song), na qual Conner compara o ato de fazer sexo com uma garota com o
assassinato de Osama Bin Laden pelo exército dos Estados Unidos. Para além de
críticas ao mundo da música, o filme também acerta em seus momentos de puro
absurdo a exemplo do pedido de casamento com lobos selvagens que resulta no
cantor Seal sendo atacado pelos animais.
Popstar: Sem Parar, Sem Limite é um divertidíssimo deboche do mundo
da música e do formato documental graças ao seu olhar crítico e humor absurdo.
Nota: 8/10
Trailer
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