sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Crítica – Popstar: Sem Parar, Sem Limites


Análise Crítica – Popstar: Sem Parar, Sem Limites


Review – Popstar: Sem Parar, Sem LimitesNão consigo encontrar outra maneira de começar a falar de Popstar: Sem Parar, Sem Limites além de dizer que é o melhor falso documentário sobre música desde This is Spinal Tap (1984). Assim como o filme de 84 dirigido por Rob Reiner, esta narrativa comandada pelo grupo The Lonely Island (cujo principal integrante é o Andy Samberg de Brooklyn Nine Nine) entende perfeitamente o cenário da música, seus absurdos e seu jogo de vaidades.


A trama acompanha o músico Conner (Andy Samberg), que parte para a carreira solo depois de fazer sucesso em uma boy band que formava com amigos de infância. Seu primeiro disco foi um mega sucesso e ele está prestes a lançar um segundo, mas o resultado sai abaixo do esperado. Tudo é contado com uma estrutura e modo de filmar que são bem típicos de documentários sobre músicos, com direito a imagens de arquivo que reproduzem o visual de VHS velho e entrevistas com músicos famosos interpretando a si mesmos como Mariah Carey, 50 Cent e Ringo Starr.

É uma história de ascensão, queda e reparação bem típica deste tipo de narrativa biográfica (ficcional ou documental), mas contada com um senso irônico sobre todo esse universo musical. O filme mostra como os bastidores do pop, empresários e os próprios músicos estão mais interessados em se manter na mídia do que na música que produzem e o desespero por manter a relevância os leva a criar situações polêmicas para atrair a atenção midiática, como quando Conner vai ao banheiro na casa de Anne Frank.

O filme também critica a cobertura invasiva e maldosa da mídia em cenas que claramente visam reproduzir a redação do portal TMZ, expondo ao ridículo a histeria com o comportamento das reportagens que são obcecadas com qualquer mínimo detalhe da vida dos famosos e sempre com um viés venenoso. A fama é mostrada como algo alienante, com Conner sendo um sujeito desconectado do mundo, cercado de puxa-sacos que confirmam tudo o que ele diz e o tempo todo lembram o músico de como ele é incrível, porém humilde, um discurso que é reproduzido por muitas celebridades do mundo real.

As músicas também reproduzem a natureza relativamente esquizofrênica da música pop, que quer ser simultaneamente progressista, socialmente engajada, ao mesmo tempo em que reproduz padrões antiquados de masculinidade e objetificação da mulher. Um exemplo é a canção Equal Rights na qual Conner clama pela igualdade de direitos para mulheres e grupos LGBT ao mesmo tempo em que faz questão de lembrar que não é gay. Outras canções divertem pela falta de noção como é o caso de Finest Girl (Bin Laden Song), na qual Conner compara o ato de fazer sexo com uma garota com o assassinato de Osama Bin Laden pelo exército dos Estados Unidos. Para além de críticas ao mundo da música, o filme também acerta em seus momentos de puro absurdo a exemplo do pedido de casamento com lobos selvagens que resulta no cantor Seal sendo atacado pelos animais.

Popstar: Sem Parar, Sem Limite é um divertidíssimo deboche do mundo da música e do formato documental graças ao seu olhar crítico e humor absurdo.

Nota: 8/10

Trailer

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