quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Lixo Extraordinário – A Guerra das Comidas


Análise Crítica – A Guerra das Comidas


Review - Foodfight!
Eu já assisti muitos filmes incrivelmente ruins nessa coluna, mas nenhum foi tão difícil de assistir quanto este A Guerra das Comidas, que muitas vezes aparece em listas de piores animações de todos os tempos. O filme teve uma produção conturbada e levou quase treze anos até ficar pronto.

A produção


O projeto começou em 1999, uma época em que longas animados com personagens tridimensionais ainda estavam dando seus primeiros passos (Toy Story saiu em 1995), visando um lançamento em 2003. O lançamento foi adiado quando os HDs contendo o material foram supostamente roubados no que o diretor Lawrence Kasanoff chamou de ato de “espionagem industrial”. Sério, o diretor alega que o sumiço do material foi um crime perpetrado por concorrentes (que ele nunca nomeou). Porque alguém roubaria uma pequena produtora e não Pixar, por exemplo, está além da minha compreensão.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Crítica – Bohemian Rhapsody


Análise Crítica – Bohemian Rhapsody


Review – Bohemian Rhapsody
Imagino que esteja bem claro que sou fã da banda Queen. O nome dessa página é inclusive uma referência à música que serve de título para Bohemian Rhapsody, filme biográfico sobre Freddie Mercury, o vocalista da banda. Assim, entrei bem empolgado para assisti-lo, mas o resultado, embora não chegue a ser negativo, fica abaixo do esperado.

O filme conta a vida de Freddie Mercury (Rami Malek) da juventude aos seus últimos dias, mostrando os principais sucessos dele e seus companheiros da banda Queen: Brian May (Gwilyn Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello). A questão é que sua narrativa parece mais interessado em nos mostrar bastidores das gravações das músicas mais famosas da banda, como We Will Rock You ou Another One Bites The Dust, do que em entender quem são essas pessoas ou o que as move.

O início até aponta algumas questões sobre Freddie, sua insegurança em relação à própria aparência ou a vergonha que tem de seu passado como imigrante, mas tudo isso é pouco explorado porque o filme se movimenta muito rápido pela trajetória do músico. Mal uma ideia ou conflito é introduzido e ele já é resolvido porque a trama precisa pular alguns anos para nos mostrar o próximo grande hit do Queen. Desta forma, a película ganha um incômodo tom episódico, fragmentado demais para desenvolver os dramas ou conflitos daquelas pessoas, mais parecendo um grande verbete de Wikipédia. Funciona mais como uma grande trívia sobre a banda do que algo que nos fornece um entendimento profundo sobre eles.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Crítica – Johnny English 3.0

Análise Crítica – Johnny English 3.0


Review – Johnny English 3.0
O primeiro Johnny English (2003) era uma comédia simpática, sem grandes pretensões que servia como entretenimento descartável. Não imagino que ninguém esperava que oito anos depois seria lançada uma continuação em O Retorno de Johnny English (2011), que não tinha muito a fazer além de repetir tudo que o primeiro já tinha feito. Duvido muito que alguém saiu da sessão do segundo extremamente ansioso por um terceiro filme, mas agora, sete anos depois, foi exatamente isso que aconteceu neste Johnny English 3.0.

Na trama, o governo britânico tem seus sistemas atacados por hackers, comprometendo as identidades de todos os agentes secretos. Para resolver a questão, a primeira ministra (Emma Thompson) pede que usem agentes inativos, que não tiveram suas identidades expostas. Assim, Johnny English (Rowan Atkinson, famoso como o Mr. Bean) retorna à ativa ao lado de seu fiel escudeiro Bough (Ben Miller) para dar conta da ameaça.

São poucos os momentos realmente inspirados, como quando English acidentalmente incendeia um resort francês. Na maioria dos casos as gags de humor físico são bem previsíveis e conseguimos vê-las chegando a quilômetros de distância. Humor é subversão de expectativas, é pegar uma situação e virá-la ao avesso, mas como sabemos exatamente o que acontecerá em cada trapalhada de English, o humor não se efetiva e as risadas muitas vezes não chegam.

sábado, 27 de outubro de 2018

Crítica – Castlevania: 2ª Temporada


Análise Crítica – Castlevania: 2ª Temporada


Review – Castlevania: 2ª Temporada
A primeira temporada de Castlevania me pegou de surpresa ao servir como uma competente introdução do combate entre Drácula (Graham McTavish) e o resto da humanidade, ainda que excessivamente breve. A segunda temporada traz o dobro de episódios e um clímax intenso para a narrativa.

Depois dos eventos da temporada de estreia, o caçador de vampiros Trevor Belmont (Richard Armitage) se uniu ao meio-vampiro Alucard (James Callis) e à maga Sypha (Alejandra Reynoso) para deter Drácula. O trio parte em busca das ruínas da antiga mansão Belmont na esperança de encontrar algo que os ajude a deter o poderoso vampiro. Ao mesmo tempo, Drácula encontra atritos com os lordes vampiros sob seu comando, que temem que os planos do vilão para exterminar os humanos possam levá-los a morrer de fome.

Tal como a primeira temporada, seria possível dizer a série tem um fluxo relativamente lento, construindo cuidadosamente as motivações e relações entre os personagens de modo que quando o conflito chega já estamos suficientemente envolvidos com os personagens para nos importarmos com o que acontecer e compreendemos os riscos. Assim, a eventual guerra contra Drácula surge menos como uma necessidade do roteiro e mais como uma culminância das jornadas de todas aquelas pessoas.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Crítica – Marvel’s Spider-Man: O Assalto


Análise Crítica – Marvel’s Spider-Man: O Assalto


Review – Marvel’s Spider-Man: O Assalto
Spider-Man não é só o melhor é o melhor jogo do herói aracnídeo da Marvel em muito tempo, como também é um dos melhores games desse ano. Assim, estava bastante empolgado pela sua primeira expansão, O Assalto, mas apesar de manter a qualidade do jogo base, o conteúdo adicional faz pouco para acrescentar novidades à experiência.

Eu imaginei que a trama da expansão seria paralela à história principal, mas a verdade é que ela se passa depois da história, algo evidenciado pelas conversas entre Peter Parker e Miles Morales que repercutem uma das cenas pós-créditos do jogo base. A narrativa gira em torno de uma série de assaltos cometidos pela Gata Negra contra alvos das famílias mafiosas de Nova Iorque, atraindo a ira do gângster Cabeça de Martelo. A trama traz a mesma qualidade da narrativa do jogo base, explorando as relações de Peter com os diferentes personagens, principalmente como a presença da Gata Negra afeta seu relacionamento com Mary Jane.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Crítica – Riverdale: 2ªTemporada


Análise Crítica – Riverdale: 2ªTemporada


Review – Riverdale: 2ªTemporada
Quando escrevi sobre o ano de estreia de Riverdale, mencionei como a série tinha dificuldade em fazer a sombria trama de assassinato dialogar com as intrigas colegiais experimentadas pelos protagonistas adolescentes. Essa segunda temporada se sai melhor nesse aspecto, focando mais nos mistérios do que na vida estudantil dos personagens, mas ainda teve problemas com tramas que não funcionavam. A partir desse ponto, o texto contem SPOILERS.
                          
A narrativa começa no ponto em que a anterior terminou, com o pai de Archie (KJ Apa), Fred (Luke Perry) sendo baleado por um misterioso homem encapuzado que passa a ser chamado de Capuz Negro conforme mais pessoas da cidade são atacadas. O assassino parece ter algum fascínio por Betty (Lili Reinhart), ligando para ela e mandando mensagens criptografadas. Ao mesmo tempo, o pai de Veronica (Camila Mendes), Hiram (Mark Consuelos), retorna a Riverdale e começa a comprar propriedades na zona sul da cidade. Jughead (Cole Sprouse) desconfia dos planos do empresário e decide investigar o que está acontecendo.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Crítica – Podres de Ricos




A última vez que Hollywood produziu um filme estrelado por elenco asiático e com um diretor asiático foi em O Clube da Felicidade e da Sorte (1993) e só agora, vinte e cinco anos depois (mostrando como é um grupo subrepresentado), volta a fazer outro neste divertido Podres de Ricos. A questão da representatividade acaba dando personalidade ao que, de outro modo, seria algo relativamente derivativo.

A trama acompanha o casal Rachel (Constance Wu) e Nick (Henry Golding, que recentemente esteve em Um Pequeno Favor). O casal está a caminho de Singapura para o casamento de um amigo de Nick, que é nativo do local. Durante a viagem, Rachel descobre que a família de Nick é podre de rica e uma das mais tradicionais da elite asiática. Assim, apesar de também ser chinesa, Rachel enfrenta certa rejeição da sogra, Eleanor (Michelle Yeoh), que não a considera boa o bastante para Nick.

É uma comédia romântica com aquela estrutura bem típica de “conto de fada”, com uma mocinha levada a um mundo de luxo, mas sendo rejeitada pela família do amado por conta da origem humilde. O resultado disso poderia ser uma entediante coleção de clichês, mas o elenco é tão carismático e esse universo e ultra riqueza é tão bem construído que é difícil não se encantar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Crítica- Halloween

Análise Crítica- Halloween


Review - HalloweenO diretor David Gordon Green se tornou famoso por seu trabalho em comédias como Segurando as Pontas (2008) e Sua Alteza (2011), mas nos últimos anos migrou para o drama com o bacana Joe (2013) e o recente O Que Te Faz Mais Forte. Agora ele entra no reino do terror com este Halloween, uma continuação do seminal terror de 1978 dirigido por John Carpenter. Tal como outros realizadores vindos da comédia, caso de Jordan Peele em Corra! (2017) ou John Krasinski em Um Lugar Silencioso (2018), os resultados obtidos por Green são surpreendentemente satisfatórios.

A trama ignora todas as outras continuações e considera apenas o original de 1978 em sua linha do tempo. O assassino Michael Myers está preso há décadas, mas ninguém conseguiu penetrar na sua mente para compreendê-lo. Enquanto isso Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a única sobrevivente de seu ataque em 1978, se tornou uma mulher solitária e paranoica, vivendo isolada em uma casa de campo, sempre se preparando para o retorno de Michael.

domingo, 21 de outubro de 2018

Crítica – Demolidor: 3ª Temporada


Análise Crítica – Demolidor: 3ª Temporada


Review – Demolidor: 3ª Temporada
Depois de uma excelente primeira temporada, Demolidor partiu para um segundo ano que mais pareciam duas temporadas em uma, com os arcos do Justiceiro (Jon Bernthal) e Elektra (Elodie Yung) mal se relacionando um com o outro e a falta de um antagonista que fosse tão interessante quanto o Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) da primeira temporada. Felizmente, o terceiro ano da série corrige a maioria desses problemas e entrega uma temporada tão boa quanto à primeira.

A trama começa com Matt Murdock (Charlie Cox) ferido depois dos eventos de Os Defensores. Ele está sendo mantido em segredo no orfanato em que cresceu e é cuidado pelas freiras do local. Os ferimentos sofridos prejudicaram seus sentidos aguçados e agora Matt se questiona seu lugar no mundo uma vez que não pode mais ser o Demolidor. Ao mesmo tempo, Wilson Fisk consegue fazer um acordo de delação e sai da cadeia, fazendo Matt questionar sua escolha de não matar e levantando a questão de como deter alguém que nunca desiste.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Crítica – Pathfinder: Kingmaker


Análise Crítica – Pathfinder: Kingmaker


Review – Pathfinder: Kingmaker
Faz tempo que procuro um bom RPG que emule o estilo de RPGs de mesa, tal qual faziam Baldur’s Gate ou Neverwinter Nights. Minha busca cessou quando encontrei este Pathfinder: Kingmaker, baseado no RPG de mesa Pathfinder (que não conheço, parei com os RPGs de mesa no D&D 3ª Edição). É um jogo com perspectiva isométrica que traz tudo que eu busca em algo com o clima dos jogos de mesa, mas também traz alguns problemas que atrapalham a experiência.

Na trama, o personagem criado pelo personagem é um Pathfinder, um desbravador que precisa conquistar uma área selvagem e governá-la em meio a um clima de rivalidade entre os dois grandes reinos vizinhos. É uma narrativa cheia de intrigas políticas e personagens ambíguos que consegue nos manter interessados do início ao fim.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Crítica – Apóstolo


Análise Crítica – Apóstolo


Review – Apóstolo
Um homem viaja até uma remota ilha na costa britânica em busca de uma mulher desaparecida. Chegando lá, descobre que o local é sede de um estranho culto religioso e precisa desvendar o que está acontecendo ali. Essa é a premissa de O Homem de Palha (1973), mas também se aplica a este Apóstolo do diretor Gareth Evans (responsável pelos dois Operação Invasão), que mistura O Homem de Palha (cujo remake de 2006, O Sacrifício, estrelado por Nicolas Cage, se tornou uma fábrica de memes), A Bruxa (2016), Silêncio (2018) e Silent Hill.

O resultado, no entanto, é maior que a soma de suas partes, formando um todo coeso que se sustenta por conta própria tecendo uma trama sinistra sobre fé, natureza e a relação do homem com o divino. A narrativa se passa em 1905, com Thomas (Dan Stevens) viajando até a ilha para encontrar a irmã, que foi sequestrada pelo culto liderado pelo Profeta Malcolm (Michael Sheen). Aos poucos, Thomas descobre que o culto vai além do radicalismo religioso e realiza sacrifícios humanos, precisando correr contra o tempo para salvar a irmã.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Crítica – A Casa do Medo: Incidente em Ghostland


Análise Crítica – A Casa do Medo: Incidente em Ghostland


Review – A Casa do Medo: Incidente em Ghostland
Se você vai querer subir nos ombros de um gigante, é melhor ter certeza que é capaz de fazer a escalada. Digo isso porque este A Casa do Medo: Incidente em Ghostland faz desde seus primeiros minutos referências ao escritor H.P Lovecraft, um dos mais seminais e influentes do terror. Ao fazer isso, o filme apenas ressalta o quanto está longe, mas bem longe, do estilo ou tipo de narrativa de Lovecraft, uma comparação que eu nem faria caso a narrativa não a fizesse por conta própria.

Os contos de Lovecraft narravam a lenta descida à loucura experimentada por seus personagens conforme eles encontravam criaturas e horrores ancestrais, coisas tão abomináveis que a mera visão delas, mesmo que de relance, danificava a sanidade de qualquer pessoa. Suas descrições eram carregadas de tantos adjetivos que era difícil compreender exatamente a natureza ou a forma das criaturas narradas, criando simultaneamente curiosidade e temor por coisas tão difíceis de compreender. O horror de Lovecraft ia se insinuando aos poucos e servia para nos lembrar da pequenez do homem diante da imensidão do universo ou o quanto ainda existe de desconhecido apesar de todos os nossos avanços.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Crítica – A Justiceira


Análise Crítica – A Justiceira


Review – A Justiceira
Quando despontou para o sucesso com a série Alias, todo mundo apostava que Jennifer Garner seria a próxima grande heroína de ação hollywoodiana. Ela até fez alguns esforços nesse sentido, mas em projetos de pouco sucesso como Demolidor (2003) e Elektra (2005). De lá pra cá Garner acabou fazendo muita coisa que não aproveitava bem seu talento para a ação, interpretando o papel de mãe de família em comédias como Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso (2014), Virei Um Gato (2016) ou em dramas como Milagres do Paraíso (2016). Este A Justiceira marca o retorno de Garner ao reino da ação e dá a impressão de que a atriz merecia um material melhor.

Garner interpreta Riley, uma mulher que vê o marido e a filha serem mortos por um cartel de drogas mexicano. Quando os responsáveis são soltos a despeito de Riley tê-los identificado, ela desaparece sem deixar rastros. Cinco anos depois da morte da família, ela retorna à sua cidade natal para se vingar de todos os envolvidos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Crítica – O Primeiro Homem


Análise Crítica – O Primeiro Homem


Review – O Primeiro HomemO diretor Damian Chazelle tem um claro interesse por pessoas que tentam fazer algo extraordinário e quais os custos disso. Em Whiplash: Em Busca daPerfeição (2015) ele mostrava como a busca por excelência impele a ultrapassar limites ao ponto de se tornar algo doentio, em La La Land: Cantando Estações (2017) explorou como é preciso abrir mão de certas coisas para alcançar nossos sonhos e em O Primeiro Homem ele examina como mesmo alguém que não tinha grandes ambições fez algo que marcou a história.

O filme conta a história real de Neil Armstrong (Ryan Gosling), astronauta que foi o primeiro homem a pousar na Lua. Armstrong decide se juntar ao programa espacial depois da morte da filha pequena, imaginando que a mudança de cidade ofereceria um novo começo para ele e para a esposa, Janet (Claire Foy).

O grande acerto do filme é evitar endeusar seu protagonista, transformando-o num herói da humanidade da nação. Ao invés disso faz de Armstrong um sujeito que nunca ambicionou ser um ícone, que nunca teve pretensão de chefiar uma missão à lua, era apenas alguém que queria fazer seu trabalho de uma maneira correta e prover para sua família. É essa banalidade que o torna incrível, alguém que é bom no que faz, mas que não menospreza a vida ao seu redor. Ryan Gosling transmite isso em sua performance taciturna, sempre contida, mesmo quando emocionalmente abalado a exemplo da cena em que discute com Buzz Aldrin (Corey Stoll) sobre a  morte de um colega.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Crítica – Sala Verde


Análise Crítica – Sala Verde


Review – Sala Verde
Uma banda de punk rock sai em turnê pelo interior dos Estados Unidos. Eles estão com pouco dinheiro e seu mais recente show foi cancelado. Sem dinheiro, aceitam ir tocar em um bar neonazista. Lá, acabam testemunhando um assassinato e os nazistas, liderados por Darcy (Patrick Stewart), decidem que eles não devem sair do local com vida. Assim, a banda inicia uma tensa luta por sobrevivência.

É um fiapo de trama, com pouco desenvolvimento de personagem, mas que consegue usar seus poucos espaços para criar com eficiência um clima de tensão e suspense. Boa parte da trama se passa dentro do camarim do bar, no qual a banda se tranca e tenta negociar a saída com os nazistas e a tensão vai crescendo conforme fica claro que os donos do local não deixarão músicos saírem vivos dali.

Apesar de dar pouco tempo para desenvolver seus personagens, os primeiros minutos conseguem ao menos nos levar a nos importarmos com eles. Começando com o carro deles em uma plantação de milho, o início nos mostra a situação de perrengue e poucos recursos dos músicos, sendo fácil simpatizar com eles. Além disso os integrantes da banda, Pat (Anton Yelchin), Sam (Alia Shawkat), Reece (Joe Cole) e Tigger (Callam Turner) são convencem do companheirismo e camaradagem entre eles.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Drops – Para Sempre Chape e Operação Final


Nossa sessão de textos curtos vai hoje falar de dois filmes que chegaram recentemente na Netflix, o documentário Para Sempre Chape e o drama Operação Final.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Crítica – Better Call Saul: 4ª Temporada


Análise Crítica – Better Call Saul: 4ª Temporada


Review – Better Call Saul: 4ª Temporada
Depois do impactante desfecho da terceira temporada, o quarto ano de Better Call Saul apontava para uma aproximação ainda maior de Jimmy do alter-ego de Saul Goodman e foi exatamente isso que entregou, apesar dos arcos de outros personagens terem deixado a desejar. A partir desse ponto, SPOILERS da temporada são inevitáveis.

A trama começa com o funeral de Chuck (Michael McKean), mostrando que Jimmy (Bob Odenkirk) demonstra não estar abalado com a morte do irmão enquanto Kim (Rhea Seehorn) percebe que claramente há algo errado com Jimmy, mas prefere dar a ele espaço para processar seu luto. Mike (Jonathan Banks) continua trabalhando para Gus (Giancarlo Esposito) e agora ajuda o traficante a construir um laboratório subterrâneo (aquele que Walt usou em Breaking Bad).

A recusa de Jimmy em reconhecer estar afetado pela morte do irmão, talvez por se sentir culpado pela piora dele ao expor seu transtorno como algo meramente psicológico na temporada anterior, acaba sendo um dos elementos que dá início ao afastamento entre ele e Kim. Tendo visto Breaking Bad, sabemos que a advogada não faz parte da vida de Saul Goodman, então era uma questão de saber como a cisão entre eles não aconteceria e, tal qual o conflito com Jimmy e Chuck, a série não decepciona no modo como constrói isso de maneira crível.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Crítica – Nasce Uma Estrela


Análise Crítica – Nasce Uma Estrela


Review – Nasce Uma Estrela
Eu estava empolgado pela nova versão de Nasce Uma Estrela por conta da presença de Lady Gaga no elenco, mas, ao mesmo tempo, me perguntava se havia substância o suficiente para que essa história fosse contada uma quarta vez. A primeira versão foi em 1937, a segunda em 1954, ambas no universo no cinema, e foi a versão de 1976 estrelada por Barbra Streisand que deslocou a história para o mundo da música, ambiente no qual a nova versão também se passa.
                         
Jackson Maine (Bradley Cooper, que também dirigiu o filme) é um astro da música cuja carreira está se aproximando fim. Ele está perdendo a audição e se afundando em drogas, apenas vivendo da fama de outrora. As coisas mudam quando ele conhece Ally (Lady Gaga), uma cantora talentosa que reacende a paixão de Jack pela música. O relacionamento de ambos evolui, mas os problemas de Jack com drogas vão piorando à medida que a carreira de Ally deslancha.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Crítica – Tudo Por Um Popstar


Análise Crítica – Tudo Por Um Popstar


Review – Tudo Por Um Popstar
Todo mundo já foi jovem, já idolatrou alguma banda ou artista pop que não era lá grande coisa, mas que significava o mundo para si e para seus amigos quando tinha quatorze ou quinze anos. Nesse sentido, Tudo Por Um Popstar carrega consigo uma premissa com a qual é fácil se identificar, mas lamentavelmente não consegue fazer nada interessante com ela.

A narrativa acompanha três amigas Gabi (Maísa Silva), Manu (Klara Castanho) e Ritinha (Mel Maia) que estão dispostas a qualquer coisa para ir ao show de sua banda favorita. Como os pais delas não as deixam ir sozinhas, elas alistam a ajuda de Babette (Giovanna Lancellotti), prima mais velha de Manu, para levá-las ao show. Assim, as garotas começam sua viagem para tentar conhecer os ídolos, mas o caminho não será fácil.

Essas histórias sobre adolescentes viajando acabam sendo menos sobre o destino e mais sobre a jornada em si, com os personagens amadurecendo ao precisaram lidar sozinhos com as dificuldades e fortalecendo os laços de amizade uns com os outros. Esse filme faz exatamente isso, deixando claro que é a amizade do trio principal a força motriz da narrativa, o problema é que falta perrengue na jornada das garotas. Falta a confusão e absurdo que normalmente se espera desse tipo de filme.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Crítica – Felicidade Por um Fio


Análise Crítica – Felicidade Por um Fio


Review – Felicidade Por um FioAssim como aconteceu com o recente Sexy Por Acidente, este Felicidade Por um Fio parte de uma premissa bem intencionada e tem uma mensagem importante a passar, mas se perde no meio do caminho ao aderir desnecessariamente a uma série de lugares-comuns da comédia romântica.

Violet (Sanaa Lathan) é uma mulher negra que foi ensinada desde pequena que deveria alisar os cabelos e ter vergonha do aspecto natural de suas madeixas. Mesmo adulta, ela é obcecada em manter os fios sob controle e seu namorado, Clint (Ricky Whittle, o Shadow Moon de Deuses Americanos), nunca a viu sem estar alisada. Violet está certa que sua vida está no rumo certo, sendo bem-sucedida em seu trabalho como publicitária e feliz em sua relação, mas quando Clint se recusa a pedi-la em casamento, Violet começa a repensar a vida e a relação com sua aparência.

A narrativa é inicialmente competente em mostrar os extremos em que Violet vai para manter seus cabelos e como muito disso não só vem de sua criação, como também de toda a indústria publicitária da qual ela faz parte e reproduz um padrão eurocêntrico que concebe cabelos lisos como a norma e cabelos crespos como “cabelo ruim”. Há também uma discussão sobre como o olhar da publicidade objetifica a mulher e que isso vem do fato de ser um mundo predominantemente masculino, no qual são os homens que decidem o que as mulheres devem querer ou qual aparência feminina deve ser vendida como a mais desejável.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Crítica – O Que de Verdade Importa

Análise Crítica – O Que de Verdade Importa



Review – O Que de Verdade Importa
Assim como aconteceu com o recente Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos, este O Que De Verdade Importa me fez levantar a questão: até que ponto as boas intenções de um filme devem ser levadas em conta? Até que ponto essas intenções são o suficiente para suplantar seus defeitos? Lançado no ano passado nos Estados Unidos, toda a arrecadação da bilheteria por lá seria revertida para uma ONG, criada pelo falecido ator Paul Newman, que cuida de crianças com doenças terminais (aqui no Brasil a arrecadação irá para diferentes instituições que cuidam de crianças com câncer). Uma motivação nobre, mas que no caso de O Que De Verdade Importa (assim como Teu Mundo...) os equívocos e problemas são tantos que todas as suas boas intenções não conseguem superá-las.

A trama é centrada em Alec (Oliver Jackson-Cohen), um engenheiro cujos negócios não estão indo bem, tem um problema com jogos de azar, dívidas acumuladas e não sabe o que fazer na vida. Uma oportunidade de mudança surge quando um tio rico, Raymond (Jonathan Pryce) lhe pede para se mudar para o Canadá e ir morar em uma casa que pertence à família há gerações. Lá Alec descobre que ele, como muitos de seus ancestrais possui um dom de curar as pessoas e ele precisa decidir se abraça esse dom ou o rejeita, mas a chegada de uma garota com câncer Abigail (Kaitlyn Bernard) pedindo ajuda pode mudar a decisão de Alec.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Crítica – Venom


Resenha Crítica – Venom


Análise Crítica – Venom
Em um dado momento de Venom, o personagem-título se refere a uma de suas vítimas como “um cocô ao vento”. A frase serve como um resumo do próprio filme (e imagino que eu não serei o primeiro nem o último a fazer esse paralelo): um produto ruim, vagando a esmo sem saber o que fazer com seus personagens ou aonde quer levá-los.

A trama é centrada em Eddie Brock (Tom Hardy), um repórter investigativo que comete que lhe custa seu emprego e sua relação com a noiva, Anne Weying (Michelle Williams). Com a reputação arruinada, ele continua a investigar a misteriosa Fundação Vida, presidida pelo bilionário Carlton Drake (Riz Ahmed), e ao invadir o laboratório da instituição Brock é infectado por um dos simbiontes que Drake guardava no local. Agora Brock precisa lidar com o parasita e descobrir o propósito de Drake com as criaturas.

Venom passa a sensação de algo feito antes do atual boom de filmes de super-heróis, tratando tudo como uma mera desculpa para cenas de ação cheias de computação gráfica e frases de efeito que deveriam ser engraçadinhas, mas muitas vezes são vergonhosas. A narrativa em si é uma bagunça de inconsistências, personagens mal desenvolvidos e motivações vagamente explicadas.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Crítica – Papillon


Análise Crítica – Papillon


Review – Papillon
A biografia de Henri “Papillon” Charriere já tinha sido transformada em filme em 1973 com Papillon, estrelado por Steve McQueen e Dustin Hoffman. Agora, a história de fuga e superação ganha uma nova versão cinematográfica, mas ela não tem muito a dizer além do já era conhecido ou do que outros “filmes de prisão” já fizeram.

Na trama, Henri “Papillon” Charriere (Charlie Hunnam) é um ladrão acusado de um assassinato que não cometeu. Ele é mandado para uma colônia penal na Guiana Francesa e lá conhece o falsificador Louis Dega (Rami Malek), com quem acaba forjando uma amizade. Apesar do cotidiano brutal da prisão, Henri nutre a esperança de que um dia conseguirá fugir.

Filmes de prisão costumam ser sobre resistência e superação dos obstáculos (físicos e metafóricos) que nos encarceram, apresentando as possibilidades de triunfo da força de vontade. Papillon constrói a prisão como um lugar sombrio e cinzento em oposição às exuberantes florestas que existem ao seu redor. É um mundo sem cor, sem luz, implacável e feito para destruir o espírito de qualquer um que ponha seus pés lá dentro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Crítica – Ponto Cego


Análise Crítica – Ponto Cego


Review – Ponto Cego
Mostrando o cotidiano da vida em Oakland, periferia de São Francisco, e abordando questões de desigualdade racial, Ponto Cego soa quase como uma versão da costa oeste dos Estados Unidos do seminal Faça a Coisa Certa (1989) de Spike Lee, entregando um conjunto similar de personagens singulares e contundentes observações sobre as dinâmicas sociais e raciais do seu país.

A narrativa é centrada em Collin (Daveed Diggs), um ex-presidiário que está a três dias do fim de sua liberdade condicional e tenta reconstruir a vida depois de seu tempo na prisão. Ele trabalha em uma empresa de mudanças ao lado do melhor amigo, Miles (Rafael Casal), que tem um temperamento explosivo. Um dia, Collin testemunha um policial branco atirando em um homem negro desarmado e a visão irá assombrar o personagem pelos próximos dias.

Com cores fortes e cenas que parecem um sonho febril, a direção de Carlos Lopez Estrada é eficiente em nos deixar imersos nos sentimentos de Collin, que se sente aprisionado mesmo estando em liberdade, incapaz de se livrar da marca de ser um ex-presidiário. Há nele um misto de insegurança e revolta pela situação em que se encontra, com tudo sendo potencializado pela execução testemunhada por ele. Cada vez que vemos uma viatura ou ouvimos uma sirene sentimos uma apreensão genuína por Collin, temendo que ele se vítima de brutalidade policial mesmo sem ter feito nada de criminoso.