O primeiro Johnny English (2003) era uma comédia simpática, sem grandes
pretensões que servia como entretenimento descartável. Não imagino que ninguém
esperava que oito anos depois seria lançada uma continuação em O Retorno de Johnny English (2011), que
não tinha muito a fazer além de repetir tudo que o primeiro já tinha feito.
Duvido muito que alguém saiu da sessão do segundo extremamente ansioso por um
terceiro filme, mas agora, sete anos depois, foi exatamente isso que aconteceu
neste Johnny English 3.0.
Na trama, o governo britânico tem
seus sistemas atacados por hackers,
comprometendo as identidades de todos os agentes secretos. Para resolver a
questão, a primeira ministra (Emma Thompson) pede que usem agentes inativos,
que não tiveram suas identidades expostas. Assim, Johnny English (Rowan
Atkinson, famoso como o Mr. Bean) retorna à ativa ao lado de seu fiel escudeiro
Bough (Ben Miller) para dar conta da ameaça.
São poucos os momentos realmente
inspirados, como quando English acidentalmente incendeia um resort francês. Na maioria dos casos as gags de humor físico são bem previsíveis
e conseguimos vê-las chegando a quilômetros de distância. Humor é subversão de
expectativas, é pegar uma situação e virá-la ao avesso, mas como sabemos
exatamente o que acontecerá em cada trapalhada de English, o humor não se
efetiva e as risadas muitas vezes não chegam.
Quando um agente dá a English uma
caneta explosiva, já imaginamos que ele irá acidentalmente detoná-la na cara de
um aliado, do mesmo modo que quando alguém indaga ao protagonista se não seria
melhor abastecer o carro, já imaginamos que ele ficará sem combustível no meio
de uma perseguição importante. Como tudo é tão claramente telegrafado, o filme
carece de um senso de imprevisibilidade ou absurdo, com boa parte das situações
resultando em uma obviedade entediante.
Atkinson traz a característica
ingenuidade estúpida de Johnny English, mas por mais simpatia que o comediante
consiga evocar, ele não tem como contornar a natureza inane de boa parte das
situações cômicas construídas ao redor de seu personagem. Emma Thompson não tem
praticamente nada a fazer como a desesperada primeira ministra, enquanto que
Jake Lacy repete o mesmo tipo de vilão caricato e sem graça que já tinha feito
no fraco Rampage: Destruição Total
(2018). Aliás, a reviravolta que revela a identidade do vilão não causa
surpresa alguma.
Johnny English 3.0 mostra que os filmes do trapalhão agente
britânico já se esgotaram criativamente, não tendo nada a oferecer além de
piadas manjadas com gosto de janta velha requentada.
Nota: 3/10
Trailer
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