Quando despontou para o sucesso
com a série Alias, todo mundo
apostava que Jennifer Garner seria a próxima grande heroína de ação
hollywoodiana. Ela até fez alguns esforços nesse sentido, mas em projetos de
pouco sucesso como Demolidor (2003) e
Elektra (2005). De lá pra cá Garner
acabou fazendo muita coisa que não aproveitava bem seu talento para a ação,
interpretando o papel de mãe de família em comédias como Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso (2014),
Virei Um Gato (2016) ou em dramas
como Milagres do Paraíso (2016). Este
A Justiceira marca o retorno de
Garner ao reino da ação e dá a impressão de que a atriz merecia um material
melhor.
Garner interpreta Riley, uma
mulher que vê o marido e a filha serem mortos por um cartel de drogas mexicano.
Quando os responsáveis são soltos a despeito de Riley tê-los identificado, ela
desaparece sem deixar rastros. Cinco anos depois da morte da família, ela
retorna à sua cidade natal para se vingar de todos os envolvidos.
É um filme de vingança bem direto.
Se inicialmente a narrativa levanta temas como corrupção ou o peso de trauma
sobre uma pessoa, depois do salto temporal de cinco anos tudo isso é esquecido
e a reflexão sobre violência urbana ou sobre o peso do trauma nos ombros de
Riley são deixados de lado. A questão do vigilantismo armado também não é muito
abordada, sendo curioso que nas primeiras cenas vemos Riley dizer à filha que
violência nunca é a solução para depois a vermos se tornar uma vingadora
sanguinária. É quase como se a mensagem no coração da trama fosse a de que a
violência é sim a solução. Desta maneira, a trama acaba simplificando demais
uma questão moral que é bastante complexa.
Quem segura o filme é Garner, nos
mostrando inicialmente a doçura de Riley e o afeto que ela tem pela família e
depois fazendo a transição para a fisicalidade bruta da personagem,
apresentando uma presença segura e imponente que reflete os anos de treinamento
dela. A atuação de Garner deixa evidente do trauma de Riley, alguém movida por
dor e desespero, evitando que vejamos a protagonista como uma sociopata sádica
que sente prazer em sua violência como aconteceu com Bruce Willis no recente remake de Desejo de Matar.
Ainda assim, Garner é sabotada
pelo roteiro que às vezes a coloca em situações de crueldade desnecessária,
como a cena em que ela invade a casa de Peg (Pell James) uma mãe megera que
prejudicou a filha dela anos atrás. A mulher tinha sabotado o aniversário da
filha de Riley, mas está longe de ser uma ameaça, fazendo a humilhação que a
protagonista a sujeita soar desmedida. Os diálogos entre as duas inclusive tem
uma moral duvidosa, com Riley jogando na cara de Peg o fato dela ter sido
abandonada pelo marido e trocada por uma mulher mais jovem, como se Peg fosse
culpada pela traição que ela mesmo sofreu, algo que soa relativamente machista.
Assim, é uma pena que Garner tenha um material tão raso para trabalhar, já que
a atriz se mostra mais do que apta a segurar um filme do gênero.
A ação é bem violenta, ressaltando
a brutalidade da protagonista, mas apesar disso e da entrega de Garner, nunca
chega a empolgar ou oferecer algo que salte aos olhos. Acerta ao não fazer da
protagonista uma máquina invulnerável, mostrando ela debilitada em virtude dos
ferimentos sofridos. Isso poderia servir para ampliar a sensação de perigo ou
urgência em relação ao seu destino, mas os vilões são tão genéricos e tão sem
personalidade que nunca chegamos a duvidar do sucesso de Riley.
Apesar da entrega de Jennifer
Garner, A Justiceira nunca consegue
ir além de um filme de vingança derivativo e raso que não consegue empolgar
como deveria.
Nota: 4/10
Trailer
Um comentário:
Não intendi o papel de peg, não reparei,ela no filme , até o momento que ela bate em sua casa.
Postar um comentário