terça-feira, 2 de outubro de 2018

Crítica – Papillon


Análise Crítica – Papillon


Review – Papillon
A biografia de Henri “Papillon” Charriere já tinha sido transformada em filme em 1973 com Papillon, estrelado por Steve McQueen e Dustin Hoffman. Agora, a história de fuga e superação ganha uma nova versão cinematográfica, mas ela não tem muito a dizer além do já era conhecido ou do que outros “filmes de prisão” já fizeram.

Na trama, Henri “Papillon” Charriere (Charlie Hunnam) é um ladrão acusado de um assassinato que não cometeu. Ele é mandado para uma colônia penal na Guiana Francesa e lá conhece o falsificador Louis Dega (Rami Malek), com quem acaba forjando uma amizade. Apesar do cotidiano brutal da prisão, Henri nutre a esperança de que um dia conseguirá fugir.

Filmes de prisão costumam ser sobre resistência e superação dos obstáculos (físicos e metafóricos) que nos encarceram, apresentando as possibilidades de triunfo da força de vontade. Papillon constrói a prisão como um lugar sombrio e cinzento em oposição às exuberantes florestas que existem ao seu redor. É um mundo sem cor, sem luz, implacável e feito para destruir o espírito de qualquer um que ponha seus pés lá dentro.

A questão é que a obra não tem nada a nos oferecer que já não tenhamos visto em Um Sonho de Liberdade (1994) ou mesmo no filme de 1973 da história de Charriere. Aliás, essa nova versão reproduz muita coisa do original e nunca chega a plenamente justificar a sua necessidade de existir. Mesmo ignorando o fato de ser um remake, o que Papillon entrega é um olhar superficial sobre a vida de seus personagens, mostrando seus sucessivos infortúnios, sofrimentos até a eventual fuga. O trabalho de maquiagem é ótimo em convencer da degradação física e mental dos personagens, mas o impacto e toda essa brutalidade ou a catarse da eventual fuga nunca tem a força que deveria.

Parte disso é por conta do texto nunca se dar ao trabalho de tentar entender quem é Henri, o que o move, o que o impele, o que sustenta sua inabalável força de vontade. Como nada disso é trabalhado, ele surge como uma figura estoica inócua, que sobrevive e resiste meramente porque tem que sobreviver. Assim, sua fuga não consegue transmitir a sensação de triunfo que o filme deseja porque ele nunca gasta muito tempo para que compreendamos o que motiva esse inabalável desejo de fuga.

O que funciona, por outro lado, é a construção da amizade entre Henri e Dega, que começa com uma subjacente desconfiança e aos poucos vai evoluindo para uma amizade sincera conforme ambos compreendem que não conseguirão sobreviver sozinhos. Hunnam e Malek tem uma química bastante sincera, tornando crível o laço criado entre os dois, que ao fim conseguem se entender mesmo sem precisar verbalizar o que querem dizer um para o outro.

Ainda assim, apesar do carisma da dupla principal, Papillon acaba sendo uma reprodução bem derivativa da estrutura de “filmes de prisão”, não conseguindo oferecer nada que já não tenhamos visto em outros filmes desse estilo.

Nota: 5/10


Trailer

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