Nossa sessão de textos curtos vai
hoje falar de dois filmes que chegaram recentemente na Netflix, o documentário Para Sempre Chape e o drama Operação Final.
Para Sempre Chape
A tragédia envolvendo o time da Chapecoense,
cujo avião caiu enquanto viajavam para a Colômbia, matando cerca de 70 pessoas,
incluindo boa parte do time, equipe técnica e jornalistas que os acompanhavam,
ainda está fresca na memória. Um documentário sobre o acontecido poderia soar
apelativo ou sensacionalista, mas Para
Sempre Chape consegue emocionar sem pesar a mão na exploração da tragédia.
Parte da força do filme vem em
contextualizar a trajetória de sucesso do time, crescendo rapidamente da série
D do Campeonato Brasileiro para, em poucos anos, estar na série A. Ao entender
o que o time significava para a pequena cidade de Chapecó através dos
depoimentos de torcedores e pessoas ligadas à equipe, nos aproximamos ainda
mais da tragédia. É difícil não se emocionar com a cerimônia feita na Colômbia
pelo Nacional de Medelín quando até mesmo o robótico e apático José Serra
(então ministro das relações exteriores) falou com voz embargada, mal
conseguindo conter o choro, ao agradecer o povo colombiano pela solidariedade.
Estruturalmente, no entanto, é um documentário bem básico, com entrevistas e
imagens de arquivo, por vezes mais parecendo uma grande reportagem feita por
algum programa esportivo.
Nota: 7/10
Trailer
Operação Final
Baseado em fatos reais, Operação Final conta a história do
esforço israelense em capturar Adolf Eichmann (Ben Kingsley), o arquiteto por
trás de toda a infraestrutura de eliminação de judeus durante o Holocausto. A
equipe de agentes do Mossad liderada por Peter Malkin (Oscar Isaac) precisa
entrar secretamente na Argentina, onde Eichmann se esconde, e tirá-lo de lá
para que seja julgado em Israel.
A trama tenta trabalhar questões
envolvendo justiça, vingança, moralidade e se é possível que uma pessoa sozinha
responda por um genocídio cometido por várias. São perguntas interessantes e
complexas, no entanto o filme parece deixá-las de lado uma vez que os
personagens chegam à Argentina, se concentrando mais no suspense envolvendo a
execução da extração de Eichmann no país. Nesse sentido, é um thriller competente, mas que passa superficialmente
pelo debate ético que inicialmente propõe.
Ben Kingsley entrega uma
performance discreta como Eichmann. Uma escolha proposital de fazê-lo parecer
um sujeito banal, lembrando que no mundo real o mal não se manifesta como um
vilão caricato de filme de ação, mas como alguém aparentemente comum, que
poderia ser um vizinho ou alguém que encontramos em um elevador, nos fazendo
refletir sobre a banalidade do mal.
Nota: 6/10
Trailer
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