Crítica – Great News: 2ª Temporada

Quando escrevi sobre a primeira temporada de Great News (bizarramente traduzido em português como Notícias em Grande), falei sobre como a série conseguia superar sua premissa banal e eventualmente encontrava uma identidade própria ao investir no absurdo. Pois longe dos problemas de personalidade do seu ano de estreia, Great News decola desde o início de sua segunda temporada.

A segunda temporada continua focada em Katie (Briga Heelan) e na relação complicada que ela tem com a mãe controladora, Carol (Andrea Martin), mas também repercute o breve envolvimento de Katie com Greg (Adam Campbell) na temporada anterior e o crescente clima entre os dois. Outra novidade na temporada é a breve participação de Tina Fey como a poderosa executiva Diana St. Tropez.

Assim como antes, a série mira seu alvo crítico nos noticiários televisivos e no modo como eles parecem mais preocupados em criar polêmicas do que efetivamente investigar e analisar os fatos. Também usa o humor para falar sobre tópicos atuais, como a questão do assédio no ambiente de trabalho no episódio em que Diana assedia os homens da redação, ou também dos limites do humor, questionando a ideia de que não faz sentido reclamar da “patrulha do politicamente correto” em um tempo no qual pessoas marcham nas ruas com símbolos nazistas. A temporada ainda faz piada com nosso apego a redes sociais e como esses meios são usados para construir um ideal falso de vida perfeita.

Outros episódios focam mais no puro absurdo, como o capítulo natalino que parodia Um Conto de Natal do Charles Dickens ao fazer graça com a obsessão de Carol em comemorar o feriado. O humor físico reflete o clima de exagero e absurdo, como a “luta” entre Chuck (John Michael Higgins) e seu filho Petey (Will Sasso). Personagens que tiveram pouco tempo na temporada anterior como a âncora Portia (Nicole Richie) e o editor de vídeo Justin (Horatio Sanz) recebem um pouco mais de atenção e tem suas relações com os demais personagens mais desenvolvidas, como no episódio em que Katie e Portia vão para boates juntas ou quando Justin mostra a Chuck a diferença que seu trabalho de montagem faz nas reportagens do jornalista.

Briga Heelan permanece ótima no misto de ingenuidade e neurose de Katie, assim como Andrea Martin rouba para si todos os momentos que está em cena com a energia aloprada de Carol. Apesar na natureza absurda de boa parte dos personagens, como Chuck, Portia ou a meteorologista Beth (Tracey Wigfield, a criadora da série) há neles uma medida de autenticidade que os impede de descambarem para caricaturas aborrecidas e o entrosamento do elenco ajuda tornar crível que aquele grupo se mantem unido apesar de toda a maluquice que aprontam uns com os outros.

Assim, depois de encontrar sua identidade, a segunda temporada de Great News constrói uma sátira absurda e divertida sobre o jornalismo e várias questões contemporâneas, conquistando pelo humor sem noção e carisma dos seus personagens.

Nota: 8/10

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