terça-feira, 20 de novembro de 2018

Crítica – Parque do Inferno


Análise Crítica – Parque do Inferno


Review – Parque do Inferno
Entrando para assistir este Parque do Inferno, a impressão é de que seria uma versão piorada de Pague Para Entrar, Reze Para Sair (1981), um terror oitentista dirigido por Tobe Hooper, responsável por O Massacre da Serra Elétrica (1974). Tendo visto Parque do Inferno posso dizer que, bem, é isso mesmo.

A trama segue Natalie (Amy Forsyth) uma garota certinha que desde os primeiros minutos fica evidente que será a única a sobreviver ao que acontecerá. Junto com algumas amigas de faculdades e seus respectivos namorados, Natalie vai a um parque que é montado na cidade toda época de Dia das Bruxas e que já foi palco de um assassinato dois anos antes. Os amigos de Natalie todos falam de bebida e sexo, o que em termos de terror slasher significa que eles obviamente irão morrer.

Aí reside o primeiro problema. O filme se apoia em clichês velhos, cujo próprio cinema hollywoodiano já apontou a obviedade a exemplo da franquia Pânico ou o metalinguístico o Segredo da Cabana (2012). Ainda assim, Parque do Inferno recicla toda essa miríade de lugares comuns sem um quantum de ironia ou autorreflexividade, aderindo acriticamente a fórmulas manjadas e previsíveis.

Não ajuda que os personagens sejam folhas em branco desprovidas de carisma cujos diálogos são tão artificiais que parecem ter sido escritos por um homem de meia-idade que não tem qualquer contato com jovens, mas jura de pés juntos que “sabe tudo sobre essa juventude”. Nada nesses personagens soa genuíno e, desta forma, é difícil se importar com eles.

O roteiro não parece nem um pouco preocupado com isso, jogando os protagonistas no parque já nos primeiros minutos sem sequer se dar ao trabalho de nos fazer entender quem são aquelas pessoas. Isso não seria tão problemático se ao menos a trama evoluísse com agilidade, não perdendo tempo para começar as mortes, mas não é isso que acontece. Os personagens do grupo principal só começam a morrer lá por volta dos quarenta minutos de projeção (de um total de oitenta e nove).

O que o filme faz até lá? Bem, ele acompanha os personagens em uma série de sustos gratuitos e óbvios enquanto eles transitam pelo parque. Poderia funcionar se houvesse alguma ambiguidade ou dúvida entre o que é do parque (que não representa risco aos protagonistas) e o que ação do assassino real, mas como sempre é evidente de onde vem os sustos, que não há suspense ou temor algum.

As mortes em si também não impressionam, nem em termos de criatividade, nem em termos de violência. Na verdade, em alguns momentos eu até me surpreendi que uma produção tão vagabunda conseguisse exibir um trabalho minimamente decente em termos de efeitos práticos como quanto um personagem tem a cabeça esmagada, mas é tão rápido (ao estilo “piscou, perdeu) que não tem impacto nenhum. O único momento minimamente eficiente é quando Taylor (Bex Taylor-Klaus) fica presa em uma guilhotina.

O assassino nunca soa particularmente ameaçador em virtude de seu visual genérico e falta de personalidade nas mortes ou nas armas que usa. Em muitos momentos ele chega a ter a mocinha Natalie à sua mercê, mas inexplicavelmente não a mata, deixando-a sobreviver por pura necessidade de roteiro. O desfecho ainda tenta apresentar uma reviravolta que deveria soar impactante, mas é tão inconsequente e inane que mais produz aborrecimento ao invés de surpresa. Fãs de terror devem reconhecer o ator Tony Todd, famoso pela franquia Candyman além de outros filmes de terror, como o mestre de cerimônias do parque, mas o filme faz muito pouco para aproveitar sua presença sinistra e voz cavernosa (voz que ele emprestou ao vilão Zoom na segunda temporada de Flash), o que é uma pena.

A impressão é que a única razão de Parque do Inferno existir é que algum dos produtores tinha acesso a um parque de diversão cheio de bonecos e animatrônicos. Na verdade, toda a fita parece mais interessada no parque do que nos personagens ou assassino e isso não teria muito problema se o parque fosse capaz de criar algo verdadeiramente assustador, o que não é o caso. Parque do Inferno é um terror arrastado e entediante que sequer consegue construir um envolvente clima de temor.

Nota: 2/10


Trailer

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