Entrando para assistir este Parque do Inferno, a impressão é de que
seria uma versão piorada de Pague Para
Entrar, Reze Para Sair (1981), um terror oitentista dirigido por Tobe
Hooper, responsável por O Massacre da
Serra Elétrica (1974). Tendo visto Parque
do Inferno posso dizer que, bem, é isso mesmo.
A trama segue Natalie (Amy
Forsyth) uma garota certinha que desde os primeiros minutos fica evidente que
será a única a sobreviver ao que acontecerá. Junto com algumas amigas de
faculdades e seus respectivos namorados, Natalie vai a um parque que é montado
na cidade toda época de Dia das Bruxas e que já foi palco de um assassinato
dois anos antes. Os amigos de Natalie todos falam de bebida e sexo, o que em
termos de terror slasher significa
que eles obviamente irão morrer.
Aí reside o primeiro problema. O
filme se apoia em clichês velhos, cujo próprio cinema hollywoodiano já apontou
a obviedade a exemplo da franquia Pânico ou
o metalinguístico o Segredo da Cabana (2012).
Ainda assim, Parque do Inferno recicla
toda essa miríade de lugares comuns sem um quantum de ironia ou
autorreflexividade, aderindo acriticamente a fórmulas manjadas e previsíveis.
Não ajuda que os personagens
sejam folhas em branco desprovidas de carisma cujos diálogos são tão
artificiais que parecem ter sido escritos por um homem de meia-idade que não
tem qualquer contato com jovens, mas jura de pés juntos que “sabe tudo sobre
essa juventude”. Nada nesses personagens soa genuíno e, desta forma, é difícil
se importar com eles.
O roteiro não parece nem um pouco
preocupado com isso, jogando os protagonistas no parque já nos primeiros
minutos sem sequer se dar ao trabalho de nos fazer entender quem são aquelas
pessoas. Isso não seria tão problemático se ao menos a trama evoluísse com
agilidade, não perdendo tempo para começar as mortes, mas não é isso que
acontece. Os personagens do grupo principal só começam a morrer lá por volta
dos quarenta minutos de projeção (de um total de oitenta e nove).
O que o filme faz até lá? Bem,
ele acompanha os personagens em uma série de sustos gratuitos e óbvios enquanto
eles transitam pelo parque. Poderia funcionar se houvesse alguma ambiguidade ou
dúvida entre o que é do parque (que não representa risco aos protagonistas) e o
que ação do assassino real, mas como sempre é evidente de onde vem os sustos,
que não há suspense ou temor algum.
As mortes em si também não
impressionam, nem em termos de criatividade, nem em termos de violência. Na
verdade, em alguns momentos eu até me surpreendi que uma produção tão vagabunda
conseguisse exibir um trabalho minimamente decente em termos de efeitos
práticos como quanto um personagem tem a cabeça esmagada, mas é tão rápido (ao
estilo “piscou, perdeu) que não tem impacto nenhum. O único momento minimamente
eficiente é quando Taylor (Bex Taylor-Klaus) fica presa em uma guilhotina.
O assassino nunca soa
particularmente ameaçador em virtude de seu visual genérico e falta de
personalidade nas mortes ou nas armas que usa. Em muitos momentos ele chega a
ter a mocinha Natalie à sua mercê, mas inexplicavelmente não a mata, deixando-a
sobreviver por pura necessidade de roteiro. O desfecho ainda tenta apresentar
uma reviravolta que deveria soar impactante, mas é tão inconsequente e inane
que mais produz aborrecimento ao invés de surpresa. Fãs de terror devem
reconhecer o ator Tony Todd, famoso pela franquia Candyman além de outros filmes de terror, como o mestre de
cerimônias do parque, mas o filme faz muito pouco para aproveitar sua presença
sinistra e voz cavernosa (voz que ele emprestou ao vilão Zoom na segunda temporada de Flash), o que é uma
pena.
A impressão é que a única razão
de Parque do Inferno existir é que
algum dos produtores tinha acesso a um parque de diversão cheio de bonecos e
animatrônicos. Na verdade, toda a fita parece mais interessada no parque do que
nos personagens ou assassino e isso não teria muito problema se o parque fosse
capaz de criar algo verdadeiramente assustador, o que não é o caso. Parque do Inferno é um terror arrastado
e entediante que sequer consegue construir um envolvente clima de temor.
Nota: 2/10
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