terça-feira, 13 de novembro de 2018

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 1ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 1ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 1ª TemporadaImaginei que esta primeira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder fosse ser mais um desses revivals de produtos culturais oitentistas que não tinha nada a oferecer para sua audiência além do apelo da nostalgia. O que encontrei, no entanto, foi o contrário disso, sendo uma animação muito preocupada com o desenvolvimento dos seus personagens.

A trama é centrada em Adora. Nesta nova versão, Adora é uma recruta da Horda, o exército do maligno Hordak. Ela foi criada desde pequena pela maga Sombria e treinou desde sempre ao lado da amiga Felina. Durante uma missão de rotina, Adora encontra uma misteriosa espada mágica e fica presa em uma ruína ancestral ao lado de dois guerreiros da Resistência, a princesa Cintilante e o Arqueiro. Ao lado dos dois, Adora descobre as reais intenções da Horda e decide se aliar à Resistência. Munida de sua nova espada, ela se torna a poderosa She-Ra.

A narrativa não trata apenas dessa descoberta por parte de Adora de que ela estava do lado errado da guerra, mas também o processo de aprendizado dela em se tornar a heroína que todos esperam que ela seja. Aos poucos ela aprende que não pode confiar apenas em seus poderes, mas que sua capacidade de inspirar as pessoas e dar-lhes uma razão para lutar e ter esperança é tão importante quanto sua força física.

Há também um cuidado em desenvolver a complicada relação de amizade/inimizade entre Adora e Felina. Fica claro que elas se importam uma com a outra apesar de acabarem em lados opostos, sendo que aquilo que as afasta não é exatamente ideológico e sim uma certa medida de ressentimento que Felina tem por ter sempre vivido à sombra de Adora. Assim, as ações de Felina acabam sendo motivadas mais por ego e um desejo imaturo de mostrar que é capaz de superar Adora do que exatamente por crueldade. Do mesmo modo, a trama também explora o trauma deixado na protagonista pela criação recebida de Sombria.

Os demais coadjuvantes também tem seu espaço para desenvolvimento, em especial a Princesa Cintilante e sua relação com a mãe. Se de início o fato da rainha não querer que Cintilante participe ativamente da Resistência pode soar como a conduta de uma mãe superprotetora e as ações de Cintilante a de uma adolescente rebelde, com o tempo a trama nos mostra que cada uma delas tem motivações bem mais complicadas para ser do jeito que é. As demais princesas também se mostram bastante singulares entre si, tanto em termos de visual, quanto de poderes ou personalidade, da sempre entediada Serena, para curiosidade voraz de Entrapta, que muitas vezes a coloca (ou aos demais) em situações de perigo.

O visual acerta na construção de ambientes que misturam magia e tecnologia, criando um contraste entre os coloridos reinos das princesas com os corredores metálicos e genéricos da fortaleza de Hordak. As cenas de ação usam com criatividade os diferentes poderes das princesas e também servem para demonstrar a força avassaladora de She-Ra, que derrota destacamentos inteiros do exército inimigo com sua espada. Também não poderia deixar de mencionar a longa cena de transformação da personagem, que parece inspirada por animações como Sailor Moon.

Desta forma She-Ra e as Princesas do Poder vai além de um mero exercício de nostalgia ao construir personagens envolventes e uma heroína que tenta entender a melhor maneira de ser uma líder.


Nota: 8/10


Trailer

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