segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Crítica – Mogli: Entre Dois Mundos


Análise Crítica – Mogli: Entre Dois Mundos


Review – Mogli: Entre Dois Mundos
A jornada de Mogli: Entre Dois Mundos para chegar a ser exibido ao público não foi fácil. O projeto, dirigido pelo ator Andy Serkis, foi anunciado pela Warner quase que ao mesmo tempo em que a Disney divulgava um remake com atores da animação Mogli: O Menino Lobo. Os dois filmes estavam marcados para estrear no mesmo ano, mas a Warner preferiu adiar sua versão a competir com a encarnação mais famosa da Disney. Um ano passou e nada de Mogli: Entre Dois Mundos estrear até que em 2018, quase dois anos depois da data marcada para sua estreia, foi anunciado que a Netflix comprou o filme da Warner e o distribuiria mundialmente em seu serviço de streaming.

Dada a demora em levar o filme ao público e a eventual desova dele na Netflix pelo estúdio, a impressão é que a Warner estava querendo se livrar de um potencial fracasso financeiro e diminuir suas perdas com filme, tal qual a Paramount fez ao largar o péssimo The Cloverfield Paradox (2018) no colo da Netflix. A impressão se confirma ao assistir o filme, pois embora ele não seja uma bomba insuportável de assistir, tem poucos atributos para realmente envolver o público, sendo uma experiência apática.

A trama é a mesma que todo mundo já conhece: a família de Mogli (Rohan Chand) é morta pelo cruel tigre Shere Khan (Benedict Cumberbatch), mas o garoto sobrevive. Mogli cresce na selva, criado por lobos e sendo tutelado pela pantera Bagheera (Christian Bale) e pelo urso Baloo (Andy Serkis). Conforme Mogli cresce, mais difícil fica protegê-lo de Shere Khan e Bagheera acha melhor que ele vá viver entre os humanos.

Andy Serkis tenta trazer um olhar mais maduro e um pouco mais sombrio para a já conhecida história, mostrando Mogli com várias cicatrizes em virtude de seus embates com Shere Khan. A despeito das intenções de Serkis, no entanto, a narrativa revisita as mesmas batidas de todas as outras versões ao falar sobre a necessidade do homem saber conviver com a natureza ou sobre Mogli ser uma cria de dois mundos (e nesse sentido, o personagem quase vira um Tarzan genérico), podendo comandar tanto homens quanto animais. E, desta maneira, o prometido novo olhar nunca se concretiza e o filme não tem nada a dizer que já não tenha sido dito por muitas outras versões.

Apesar do esforço em explorar o senso de deslocamento de Mogli frente a animais e humanos, mas o garoto Rohan Chand muitas vezes não dá conta de construir a complexidade de emoções que o texto requer do personagem, fazendo todo o esforço do texto ficar raso. Do mesmo modo, a maneira como Serkis filma visa mostrar a selva como um espaço cheio de esplendor e perigo, mas os efeitos especiais irregulares prejudicam essa construção visual.

Quando eles funcionam, como no momento em Mogli encontra um enorme elefante com uma presa quebrada e coberta de musgo, conseguimos embarcar no encantamento e temor que o filme quer nos deixar imersos. Por outro lado, em muitas tomadas os efeitos especiais sequer parecem estar plenamente finalizados ou renderizados, deixando claro que Mogli está sozinho em um chroma key vazio e quebrando a imersão. Isso fica evidente, por exemplo nas reuniões da alcateia de lobos, cuja paisagem ao fundo soa claramente artificial. A impressão é que o estúdio desistiu do filme no meio da pós-produção ao perceber que não teria como lucrar em cima dele e resolveu passá-lo adiante mesmo com muitas tomadas toscas de efeitos especiais.

Mogli: Entre Dois Mundos falha em acrescentar novos elementos a uma história conhecida e, apesar da paixão que Andy Serkis demonstra pelo material, o resultado é algo emocionalmente inane.


Nota: 5/10

Trailer

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