segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Crítica – Lizzie


Análise Crítica – Lizzie


Review – Lizzie
Em 1892 o pai e a madrasta de Lizzie Borden foram brutalmente assassinados a machadadas. As suspeitas recaíram sobre Lizzie e a empregada, Bridget Sullivan, as únicas duas pessoas na casa, mas ninguém foi preso e o crime nunca foi resolvido, ficando no imaginário popular da cultura dos Estados Unidos.

O caso já rendeu vários filmes, livros e séries de televisão que tentavam entender o que aconteceu e inspiraram tantas outras obras como Alias Grace da escritora Margaret Atwood (autora de O Conto da Aia) que tinha uma premissa bem similar aos eventos reais e foi transformada em minissérie pela Netflix. Este Lizzie é a tentativa mais recente de examinar o caso e imaginar o que aconteceu, mas tem pouco a dizer que já não tenha sido explorado antes.

Na trama, Lizzie (Chloe Sevigny) é uma jovem mulher pertencente a uma família de alta classe que percebe que o tio está tentando tomar os negócios do pai que, por sua vez, não acredita nas acusações de Lizzie. Ao mesmo tempo, a protagonista se aproxima de Bridget (Kristen Stewart), a nova empregada de sua casa, e as duas começam a desenvolver um relacionamento.

Sevigny faz de Lizzie uma mulher que se vê como igual ao homens, não tendo qualquer problema ou reserva em questionar o pai ou o tio e é exatamente essa audácia que a faz ser vista pelos homens como uma mulher instável e agressiva, já que eles não estão acostumados a prestarem satisfações a mulheres.

O arco de Lizzie e Bridget ajuda a mostrar o machismo da época (e que permanece ainda hoje), o modo como as mulheres eram tratadas como inferiores, indignas e meros objetos. A questão é que a narrativa não faz muito além de apontar esses problemas e muito disso já foi explorado (e melhor) em outras versões dessa história ou tramas inspiradas por ela, como o caso de Alias Grace.

O texto ajuda a compreender o romance entre Lizzie e Bridget, ambas sentindo-se isoladas, incompreendidas e abusadas, assim como a crescente frustração de Lizzie com a família que eventualmente serviria de força motriz para o violento crime. A questão é que o filme nos conduz a todos esses momentos de maneira muito calculada e racional para algo que desemboca em uma raiva tão violenta.

Não ajuda também a estrutura escolhida para contar a história, cheia de idas e vindas no tempo. A trama começa no momento do crime, depois volta para mostrar os eventos que levaram ao assassinato, pula para o que acontece depois do crime para só então voltar e mostrar como as mortes aconteceram.

Como até mesmo o material de divulgação já concebe Lizzie como a assassina, a maioria do público já entra na sala de cinema imaginando que ela é a responsável e, dessa forma, todo o esforço de ocultar o crime até o último minuto soa como uma complicação desnecessária que só esvazia o peso do que é mostrado, pois até chegarmos nesse momento já temos uma ideia do que sucedeu.

No fim das contas, a despeito do bom trabalho de Chloe Sevigny, Lizzie acaba tendo pouco a acrescentar à discussão de um caso que já foi tantas vezes explorado pela ficção.

Nota: 5/10

Trailer

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