terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Crítica – A Sereia: Lago dos Mortos


Análise Crítica – A Sereia: Lago dos Mortos


Review – A Sereia: Lago dos Mortos
O terror russo A Sereia: Lago dos Mortos mostra que as distribuidoras brasileiras não entendem a razão do público pedir filmes legendados. Imagino que os distribuidores pensam que espectadores que gostam de filmes legendados apreciam ler legendas. Essa é a única explicação para que A Sereia: Lago dos Mortos chegue aqui dublado em inglês com legendas em português ao invés de legendado com o áudio original em russo ou simplesmente dublado em português. Se alguém ainda não entendeu, algumas pessoas preferem legendado para ter acesso ao áudio original, então exibir cópias legendadas com áudio dublado em outro idioma não faz sentido.

A trama acompanha os noivos Roman (Efim Petrunin) e Marina (Viktoriya Agalakova), que estão prestes a casar. Roman ganha do pai uma antiga casa de campo como presente de casamento e ao chegar lá encontra uma sereia no lago aos fundos da propriedade. Vítima da maldição da criatura, ele precisa achar um jeito de quebrar o encanto.

A ideia de um terror calcado na figura da sereia poderia render algo diferente, mas o filme escolhe os caminhos mais convencionais possíveis. A produção ao menos faz algum esforço em criar uma atmosfera sinistra, em especial na sombria e decrépita casa de campo, o problema é que o texto nunca tem nada interessante a dizer ou mostrar sobre esses lugares ou personagens.

Há um esforço mínimo em estabelecer a mitologia ao redor da criatura e a impressão é que as regras vão sendo inventadas e mudadas conforme a trama progride. Inclusive há um momento em que o filme parece deixar claro que o encanto foi quebrado, com a lápide da sereia rachando durante o ritual, apenas para minutos depois sermos informados que aquilo de nada adiantou, apresentando um novo conjunto de regras a respeito das ações da criatura.

Na verdade, acaba sendo um filme genérico de possessão, com a sereia podendo aparecer em praticamente qualquer lugar, independente de ter água ou não, para atormentar aqueles que amaldiçoa. Em uma cena a criatura chega a acender todas as velas de um recinto, o que não faz sentido algum já que ela deveria ser um espírito das águas. Boa parte das tentativas de aterrorizar o público são constituídas de sustos gratuitos, com coisas pulando subitamente na tela, ou de algo aparecendo apenas para que um corte abrupto revelar se tratar de uma alucinação. É uma coleção pouco imaginativa de jumpscares que não ajuda em nada a superar a natureza vazia e sem personalidade do roteiro.

Os personagens são páginas em branco, desprovidos de qualquer traço discernível. A única coisa que sabemos de Roman é que ele pratica natação e Marina é definida apenas por ser noiva de Roman. Durante boa parte do filme eles tomam atitudes tão estúpidas e sem sentido que nos fazem torcer para que eles sejam devorados pela sereia e o filme acabe logo.

Vazio, genérico e monótono A Sereia: Lago dos Mortos desperdiça a chance de criar algo diferente a partir de uma criatura pouco usada pelo cinema de terror.

Nota: 2/10

Trailer

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