quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Crítica – A Vingança Perfeita


Análise Crítica – A Vingança Perfeita


Review – A Vingança Perfeita
No papel A Vingança Perfeita tinha tudo para dar certo: uma estilosa história de vingança com um elenco cheio de intérpretes carismáticos como Margot Robbie e Simon Pegg. Na prática, no entanto, o resultado é um filme vazio e cheio de afetações que não levam a lugar algum.

Na trama, a assassina Bonnie (Margot Robbie) oferece seus serviços para um misterioso chefão do crime. Para trabalhar com ele, porém, ela precisa se mostrar superior aos seus concorrentes. Ao mesmo tempo, Bill (Simon Pegg), um professor com uma doença terminal, vaga pela cidade enquanto contempla a possibilidade de suicídio.

O texto se pretende a uma reflexão sobre violência, loucura, vida e morte, cheio de citações literárias a obras como Alice no País das Maravilhas, construindo longos diálogos verborrágicos com a certeza de que está fazendo algo digno de Quentin Tarantino ou Guy Richie quando, na verdade, está bem longe disso. A verdade é que a maioria dessas conversas nunca produz nenhuma reflexão ou insight sobre os temas abordados e as falas parecem mais estruturadas para gerar frases de efeito “impactantes” ou “descoladas” do que para produzir um argumento interessante a respeito de qualquer um dos assuntos. Claro, Margot Robbie traz uma energia insana à sua assassina que impede que tudo mergulhe no completo tédio, mas nem mesmo ela consegue salvar um texto tão equivocadamente raso.

A trama ainda exibe (principalmente em seu terço final) uma série de reviravoltas que claramente foram pensadas para soar surpreendentes e convencer o público de que estamos assistindo uma trama extremamente inteligente. A questão é que praticamente todas essas reviravoltas variam entre o extremamente previsível, como a revelação da identidade do tal gênio do crime, e o inútil, como o momento em que descobrimos que uma determinada personagem tem uma irmã gêmea, sem que isso altere muita coisa do resultado final ou transforme os personagens de alguma maneira. O roteiro parece confundir surpresa com esperteza, achando que basta jogar qualquer coisa inesperada de qualquer maneira para encantar o espectador.

Visualmente o filme trabalha construindo contrastes entre sombras e intensas luzes em tons de neon, criando visuais que remetem a “neon-noirs” semelhantes aos trabalhos do diretor Nicolas Winding Refn como Drive (2011) e Só Deus Perdoa (2013) ou mesmo ao que é feito pela série Riverdale. Assim, mais uma vez a despeito de tudo ser filmado com a extrema convicção de que está apresentando à sua audiência algo incrivelmente criativo, o filme apenas costura referências que foram melhor executadas por outras pessoas.

Na verdade esse acaba sendo o principal problema de A Vingança Perfeita. Uma mistureba frustrante, vazia, sem alma e sem personalidade de um conjunto amplo de referências que nunca é costurado de maneira coesa ou singular apesar de ser embalado com a certeza de ser algo diferente, estiloso e inovador.


Nota: 3/10

Trailer

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