sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Crítica – Carmen Sandiego: 1ª Temporada


Análise Crítica – Carmen Sandiego: 1ª Temporada


Review – Carmen Sandiego: 1ª Temporada
A série animada Carmen Sandiego (1994 – 1999) seguia uma dupla de jovens detetives que viajava pelo mundo caçando a elusiva ladra que dava o título à animação. Ela era uma antagonista, mas uma figura envolta em mistério, que despertava fascínio por sabermos tão pouco a seu respeito, pelo visual icônico e pela esperteza dos seus assaltos. Este novo Carmen Sandiego mantem o clima de aventura, mas perde um pouco do suspense.

Carmen (voz de Gina Rodriguez) é uma órfã encontrada por agentes da V.I.L.E uma agência secreta de supercriminosos que se dedica a enriquecer roubando objetos valiosos. Ela é treinada desde cedo para ser uma hábil agente, sem saber o real propósito da organização. Quando finalmente descobre que está trabalhando para um grupo de ladrões, ela abandona a V.I.L.E e se dedica a recuperar os itens roubados por eles com a ajuda do hacker Player (voz de Finn Wolfhard, o Mike de Stranger Things).

Sim, a nova versão transforma a protagonista de vilã em heroína. Isso não é um problema em si, mas a transição tira dela muito de sua mística e senso de mistério, principalmente pelos dois primeiros episódios já começarem contando a origem da personagem. Os demais não tem muito desenvolvimento. Zack e Ivy, que animação original caçavam Carmen, agora são seus ajudantes, mas não há muito espaço para eles crescerem. Player, por sua vez, se limita a ser uma voz de auxílio. O principal incômodo vem do inspetor Deveraux, que é tão atrapalhado e equivocado em suas conclusões que o tempo todo me perguntei porque a agência ACME o recrutou.

Os vilões chamam atenção pelos visuais excêntricos, mas são o típico bando de criminosos sem escrúpulo e só no último episódio da temporada há alguma mudança em um deles. Falta, no entanto, o desenvolvimento e complexidade de outras animações recentes, como She-Ra e as Princesas do Poder, também da Netflix.

A série mantem o lado pedagógico da série original (e também dos antigos jogos de videogame) ao usar as aventuras ao redor do mundo para educar o público sobre a história, cultura, sociedade e política dos países visitados. Nem sempre essa costura da dimensão “educacional” da série é bem costurada no roteiro, mas em geral é um esforço louvável e talvez um de seus principais méritos o de tentar expandir o repertório cultural do espectador, algo que serve a crianças e adultos.

As cenas de ação e execução dos roubos são competentes e servem bem ao clima aventuresco da série, com Carmen usando principalmente sua esperteza e engenhosidade para superar tanto a polícia quanto os criminosos que estão em seu encalço. Mesmo sendo uma narrativa para um público infanto-juvenil, a série consegue criar um senso de perigo e que Carmen pode realmente se machucar ou pior caso os ladrões da V.I.L.E levem a melhor sobre ela.

Focando mais na aventura do que nos personagens, Carmen Sandiego é movimentada e esperta o suficiente para funcionar como um bom entretenimento, ainda que não seja tão marcante quanto a original.


Nota: 7/10

Trailer

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