quarta-feira, 20 de março de 2019

Crítica – Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral

Análise Crítica – Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral


Review – Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
O primeiro Cine Holliúdy (2013), produção do diretor cearense Halder Gomes, era uma comédia falha, mas bastante simpática, que conquistava por seu carisma e sinceridade. Essa continuação, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral traz o mesmo encantamento de antes, mas também uma parcela dos mesmos problemas.

Avançando alguns anos, a trama agora se passa nos anos 80 e com a consolidação da televisão nas cidades do interior, o cinema de Francisgleydisson (Edmilson Filho) vai à falência e ele vende o imóvel para uma igreja evangélica liderada pelo Apóstolo (também Edmilson Filho). Falido, ele vai com a esposa, Maria das Graças (Miriam Freeland), e o filho Francin (Ariclenes Barroso) morar com a sogra. Uma nova ideia surge na mente dele quando, depois de uma noite de bebedeira, vê um amigo do bar ser abduzido por alienígenas e assim ele pensa em fazer um filme sobre o tema. Para tal, ele pede financiamento para o prefeito Olegário (Roberto Bomtempo), que está tentando eleger a amante, Justina (Samantha Schmutz) como sua sucessora.


Assim como no primeiro filme, a trama aposta na construção de como o fascínio pelo cinema, mesmo que ingênuo e simplório, é capaz de mobilizar pessoas e transformar vidas. É também possível fazer uma leitura sobre a importância da representatividade, já que muito do interesse da população local deriva do fato deles poderem se ver e se verem representados na tela, lembrando da importância desse reconhecimento de representação. A questão da representação é percebida também no compromisso do filme com a linguagem do “cearencês”, recorrendo ao uso de legendas para que seus regionalismos quase que ininteligíveis sejam compreendidos pelos espectadores de fora do Ceará.

Muito do humor deriva dos tipos pitorescos que habitam a cidade, com muitos personagens retornando do primeiro filme como o cego interpretado pelo cantor Falcão (o do Ceará, não o do Rappa), além de uma série de outros novos. Chico Diaz rouba todas as cenas em que aparece como o pintor Véi Góis, uma espécie de Salvador Dalí do sertão, enquanto que Gorete Milagres diverte como a sempre pessimista sogra do protagonista.

É possível perceber também um claro aumento no valor da produção, seja nos efeitos especiais ou maquiagem, como também na condução de algumas cenas de ação a exemplo da luta entre Maria das Graças e Justina, no qual a montagem consegue mascarar com habilidade a inserção de dublês, como também no segmento que coloca Edmilson Filho (que também trabalhou com o diretor Halder Gomes em O Shaolin do Sertão) para lutar consigo mesmo ao mostrar o embate entre Francisgleydisson e o Apóstolo.

O desfecho tem um pouco do mesmo problema do primeiro ao gastar muito tempo com os personagens reagindo à exibição do filme sem que muita coisa realmente aconteça, tendo que compensar isso posteriormente ao amarrar tudo de maneira um pouco apressada demais. Há também o problema de que a abdução dos bêbados é praticamente esquecida pela trama, só retornando nos minutos finais.

Mesmo sem trazer grandes novidades, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral oferece uma diversão bem sincera, apoiada em um senso palpável de adoração ao cinema.


Nota: 7/10


Trailer

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