Um grupo de soldados monta uma operação ilegal e fora dos
registros para roubar dinheiro de um criminoso internacional, essa é a premissa
inicial do ótimo e pouco visto Três Reis
(1999). Este Operação Fronteira parte
de um similar ponto de partida, mas o objetivo do diretor J.C Chandor é
relativamente diferente.
A trama começa quando Santiago (Oscar Isaac), que está em
missão na Colômbia, descobre que um poderoso narcotraficante está escondido em
uma mansão na selva no qual guarda toda sua fortuna. Ele então bola um plano
para atacar a mansão matar o traficante, a quem persegue há anos, e roubar todo
seu dinheiro. Para isso resolve chamar antigos companheiros de exército. Tom
(Ben Affleck), que agora tenta ganhar a vida como corretor de imóveis, é o que
mais demora a ser convencido, enquanto os demais aceitam rapidamente a
oportunidade de voltar à ação.
Se Três Reis mostrava
os protagonistas se dando conta dos problemas causados pela presença dos EUA em
uma zona de guerra que nada tinham a ver e que suas ações faziam pouco para
ajudar a população local, Operação
Fronteira está mais preocupado em abordar as consequências morais dos atos
de ganância de seus personagens. Desta maneira, conforme eles tentam sair do país
cheios de malas de dinheiro, o filme se torna uma mistura de O Tesouro da Sierra Madre (1948) e O Comboio do Medo (1977).
Conforme os personagens realizam o roubo, fica evidente que
eles foram tomados pela cobiça ao preferirem arriscar carregar um excesso de
carga do que pegar uma quantidade segura e diminuírem os riscos. Tom, que no
início reluta em aceitar a proposta de Santiago, se mostra o mais afetado,
disposto a qualquer risco para não ter que abrir mão de um saco de dinheiro
sequer. A partir desse ponto fica óbvio que a missão dará terrivelmente errado
e que os soldados pagarão o preço por sua cobiça e amoralidade.
Nada disso é exatamente novo, sendo tratado pelo cinema
desde o já citado O Tesouro de Sierra
Madre ou filmes mais recentes, como Mar Negro (2014). O tema parece ser caro ao diretor que já elaborava sobre isso
em filmes como Margin Call: O Dia Antes
do Fim (2011) e O Ano Mais Violento
(2014). A questão é que em seus filmes anteriores Chandor conseguia ter algo
consistente a dizer sobre os seus personagens, o universo que eles habitavam e
as estruturas sociais que os impeliam ou permitiam sua conduta. Aqui, no
entanto, ele não sai da superfície.
Ele aponta algumas questões como a dificuldade dos soldados
em se readaptarem à sociedade após o trauma da guerra ou como eles são
treinados para silenciarem as próprias emoções. São personagens duros,
traumatizados e que não externam seus sentimentos e, talvez por isso, por nunca
deixar que compreendamos o que há internamente com eles, os personagens nunca
conseguem ir além do lugar-comum do soldado durão e traumatizado. A trama
também tem pouco a dizer sobre o espaço que em se passa e, no fim das contas
acaba fazendo pouca diferença se a trama é situada numa complicada zona de
tríplice fronteira na América do Sul ou em qualquer outra parte do mundo.
O que funciona mesmo é o manejo da tensão e sequências de
ação. Menos explosivas e com uma abordagem mais realista, esses momentos
transmitem bem a sensação de acuamento e desespero dos personagens, dispostos a
qualquer coisa para seguir viagem com sua preciosa carga e assoberbados com a
possibilidade de realmente conseguirem escapar. De uma veloz perseguição pela
floresta, passando pela tensa queda de um helicóptero, Chandor parece conduzir
tudo para criar uma sensação constante de desastre iminente e que a qualquer
momento os planos dos personagens podem simplesmente cair por terra.
Mesmo não explorando seus principais temas de maneira
consistente, Operação Fronteira é um
tenso suspense sobre as consequências da ganância.
Nota: 6/10
Trailer
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