quinta-feira, 11 de abril de 2019

Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Análise Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Resenha Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas
Dirigido por John Cameron Mitchell a partir de uma história escrita por Neil Gaiman (responsável também por escrever Deuses Americanos), Como Falar Com Garotas em Festas encanta pelos personagens esquisitos e senso visual, mas nem sempre tem substância suficiente para acompanhar seu estilo.

A trama se passa na Londres da década de 70 e acompanha um grupo de jovens em uma banda punk rock. Um desses jovens é o tímido Enn (Alex Sharp), que durante uma festa encontra um grupo de alienígenas que está viajando pelo universo e conhece a curiosa Zan (Elle Fanning), que fica muito entusiasmada com a possibilidade de sair daquele lugar e conhecer o mundo dos humanos. Assim, os dois começam a passear por Londres ao mesmo tempo em que os líderes do povo de Zan começam a procurá-la por ela ter abandonado o grupo.

Se a premissa “punks vs aliens” não for o suficiente para despertar a curiosidade sobre este filme, nada mais a respeito dele o fará, já que a melhor qualidade da trama é justamente sua atmosfera aloprada, investindo em personagens insólitos e visuais psicodélicos. Mesmo sem muito desenvolvimento em muitas das figuras que encontramos ao longo da narrativa, a trama consegue criar figuras curiosas e excêntricas como a rainha punk interpretada por Nicole Kidman ou a deslumbrada mãe de Enn que passa seus dias rememorando seus quinze minutos de fama.


O diretor John Cameron Mitchell tem um claro afeto por esse universo punk, já tendo explorado isso em seu clássico cult Hedwig: Rock, Amor e Traição (2001), e voltando a ele aqui para novamente falar sobre a potência libertadora do punk. A questão é que não há muito mais subtexto no filme além disso, o contato de Zan com Enn e a filosofia punk a fará questionar o coletivismo cego do seu povo e é basicamente isso.

Toda a temática do filme se esgota rapidamente e o que resta é esse vaguear dos personagens que muitas vezes rende encontros divertidos, mas em outras tem dificuldade de extrair alguma coisa interessante, resultando em um ritmo irregular que muitas vezes dá a impressão de que ele não sabe exatamente o que quer desses personagens.

Ainda assim a jornada consegue ser encantadora graças ao misto de ingenuidade e bizarrice que Elle Fanning coloca em Zan, realmente convencendo de que ela é uma alienígena tentando entender a raça humana. São dela alguns dos melhores momentos do filme, como quando ela canta sobre seu povo na boate ou boa parte das cenas em que Zan tenta explicar sobre de onde ela vem para Enn e seus amigos.

Outro elemento que faz valer a experiência são os visuais coloridos e psicodélicos que não só são coerentes com a época, como também ajudam a dar a atmosfera de estranheza interplanetária que é tão necessária para que embarquemos na história. Cada facção alienígena inclusive tem seu próprio esquema de cores e forma de se vestir, contribuindo para que entendamos quem é quem sem muito esforço.

Como Falar Com Garotas em Festas vale pela sua atmosfera aloprada e visuais psicodélicos, ainda que nem sempre a trama tenha muito a dizer sobre seus personagens.

Nota: 6/10


Trailer

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