terça-feira, 16 de abril de 2019

Crítica – A Maldição da Chorona


Análise Crítica – A Maldição da Chorona


Review – A Maldição da Chorona
Eu não fazia a menor ideia de que este A Maldição da Chorona fazia parte do “universo compartilhado” da franquia Invocação do Mal. Considerando que A Freira (2018) foi bem abaixo do que eu esperava e que teremos um terceiro filme da boneca Annabelle esse ano, não imaginava que teríamos outro produto neste universo. A verdade é que parte de um universo maior ou não, A Maldição da Chorona é um terror preguiçoso e cheio de clichês.

A trama acompanha a assistente social Anna (Linda Cardellini). Durante uma inspeção de rotina, ela descobre que uma mulher mexicana, Patricia (Patricia Velasquez), está mantendo os filhos trancados em um armário há dias. Anna resgata os meninos e os leva a um abrigo, mas um dia depois os dois garotos morrem afogados misteriosamente. Ao mesmo tempo, os dois filhos de Anna começam a ser assombrados por uma aparição de uma mulher chorosa vestida de noiva e a mãe começa a desconfiar que a assombração tem alguma relação com as crianças mexicanas.

O filme é todo estruturado em sustos súbitos que são tão óbvios que podemos antecipá-los a milhas de distância e como tudo é previsível, é difícil efetivamente sentir medo. Algumas situações que deveriam ser fonte de tensão ocasionalmente descambam para o humor involuntário a exemplo do momento em que o fantasma da Chorona começa a esfregar o xampu na cabeça de uma das filhas de Anna, que toma banho de banheira. A cena toda é tão absurda e sem sentido que parece algo saído da franquia Todo Mundo em Pânico ou algum tipo de paródia similar. O visual da criatura também não assusta, nem impressiona, diferente do que acontecia com Annabelle ou com a Freira.

Não ajuda que a maioria dos personagens se comporte de maneira estúpida e tome péssimas decisões o tempo todo. Sim, eu sei que em filmes de terror certo grau de idiotice é esperado por parte dos personagens, já que sem isso a assombração não teria como afetá-los, mas em muitos momentos as escolhas dos personagens são seu principal obstáculo para ficarem vivos. Não faz sentido que os filhos de Anna não contem para a mãe sobre o que estão vendo, mesmo depois da Chorona feri-los fisicamente, Anna ver as feridas, questionar os filhos a respeito e ainda assim as crianças demoram a falar. Do mesmo modo, não faz muito sentido que Anna tente esconder o que está acontecendo em sua casa para o amigo policial Cooper (Sean Patrick Thomas), preferindo que o policial pense que ela é uma mãe negligente.

O clímax peca por várias reviravoltas que se revelam inconsequentes, não tendo qualquer impacto no conflito, como o fato de Patricia aparecer na casa de Anna (como ela sabia onde a protagonista morava?), que não altera em nada o curso dos eventos. A personagem inclusive nem é citada durante o desfecho, o que é muito estranho, afinal ela invadiu a casa de Anna e atirou em uma pessoa, era de se imaginar que isso teria alguma repercussão, mas não. O policial Cooper é outro que desaparece do filme, não voltando a aparecer depois da cena em que ele vai com o Conselho Tutelar na casa de Anna. Toda essa subtrama de Anna ser tratada como uma mãe negligentemente criminosa também não tem qualquer impacto ou consequência na narrativa e é completamente esquecida.

Investindo em sustos óbvios e rasteiros, com um roteiro frouxo e ocasionalmente caindo no humor involuntário, A Maldição da Chorona mostra claros sinais de desgaste na fórmula do universo Invocação do Mal.


Nota: 4/10


Trailer

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