Vingadores: Ultimato tinha
a ingrata missão de encerrar um ciclo de narrativas iniciadas há mais de dez
anos, contendo inúmeros personagens e tramas. Poderia ser confuso, bagunçado ou
cansativo, mas o filme é um desfecho competente e digno a todas essas
histórias, respeitando e celebrando o próprio legado.
A trama começa no ponto em que Vingadores: Guerra Infinita (2018) terminou. Com o Capitão América
(Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e os demais tentando descobrir
o que fazer depois da dizimação de Thanos (Josh Brolin). Ao mesmo tempo, Tony
Stark (Robert Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillan) estão à deriva no espaço
depois da batalha no planeta Titã.
Dizer mais seria dar estragar a experiência, já que é melhor
assistir sabendo o mínimo possível, mas o começo faz um eficiente trabalho em
evidenciar o peso da derrota sobre os heróis e do caos que se instaurou no
mundo após a dizimação. Todo o começo serve para dar peso e motivação para os
eventos que segue e, por mais que demore para chegar onde precisa, é necessário
para que compreendamos devidamente o que está em jogo para cada personagem.
A luta para reverter a dizimação poderia ser uma corrida de
cenas de ação incessantes, mas os irmãos Russo preferem priorizar as jornadas
dos heróis até aqui, mostrando o quanto eles aprenderam, evoluíram e
amadureceram. Tudo bem que há um inegável sentimento de “último capítulo de
novela das oito” ao rememorar os momentos mais importantes e trazer de volta
praticamente todos os personagens que tiveram alguma relevância na jornada
desses heróis.
Por outro lado, é tudo tão coerente com quem aquelas pessoas
são e a jornada deles até aqui que acaba sendo um incômodo menor. Há uma
verdade emocional tão grande e os irmãos Russo exibem um carinho tão genuíno
por aqueles personagens, que é difícil não se deixar levar por eles. O elo
fraco acaba sendo Thor (Chris Hemsworth) que é reduzido a um alívio cômico
durante boa parte da projeção e, como de costume em tramas envolvendo viagens
no tempo, há uma lógica relativamente rocambolesca guiando tudo.
Aliás, é curioso que Thor tenha conseguido conter Thanos tão
facilmente no final de Vingadores: GuerraInfinita, mesmo com o vilão estando em posse de todas as joias, e aqui ele,
o Capitão e Stark tenham dificuldade em enfrentá-lo durante o começo da batalha
final. A impressão é que a força do vilão aqui é pura conveniência do roteiro.
O que não impediu, no entanto, que eu tenha ficado na beira do assento durante
boa parte do clímax, principalmente pela criatividade com que os heróis
combinam suas habilidades, em especial quando vemos um personagem empunhar a
arma de outro herói.
Na verdade, é provavelmente o desfecho mais potente e
catártico de uma grande saga hollywoodiana desde O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003), seja em sua
grandiosidade ou na maneira emotiva com a qual encerra as tramas de seus
heróis, reverenciando e respeitando o caminho trilhado até aqui.
Desta maneira, Vingadores:
Ultimato entrega tudo que esperávamos dele, um encerramento digno e intenso
que costura com habilidade mais de dez anos de histórias contadas neste
universo cinematográfico compartilhado. Um feito que provavelmente não será
repetido tão cedo.
Nota: 8/10
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