segunda-feira, 6 de maio de 2019

Crítica – Cemitério Maldito


Análise Crítica – Cemitério Maldito


Review – Cemitério Maldito
Confesso que nunca vi o primeiro Cemitério Maldito (1989). Lembro do SBT passar direto em suas sessões noturnas quando eu era criança, mas o comercial me deixava com medo de assistir. O tempo passou e eu me acostumei a filmes de terror, mas nunca lembrei de retornar a Cemitério Maldito. Assim, assisti a essa nova adaptação da história escrita por Stephen King sem ter visto a primeira versão.

A trama acompanha a família do médico Louis (Jason Clarke), que se muda para o interior do Maine para recomeçar a vida. Um dia, o gato de sua filha Ellie (Jeté Laurence) é atropelado e ele leva o animal a um cemitério de animais. Jud (John Lithgow), o vizinho da família, direciona Louis a uma parte isolada do cemitério, direcionando o médico a enterrar o gato ali. Dias depois, o gato reaparece na residência da família, mas aos poucos vai se tornando evidente que o animal está muito diferente.

É, em essência, um filme sobre a dificuldade em lidar com o luto e as maneiras com as quais o excesso de apego aos que partiram acaba destruindo as vidas de quem ficou. A ideia é vista tanto nos flashbacks da esposa de Louis, Rachel (Amy Seimetz), que tem dificuldade em desapegar da brutal morte da irmã doente anos atrás, como na própria jornada de Louis.

A questão é que o filme demora a chegar nesse ponto de conflito, com o principal evento da trama ocorrendo quando mais da metade da projeção se passou. É só nesse ponto, quando Louis perde um dos filhos, que a trama de fato começa a penetrar nesses temas de luto, apego e a relação dos seres humanos com a inevitabilidade da morte.

Claro, mesmo antes de chegar em seu principal conflito, a trama já vai evidenciando esses temas, o problema é que não há muita substância em seu argumento ou personagens que sustente o filme até chegar lá. É dito que eles foram para essa nova cidade como um recomeço, mas nunca fica claro de quê. Se houve algum grande trauma envolvendo algum deles, fracasso profissional ou cansaço das grandes cidades.

Do mesmo modo, muitos personagens pecam pela unidimensionalidade, como Rachel, definida apenas por seu trauma de infância, ou pela apatia que Jason Clarke dá a Louis durante boa parte da projeção, só melhorando no terço final. Desta maneira, há pouco com o que ficar investido na família principal durante boa parte da trama. John Lithgow se sai melhor como Jud, dando a ele ambiguidade o bastante para ficarmos indecisos se ele de fato se importa com Ellie ou se já se aproxima da menina e da família com propósitos nefastos.

Se falta substância ou ritmo à trama, o filme compensa isso com bons momentos de tensão e algumas imagens sinistras. O “gato zumbi” consegue ser assustador mesmo quando está apenas parado olhando para os humanos e algumas imagens bastante grotescas por conta de sua crueza gráfica, como quando Louis atende um jovem atropelado ou alguns dos flashbacks de Rachel, servem para criar medo e nojo no espectador.

Desta maneira, Cemitério Maldito é um terror competente, ainda que demore para chegar em seus temas principais e seus personagens não sejam lá muito interessantes.


Nota: 6/10

Trailer

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