sexta-feira, 14 de junho de 2019

Crítica – Blindspot: 3ª Temporada


Análise Crítica – Blindspot: 3ª Temporada


Review – Blindspot: 3ª Temporada
Quando escrevi sobre a segunda temporada de Blindspot, falei que o encerramento do arco envolvendo a organização Sandstorm era uma oportunidade para a série se reinventar, encontrar novos rumos. Lamentavelmente não foi isso que aconteceu e a série se prende a uma repetição dos mesmos formatos, sendo que estes já não se justificam mais.

A trama se passa um ano e meio depois dos eventos da temporada anterior. O grupo se debandou e Jane (Jamie Alexander) está vivendo no exterior quando é procurada por Weller (Sullivan Stapleton) que tem uma mensagem de Roman (Luke Mitchell) que só poderia ser aberta por Jane e Weller juntos. A mensagem revela novas tatuagens no corpo de Jane que dão pistas para um novo plano de Roman.

Ou seja, o primeiro episódio praticamente reseta tudo, restaurando o status quo e joga no lixo qualquer oportunidade de deixar a série crescer ou se transformar, prendendo-a aos mesmos padrões narrativos dos anos anteriores. O salto temporal também significa que temos que retornar a nos familiarizar novamente com os personagens visto que eles agora estão em situações diferentes.

Outro problema é que todo esse esquema de novas tatuagens soa mirabolante demais para um objetivo final relativamente simples por parte de Roman, que era desmascarar e se vingar de um poderoso empresário responsável pelo orfanato no qual Roman e Jane passaram a infância. Considerando que a trama tenta nos convencer de que Roman é um sujeito implacável, porque não matar diretamente Crawford (David Morse) ou dar as evidências que tinha diretamente para Jane?

Sim, a série tenta justificar tudo isso dizendo que Roman gosta de enigmas, mas soa como uma resposta muito fácil para algo que poderia ter consequências que Roman não tinha como prever ou interferir, fazendo todo o plano soar como um risco estúpido e desnecessário. Pelo menos o plano de Shepard nos dois primeiros anos era pensado para desestruturar e confundir, mas aqui não faz sentido.

Desde a temporada anterior faltava a Roman algo que evocasse o perigo e instabilidade que o texto sugere, provavelmente por conta do trabalho apático de Luke Mitchell, que também já tinha falhado em angariar qualquer simpatia por seu Lincoln em Agentes da SHIELD. David Morse até consegue dar um ar de seriedade e ameaça a Crawford, mas é prejudicado por um roteiro que não faz dele nada mais que um mega empresário maligno genérico, que nunca soa digno de ser considerado um perigo tão grande.

O salto temporal também serve para “resetar” a relação entre Jane e Weller que se distanciaram depois os eventos da temporada anterior. Assim, ao invés de vermos o amadurecimento da relação dos dois, precisamos perder tempo com a reaproximação entre eles que só repete as batidas de anos anteriores. O relacionamento é prejudicado por algumas reviravoltas que obviamente serão desfeitas mais adiante, como o fato de Weller ter aparentemente matado a filha de Jane (e que Jane nem sabia que existia). Como algo tão importante acontece off câmera e é revelado em flashbacks, fica evidente que a garota não morreu de verdade e Weller e Jane estavam sendo enganados.

Aliás, esse é um problema constante da temporada, de reviravoltas que existem apenas para criar a impressão de um revés e segurar o desenvolvimento da trama do que elementos que existem para desenvolver os personagens ou reexaminarmos aquilo que achávamos que sabíamos sobre aquelas pessoas. Talvez isso aconteça por conta do formato de temporada mais longa, de 22 episódios, que gera a necessidade de ficar estendendo a trama, mas a questão é a narrativa abusa de reveses inúteis e óbvios que só travam a história.

Reade (Rob Brown) e Zapata (Audrey Sparza) ficam presos em uma trama romântica cheia de clichês que parece um plágio piorado de O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997) e os faz se comportar como uma dupla de adolescentes emocionalmente imaturos (principalmente Zapata). Patterson (Ashley Johnson) permanece a personagem mais consistente conforme a série desenvolve seus traumas do passado ou amplia o que conhecemos a seu respeito. Dois dos melhores episódios da temporada são centrados nela. Um deles é o que se passa todo na mente da personagem, cuja memória repete em loop a mesma sequência de eventos enquanto ela está em coma. O outro é o que conhecemos o pai dela, ninguém menos que Bill Nye The Science Guy interpretando a si mesmo.

Com uma intriga que parece andar em círculos, uma estrutura narrativa que comodamente repete as mesmas coisas de anos anteriores e tramas desinteressantes para seus personagens, a terceira temporada de Blindspot mostra que a série perdeu o fôlego criativo.

Nota: 4/10


Trailer

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