quinta-feira, 27 de junho de 2019

Crítica – Crazy Ex-Girlfriend: 4ª Temporada


Análise Crítica – Crazy Ex-Girlfriend: 4ª Temporada


Review – Crazy Ex-Girlfriend: 4ª Temporada
Quando escrevi sobre a terceira temporada de Crazy Ex-Girlfriend, elogiei o fato da série finalmente colocar a protagonista (e outros personagens importantes) para confrontarem seus próprios problemas e se esforçarem para tentar melhorarem. Pois esta quarta e última temporada de Crazy Ex-Girlfriend amarra com competência a jornada de amadurecimento de seus personagens.

A trama começa mais ou menos no ponto em que a temporada anterior terminou. Com Rebecca (Rachel Bloom) indo para a prisão depois de arremessar Trent (Paul Welsh) de um telhado para salvar Nathaniel (Scott Michael Foster). A experiência na prisão leva Rebecca a entender o peso de suas ações e a faz repensar seu trabalho como advogada. Ao mesmo tempo, sua vida amorosa fica balançada quando Greg (Skylar Astin, substituindo Santino Fontana) retorna a West Covina.

Já ciente de seus problemas, a narrativa acompanha o percurso de Rebecca em lidar com eles e tentar ser uma pessoa melhor. Poderia ser uma jornada linear, com a protagonista melhorando a cada episódio, mas o texto reconhece que não é um processo fácil, que eventualmente ela regride, que não é possível fazer tudo sozinho, que é necessário apoio de amigos, de terapia e eventualmente de medicação.

É uma temporada que tem cara e clima de desfecho, trabalhando o tempo todo para reconhecer a jornada até aqui, celebrando o caminho percorrido ao mesmo tempo em que amarra a relação de Rebecca com o mundo a seu redor, incluindo personagens que pouco apareceram, como sua rival de infância, Audra (Rachel Grate), ou a mãe de Rebecca, Naomi (Tovah Feldshuh). Até mesmo a volta de Greg é usada para mostrar como os personagens amadureceram ao longo dos anos.

A trama também dá atenção aos coadjuvantes e explora relações entre eles que até então haviam sido pouco trabalhadas pela série. Um exemplo é o episódio que acompanha várias duplas de personagens viajando de carro. Nele seguimos Paula (Donna Lynne Champlin) e Josh (Vincent Rodriguez III) em um carro enquanto Heather (Vella Lovell) e Nathaniel viajam em outro.

O pareamento pouco usual desses personagens serve para fazer esses indivíduos confrontarem questões que ainda não tinham enfrentado. Nathaniel chama a atenção de Heather para sua conduta desleixada ao mesmo tempo em que Heather reclama da postura sempre agressiva e fechada dele. Do mesmo modo, Paula confronta Josh em relação a sua imaturidade enquanto Josh mostra o quanto Paula teme dar um passo adiante em sua carreira.

Todos esses temas de amadurecimento e trauma são tratados com o habitual humor autoconsciente da série, que brinca com as convenções de musicais e de comédias românticas. A troca do intérprete de Greg, por exemplo (feita porque Santino Fontana não pôde retornar por questões de agenda), é usada como uma metáfora para como nossa percepção sobre as pessoas muda a maneira como as enxergamos. Há um episódio inteiro feito como se fosse uma comédia romântica, parodiando filmes como O Diabo Veste Prada (2006) enquanto outro é todo centrado em fazer graça em cima do musical teatral Cats.

Os números musicais, por sinal, trazem a irreverência que caracteriza as performances da série, com muitos referenciando canções conhecidas. Já no primeiro episódio, o número em que Rebecca pede que as presas contem suas histórias é uma clara brincadeira com a canção Cell Block Tango de Chicago (2002). Algumas performances também referenciam números da própria série, como a canção de Rebecca sobre “quadrados amorosos” que repete parte da letra e melodia da canção sobre triângulos amorosos de uma temporada anterior.

Se nos últimos episódios todo o desenvolvimento de Rebecca parece ser reduzido a uma escolha de parceiro romântico, o episódio final é inteligente o bastante para fugir desse clichê romântico, sendo fiel ao espírito da série que desde o princípio parecia reconhecer que a resolução dos problemas da protagonista não residiam em um enlace amoroso. Ao invés disso o final reconhece que é preciso estar em paz consigo mesmo e feliz com quem se é antes de poder ser feliz ao lado de alguém, demonstração o amadurecimento de Rebecca sem precisar torná-la dependente de um homem.

No fim das contas, a quarta temporada de Crazy Ex-Girlfriend é um desfecho digno e competente para a jornada dramática, cômica e musical de Rebecca Bunch.

Nota: 9/10


Trailer

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