quarta-feira, 12 de junho de 2019

Crítica – MIB Homens de Preto: Internacional

Análise Crítica – MIB Homens de Preto: Internacional


Review – MIB Homens de Preto: Internacional
Esse MIB Homens de Preto: Internacional desde o início me parecia um daqueles filmes feito dentro de sala de reunião por executivos de estúdio. Aquele tipo de produto sem alma feito para seguir filões comerciais e surfar na atual onda de “universos cinematográficos” consolidada pela Marvel. Fui assistir, portanto, sem esperar nada e ainda assim foi decepcionante. É, de fato, exatamente o que imaginei que seria, um caça-níqueis cínico, mas este sequer consegue oferecer um módico de diversão.

A narrativa acompanha a agente M (Tessa Thompson), novata na MIB depois de uma vida inteira crendo na existência da agência. Ela é mandada pela agente O (Emma Thompson) para a filial de Londres, na qual deve trabalhar com o experiente agente H (Chris Hemsworth) para resolver uma crise intergaláctica.

De cara já dá para perceber como a trama recicla a narrativa do primeiro filme, que, por sua vez, já era reciclada no segundo e terceiro filme da franquia. É a mesma história do veterano que precisa ensinar o novato, enquanto precisam proteger um objeto que é poderoso e pequeno cujo valor eles inicialmente não sabem. Não bastasse a falta de imaginação, falta também ritmo, desenvolvimento e personagens interessantes.


O conflito principal demora a ser delineado, com quase quarenta minutos de filme, e quando acontece se torna completamente previsível, sendo fácil antever a reviravolta final envolvendo o agente T (Liam Neeson). A demora parece acontecer pelo esforço do filme em estabelecer que há um universo maior em ação, apresentando pontas e possibilidades para diversas tramas futuras. Assim, ele cai no mesmo erro de produtos como A Múmia (2017) ou o segundo Animais Fantásticos (2018) ao sacrificar o desenvolvimento do filme presente para apresentar uma construção que talvez justifique sequências, ignorando o fato de que não tem como fazer sequência de um filme do qual ninguém gosta ou assiste. Afinal, para me empolgar em ver continuações e spin-offs de um determinado filme eu preciso primeiro gostar no filme que estou assistindo no presente momento e não das promessas do que pode ser.

O agente H é um bon-vivant cabeça-quente irresponsável desprovido de qualquer qualidade positiva que nos faça querer torcer por ele. O texto até menciona o potencial do agente, da capacidade de liderança que ele teria, mas nunca o vemos demonstrar isso. O mesmo pode ser dito da relação entre H e T, o texto nos diz que eles são como pai e filho, mas nunca permite que de fato sintamos isso. Como é costumeiro na franquia, o filme ao menos consegue apresentar um bom design de produção, em especial na criatividade em nos apresentar a criaturas pitorescas, como o alienígena peludo que se disfarça como a barba de outro alienígena, mas esse seja talvez o único mérito da fita.

O material ainda incha a sua duração com segmentos que não fazem nada para desenvolver a trama ou os personagens, como na ida à fortaleza da criminosa interpretada por Rebecca Ferguson, que poderia ser inteiramente suprimida sem que se perdesse muita coisa. Sim, a sequência mostra M reencontrando o alien que viu na infância, fechando a ponta solta apresentada no início, mas isso poderia ser feito em literalmente qualquer outro momento e a revelação de que o capanga da criminosa era o pequeno alien que M conheceu é óbvia desde o início por conta da aparência idêntica.

O diretor F. Gary Gray conduz tudo sem qualquer senso de timing cômico alongando boa parte das cenas e diálogos cômicos além do necessário, tornando aborrecido diálogos que nem eram tão engraçados para começo de conversa. Algumas cenas chegam a causar mais constrangimento do que riso, quando M e H tentam consertar uma moto enquanto se recusam a conversar, se comportando como duas crianças estúpidas e birrentas ignorando o fato de que estão em uma situação de claro perigo para eles. A única cena em que verdadeiramente ri foi no breve momento em que o comediante Sérgio Mallandro aparece como um dos alienígenas monitorados pelos heróis.

Sem graça, sem personalidade, empolgação ou criatividade MIB Homens de Preto: Internacional não tem nada a oferecer além de um punhado de ideias velhas requentadas.

Nota: 4/10


Trailer

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