Esse MIB Homens de
Preto: Internacional desde o início me parecia um daqueles filmes feito
dentro de sala de reunião por executivos de estúdio. Aquele tipo de produto sem
alma feito para seguir filões comerciais e surfar na atual onda de “universos
cinematográficos” consolidada pela Marvel. Fui assistir, portanto, sem esperar
nada e ainda assim foi decepcionante. É, de fato, exatamente o que imaginei que
seria, um caça-níqueis cínico, mas este sequer consegue oferecer um módico de
diversão.
A narrativa acompanha a agente M (Tessa Thompson), novata na
MIB depois de uma vida inteira crendo na existência da agência. Ela é mandada
pela agente O (Emma Thompson) para a filial de Londres, na qual deve trabalhar
com o experiente agente H (Chris Hemsworth) para resolver uma crise
intergaláctica.
De cara já dá para perceber como a trama recicla a narrativa do
primeiro filme, que, por sua vez, já era reciclada no segundo e terceiro filme
da franquia. É a mesma história do veterano que precisa ensinar o novato,
enquanto precisam proteger um objeto que é poderoso e pequeno cujo valor eles
inicialmente não sabem. Não bastasse a falta de imaginação, falta também ritmo,
desenvolvimento e personagens interessantes.
O conflito principal demora a ser delineado, com quase
quarenta minutos de filme, e quando acontece se torna completamente previsível,
sendo fácil antever a reviravolta final envolvendo o agente T (Liam Neeson). A
demora parece acontecer pelo esforço do filme em estabelecer que há um universo
maior em ação, apresentando pontas e possibilidades para diversas tramas
futuras. Assim, ele cai no mesmo erro de produtos como A Múmia (2017) ou o segundo Animais Fantásticos (2018) ao sacrificar o desenvolvimento do filme presente para
apresentar uma construção que talvez justifique sequências, ignorando o fato de
que não tem como fazer sequência de um filme do qual ninguém gosta ou assiste.
Afinal, para me empolgar em ver continuações e spin-offs de um determinado filme eu preciso primeiro gostar no
filme que estou assistindo no presente momento e não das promessas do que pode
ser.
O agente H é um bon-vivant
cabeça-quente irresponsável desprovido de qualquer qualidade positiva que nos
faça querer torcer por ele. O texto até menciona o potencial do agente, da
capacidade de liderança que ele teria, mas nunca o vemos demonstrar isso. O
mesmo pode ser dito da relação entre H e T, o texto nos diz que eles são como
pai e filho, mas nunca permite que de fato sintamos isso. Como é costumeiro na
franquia, o filme ao menos consegue apresentar um bom design de produção, em especial na criatividade em nos apresentar a
criaturas pitorescas, como o alienígena peludo que se disfarça como a barba de
outro alienígena, mas esse seja talvez o único mérito da fita.
O material ainda incha a sua duração com segmentos que não
fazem nada para desenvolver a trama ou os personagens, como na ida à fortaleza
da criminosa interpretada por Rebecca Ferguson, que poderia ser inteiramente
suprimida sem que se perdesse muita coisa. Sim, a sequência mostra M
reencontrando o alien que viu na infância, fechando a ponta solta apresentada
no início, mas isso poderia ser feito em literalmente qualquer outro momento e
a revelação de que o capanga da criminosa era o pequeno alien que M conheceu é
óbvia desde o início por conta da aparência idêntica.
O diretor F. Gary Gray conduz tudo sem qualquer senso de timing cômico alongando boa parte das
cenas e diálogos cômicos além do necessário, tornando aborrecido diálogos que
nem eram tão engraçados para começo de conversa. Algumas cenas chegam a causar
mais constrangimento do que riso, quando M e H tentam consertar uma moto
enquanto se recusam a conversar, se comportando como duas crianças estúpidas e
birrentas ignorando o fato de que estão em uma situação de claro perigo para
eles. A única cena em que verdadeiramente ri foi no breve momento em que o
comediante Sérgio Mallandro aparece como um dos alienígenas monitorados pelos
heróis.
Sem graça, sem personalidade, empolgação ou criatividade MIB Homens de Preto: Internacional não
tem nada a oferecer além de um punhado de ideias velhas requentadas.
Nota: 4/10
Trailer
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