A trama de Upgrade se
passa em um futuro próximo no qual a tecnologia e inteligências artificiais são
parte do cotidiano, desde de dirigir nossos carros a checar o que temos na
geladeira para fazer compras online quando algo acaba. O protagonista Grey
(Logan Marshall Green) é um sujeito avesso a tecnologia, embora sua esposa
trabalhe em uma grande empresa de informática. Um dia o casal é assaltado, a
esposa de Grey é morta durante o assalto e Grey fica tetraplégico.
Após o assalto ele é abordado por um magnata da tecnologia
que lhe oferece um chip experimental que pode retornar os movimentos aos seu
corpo. Grey aceita, mas ao voltar a se movimentar, ele começa a ouvir a voz da
inteligência artificial, Stem (Simon Maiden), falando com ele. Stem se
prontifica a ajudar Grey a desvendar o crime levou à morte de sua esposa, mas
também começa a controlar cada vez mais o corpo do protagonista, o que coloca
os dois em conflito.
Inicialmente o filme parece disposto a falar sobre
tecnologia e os impactos dela em nossa vida, mas a partir do momento em que
Grey e Stem começam a entrar em conflito pelo controle do corpo, a trama fica
mais focada nessa disputa dos dois. De certa forma, a narrativa lembra um pouco o
recente filme do Venom (2018), que
também tratava de uma entidade violenta tentando controlar o corpo de um
sujeito passando por maus bocados, sem falar que Logan Marshall Green é muito
parecido com Tom Hardy.
Nesse sentido, Upgrade
acaba sendo melhor que o filme do Venom em explorar os conflitos internos
de um sujeito que briga pelo próprio corpo com uma entidade de moralidade
diferente da sua. A trama mostra o horror de um sujeito que se vê cometendo
atrocidades violentas, como na cena em que tortura um sujeito por informação, à
revelia de seus próprios desejos e como tudo isso vai deixando sua mente mais
instável. Se no começo Grey parece ceder o controle a Stem sem problemas, aos
poucos ele vai percebendo os riscos de deixar a Inteligência Artificial
controlar completamente seu corpo, já que Stem parece ter uma agenda de
objetivos própria.
Logan Marshall Green é bastante competente em mostrar os
maneirismos robóticos da movimentação de Grey quando Stem está no controle,
assim como a expressão de espanto e abjeção do personagem enquanto ele vê a IA
chacinar violentamente seus inimigos. O filme não economiza na violência
gráfica e essa crueza é usada para dar mais impacto às ações de Stem e mostrar
como essa IA pode ser perigosa.
As cenas de ação, quando Stem controla o corpo de Grey, são
filmadas com a câmera balançado e se movimentando a partir de um eixo fixo
estável, dando a impressão de que estamos parados a despeito do movimento. A
ideia que norteia essa escolha deve ser a de nos fazer sentir da mesma forma de
Grey, alguém parado dentro da própria mente enquanto tudo ao seu redor se
movimenta.
O design de
produção consegue construir a impressão de um universo cyberpunk razoavelmente próximo da nossa realidade, no qual grandes
corporações lutam por controle. Ainda assim, fica a impressão de que o filme
está mais interessado na ação e no suspense do que em falar sobre tecnologia.
Ainda assim, Upgrade oferece uma
trama envolvente e boas cenas de ação, fazendo a experiência valer a pena.
Nota: 7/10
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