quinta-feira, 20 de junho de 2019

Crítica – Upgrade


Análise Crítica – Upgrade


Review – Upgrade
A trama de Upgrade se passa em um futuro próximo no qual a tecnologia e inteligências artificiais são parte do cotidiano, desde de dirigir nossos carros a checar o que temos na geladeira para fazer compras online quando algo acaba. O protagonista Grey (Logan Marshall Green) é um sujeito avesso a tecnologia, embora sua esposa trabalhe em uma grande empresa de informática. Um dia o casal é assaltado, a esposa de Grey é morta durante o assalto e Grey fica tetraplégico.

Após o assalto ele é abordado por um magnata da tecnologia que lhe oferece um chip experimental que pode retornar os movimentos aos seu corpo. Grey aceita, mas ao voltar a se movimentar, ele começa a ouvir a voz da inteligência artificial, Stem (Simon Maiden), falando com ele. Stem se prontifica a ajudar Grey a desvendar o crime levou à morte de sua esposa, mas também começa a controlar cada vez mais o corpo do protagonista, o que coloca os dois em conflito.

Inicialmente o filme parece disposto a falar sobre tecnologia e os impactos dela em nossa vida, mas a partir do momento em que Grey e Stem começam a entrar em conflito pelo controle do corpo, a trama fica mais focada nessa disputa dos dois. De certa forma, a narrativa lembra um pouco o recente filme do Venom (2018), que também tratava de uma entidade violenta tentando controlar o corpo de um sujeito passando por maus bocados, sem falar que Logan Marshall Green é muito parecido com Tom Hardy.

Nesse sentido, Upgrade acaba sendo melhor que o filme do Venom em explorar os conflitos internos de um sujeito que briga pelo próprio corpo com uma entidade de moralidade diferente da sua. A trama mostra o horror de um sujeito que se vê cometendo atrocidades violentas, como na cena em que tortura um sujeito por informação, à revelia de seus próprios desejos e como tudo isso vai deixando sua mente mais instável. Se no começo Grey parece ceder o controle a Stem sem problemas, aos poucos ele vai percebendo os riscos de deixar a Inteligência Artificial controlar completamente seu corpo, já que Stem parece ter uma agenda de objetivos própria.

Logan Marshall Green é bastante competente em mostrar os maneirismos robóticos da movimentação de Grey quando Stem está no controle, assim como a expressão de espanto e abjeção do personagem enquanto ele vê a IA chacinar violentamente seus inimigos. O filme não economiza na violência gráfica e essa crueza é usada para dar mais impacto às ações de Stem e mostrar como essa IA pode ser perigosa.

As cenas de ação, quando Stem controla o corpo de Grey, são filmadas com a câmera balançado e se movimentando a partir de um eixo fixo estável, dando a impressão de que estamos parados a despeito do movimento. A ideia que norteia essa escolha deve ser a de nos fazer sentir da mesma forma de Grey, alguém parado dentro da própria mente enquanto tudo ao seu redor se movimenta.

O design de produção consegue construir a impressão de um universo cyberpunk razoavelmente próximo da nossa realidade, no qual grandes corporações lutam por controle. Ainda assim, fica a impressão de que o filme está mais interessado na ação e no suspense do que em falar sobre tecnologia. Ainda assim, Upgrade oferece uma trama envolvente e boas cenas de ação, fazendo a experiência valer a pena.

Nota: 7/10

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