Não estava lá muito empolgado para X-Men: Fênix Negra. As muitas refilmagens não transmitiam confiança
para o resultado final e o fato da compra da Fox pela Disney, já tornava o
filme datado antes mesmo de estrear, afinal todos sabiam de antemão que esse
universo e personagens serão inescapavelmente reiniciados pela Marvel e
integrados ao seu universo cinematográfico. Ainda assim, me surpreendi com o
resultado, sendo melhor que X-Men:Apocalipse (2016) e X-Men: O Confronto
Final (2006).
Na trama, depois que um resgate espacial dá errado, Jean
Grey (Sophie Turner) acaba escapando da morte depois que uma onda de energia
cósmica envolve seu corpo. O poder é muito grande para que ela controle,
fragilizando sua mente e a fazendo lembrar de traumas do passado. Com isso, o
poder de Jean se torna grande demais para que Charles Xavier (James McAvoy) a
ajude a controlar e ela se torna uma perigosa ameaça. Ao mesmo tempo, a
misteriosa alienígena Vuk (Jessica Chastain) chega à terra disposta ao obter o
poder cósmico absorvido por Jean.
A narrativa é bem eficiente em construir o arco de perdição
e redenção de Jean, machucando as pessoas próximas por acidente, sendo temida
pelos aliados e se sentindo enganada e abandonada por pessoas que admirava.
Assim, torna-se compreensível que ela cedesse aos impulsos raivosos da força
cósmica que a domina, bem como se deixar influenciar por Vuk.
Tal como os melhores filmes dos X-Men, o filme evita
maniqueísmos e mostra as falhas e virtudes de seus personagens, de Xavier, que
parece gostar de ter seu ego massageado pelas autoridades mesmo sabendo que
podem se voltar contra ele a qualquer instante, passando por Erik (Michael
Fassbender), que tenta se distanciar de seus dias de fúria e matança. Mesmo
Hank (Nicholas Hoult) tem motivações compreensíveis para deixar Xavier e se
aliar a Magneto.
Por outro lado, a vilã acaba sendo mais um dispositivo de
roteiro do que uma personagem plenamente realizada. Ela serve mais para incitar
Jean contra os demais mutantes do que alguém dotada de um arco ou personalidade
próprias, tendo a restauração de sua espécie como única motivação, mas que não
é lá muito explorada. Os alienígenas D’Bari, por sinal, tem uma combinação
genérica de poderes de metamorfose e superforça que não fazem muito para
diferenciá-los dos Skrulls vistos em Capitã Marvel (2019). Com uma vilã vazia, o confronto final entre ela e Jean acaba
carecendo de impacto, acabando muito rápido, fácil e de modo anticlimático.
O texto ainda tem algumas coisas mal explicadas, como o
sumiço de Mercúrio (Evan Peters) durante boa parte do filme. Sim, nós o vemos
se machucar em combate nos primeiros minutos, mas nada é dito do estado dele e
o personagem simplesmente some do filme, apenas retornando nos últimos minutos
como se nada tivesse acontecido. Falando em roteiro, o filme também tem uma
abordagem um tanto quanto aleatória em relação à própria cronologia. A trama
esquece completamente que Jean já tinha demonstrado os poderes da Fênix em X-Men: Apocalipse, mas pede que o
espectador se lembre que Magneto e Mística tiveram um romance em X-Men: Primeira Classe (2011).
Ainda assim, o filme apresenta algumas cenas de ação
competentes, que conseguem explorar de modo criativo os poderes dos personagens
e mostrar a importância de cada um na equipe, a exemplo do resgate espacial do
início. A luta nas ruas de Nova Iorque e o confronto com os D’Bari em um trem
militar também se destacam. Ciclope (Tye Sheridan), sempre relegado a funções
pouco relevantes nos filmes anteriores, finalmente assume um papel mais
proeminente dessa vez e tem espaço para mostrar sua capacidade de luta e seu
espírito de liderança, batendo de frente com Xavier em alguns momentos.
Talvez tenha sido por conta de minhas baixas expectativas,
mas X-Men: Fênix Negra é uma aventura
razoável dos heróis mutantes, apresentando bom desenvolvimento de seus
personagens e cenas de ação, mesmo que distante dos melhores momentos da
franquia, como X-Men 2 (2003) ou X-Men: Primeira Classe (2011).
Nota: 6/10
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