sexta-feira, 12 de julho de 2019

Crítica – Blazing Chrome


Análise Crítica – Blazing Chrome


Review – Blazing Chrome
O primeiro trailer de Blazing Chrome, criado pela desenvolvedora JoyMasher, chamou a atenção pelo quanto parecia com os games das franquias Contra, em especial Contra III, e Metal Slug, tanto no visual quanto no gameplay acelerado. Pois o resultado final é uma competente recriação da experiência desses games, ainda que não traga nenhuma significativa transformação ao gênero.

A trama se passa em um futuro no qual as máquinas dominaram tudo, algo similar a O Exterminador do Futuro. De início existem dois personagens disponíveis, mas outros dois podem ser desbloqueados posteriormente. O jogo apresenta quatro fases que podem ser completadas em qualquer ordem, com um indicador de dificuldade mostrando qual seria a ordem ideal, abrindo mais depois que as quatro primeiras são completadas.

A jogabilidade, que permite um multiplayer local cooperativo para dois jogadores, é exatamente aquilo que se esperava de algo baseado nos antigos jogos de tiro da época 16 bit. Inimigos aparecem por todos os lados, tiros e explosões abundam pela tela e ao final de cada fase há um chefe gigantesco a ser eliminado. Os controles são precisos e o jogo ainda dá a opção de mirar parado segurando um dos botões laterais (R1 no PS4) que ajuda bastante contra os chefes. Além da arma básica, também é possível encontrar outras quatro armas que podem ser trocadas depois que adquiridas, embora esses upgrades sejam perdidos quando o jogador morre.

A mecânica de vidas limitadas e morrer com um único acerto pode parecer brutal para os gamers de hoje, principalmente com tantos inimigos e tiros a serem simultaneamente enfrentados, mas segue o que era de praxe nos antigos jogos de ação. Poderia soar excessivamente punitivo, mas o jogo evita isso com um generoso sistema de checkpoints, dividindo cada fase em três seções. Perder todas as vidas não significa recomeçar a fase do zero, mas do último checkpoint, o que significa que só perdemos alguns poucos minutos de progresso. A dificuldade alta nunca soa injusta ou apelativa e eu sempre senti que minhas mortes eram minha culpa, que bastava eu prestar atenção nos padrões de ataque e movimento dos adversários para poder vencer.

A pixel art é ótima em evocar o visual dos antigos jogos de ação ao mesmo tempo em que oferece uma movimentação detalhada para os personagens e os imensos chefes de fase. O áudio chega a apresentar leves distorções nas vozes do narrador e dos personagens para remeter à baixa qualidade dos samples da era 16 bit. Além disso, o jogo ainda oferece alguns filtros CRT para dar à tela um visual saído de antigas televisões com tubo de imagem e um filtro que suaviza os pixels, mas este deixa tudo com um aspecto meio borrado, tal qual aconteceu com a recente coleção dos games da franquia Mega Man X.

Ainda assim, Blazing Chrome, tal qual os antigos games de tiro que tenta emular, é relativamente curto, podendo ser terminado em cerca de duas horas. Não chega a ser um problema, já que ao terminar o jogo pela primeira vez são habilitados novos personagens que oferecem uma jogabilidade diferente, novos modos, como speedrun ou boss rush, além de dificuldades maiores a serem desbloqueadas. Desta maneira, o jogo nos dá alguns motivos, para além do gameplay afiado, para retornarmos a ele.

O único problema é que o jogo é tão tributário a propriedades como Contra ou Metal Slug que nunca chega a desenvolver uma personalidade própria, tanto em termos de jogabilidade quanto em termos de estética. Ele caminha por uma linha tênue entre homenagem, principalmente porque há um certo senso de humor quanto à própria natureza datada, e cópia, já que segmentos inteiros são bastante similares a Contra III. “Sucessores espirituais” recentes como Bloodstained: Ritual of the Night ao menos conseguiam criar um universo que parecia singular a despeito de claramente emular o sentimento da franquia Castlevania. Do mesmo modo, o também brasileiro Horizon Chase Turbo conseguia apresentar uma estética própria e diferente de suas inspirações (Top Gear e Out Run) ao recorrer a um visual low poly e tons pastéis.

Mesmo sem fazer adições significativas à fórmula, Blazing Chrome é uma competente recriação da velocidade e dificuldade dos antigos jogos de tiro. Se você estava à procura de algo similar ao desafio da franquia Contra, certamente irá encontrar aqui.

Nota: 7/10

O jogo está disponível para PS4, Xbox One, PC e Switch

Trailer

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