No papel, essa
nova versão de Hellboy parecia promissora. Uma classificação indicativa
alta permitiria ser mais fiel ao material original, o criador do personagem,
Mike Mignola, estaria mais próximo da produção e, apesar de não ter mais Ron
Perlman como o personagem título, foi encontrado no ator David Harbour (o
Hopper de Stranger Things) um bom substituto. O novo Hellboy tinha
tudo para dar certo, mas infelizmente não dá.
A trama
acompanha Hellboy (David Harbour), um investigador paranornal a serviço de uma
agência que monitora ocorrências sobrenaturais. Quando a antiga feiticeira
Nimue (Milla Jovovich) retorna dos mortos e ameaça liberar demônios no mundo,
cabe a Hellboy e seus aliados deter a ameaça.
O primeiro
problema é que a narrativa constantemente perde o foco em digressões que pouco
acrescentam à trama e existem mais como fanservice
e para plantar futuras continuações do que para construir o arco do
protagonista. Vemos Hellboy enfrentar vampiros, gigantes e a bruxa Baba Yaga
sem que essas ocorrências oferecerem muito desenvolvimento. Além da trama
fragmentada, o arco de Hellboy e sua incerteza em relação a ajudar uma
humanidade que o rejeita é desenvolvido de modo inconsistente.
No início, Hellboy
não tem qualquer dúvida quanto à sua missão de proteger a raça humana, no
entanto, basta uma breve conversa com Nimue para que ele duvide de tudo e passe
a questionar se não seria melhor deixar os monstros soltos. Logo depois, no
entanto, ele já está disposto a matar Nimue como se nada tivesse ancontecido,
interrompendo o ritual de sangue da feiticeira atirando e sem falar nada.
A relação entre
Hellboy e o professor Broom (Ian McShane) também é outro problema. Os
personagens sempre tiveram uma relação conflituosa, mas havia um claro afeto
entre eles. Aqui, no entanto, ficamos apenas com a animosidade, sem vislumbrar
esse afeto e isso torna difícil se importar com o que acontece entre eles e a
conversa que os dois tem no clímax perde o impacto. Como o filme se perde em
muitos interlúdios pouco úteis, os coadjuvantes tem pouco espaço para serem
desenvolvidos. A paranormal Alice (Sasha Lane), é jogada de maneira desajeitada
pela narrativa e o agente Daimio (Daniel Dae Kim) tem sua animosidade com Hellboy
subaproveitada.
O filme
aproveita sua classificação alta para mostrar de modo bastante gráfico a ação
dos monstros, que despedaçam e desmembram humanos com extrema facilidade. A
ação, no entanto, é prejudicada por uma montagem que tornq tudo mais fragmentado
do que deveria e, com isso, as consequências da violência acabam não impactando
como deveria. O design de produção consegue criar criaturas macabras e
estranhas, como a Baba Yaga e sua casa bípede ou as cenas em que Alice “vomita”
espíritos. Por outro lado, os efeitos especiais nem sempre funcionam como
deveria e em muitas cenas fica evidente que David Harbour está sozinho diante
de uma tela verde, a exemplo da sequência em que Hellboy enfrenta um grupo de
gigantes.
Apesar de
promissor, este novo Hellboy se mostra inferior aos dois filmes
anteriores dirigidos por Guillermo Del Toro. É prejudicado por um roteiro
inconsistente, que se perde em digressões pouco úteis e um desenvolvimento
insatisfatório de seus personagens.
Nota: 4/10
Obs: Há uma cena
adicional no meio dos créditos.
Trailer
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