terça-feira, 9 de julho de 2019

Crítica – Não Vai Dar


Análise Crítica – Não Vai Dar

Review – Não Vai DarHollywood já fez inúmeras comédias sobre adolescentes tentando perder a virgindade a todo custo. Quase sempre essas histórias são sob o ponto de vista masculino, a exemplo de American Pie (1999), então é sempre curioso para ver como um filme tenta olhar essa questão a partir de um grupo de personagens femininas como acontece neste Não Vai Dar.

A trama é centrada em três amigas, Julie (Kathryn Newton), Kayla (Geraldine Viswanathan) e Sam (Gideon Adlon). No dia da formatura do colegial as três fazem um pacto para perderem a virgindade com seus respectivos pares para o baile de formatura. A troca de mensagens entre as três, no entanto, acaba sendo acidentalmente vista por Lisa (Leslie Mann), a mãe de Julie, que alerta os pais de Kayla e Sam, Mitchell (John Cena) e Hunter (Ike Barinholtz) e os três decidem impedir as filhas.

Pela premissa parece que o filme vai adotar uma postura machista, assumindo a sexualidade feminina como algo que precisa ser controlado e indigno de uma “mulher de respeito”, mas felizmente não é o caso. O humor do filme reside justamente em ridicularizar a atitude dos três pais, mostrando como a conduta deles é anacrônica, estúpida e estão projetando nas filhas seus próprios temores e inseguranças quanto à saída delas de casa.

O destaque fica por conta do lutador John Cena, que realmente abraça a ingenuidade e estupidez de Mitchell, acreditando em cada cena, cada gag cômica, não importa o quão absurda ou exagerada elas sejam. Aliás, muitos dos melhores momentos do filme envolvem Mitchell, como a cena em que ele toma cerveja pela bunda ou quando ele invade a casa de um casal de meia idade que está correndo pelado e vendado pela casa.

Isso não significa que as garotas não tenham seus bons momentos, a exemplo da cena em que Julie explica como seria uma noite ideal com o namorado e a fala deixa evidente a inexperiência dela com sexo. Outro bom momento é a cena do vômito coletivo na limusine, que começa banal e vai sendo amplificada a proporções absurdas, sendo, talvez, a melhor sequência cômica de vômito desde a cena do parque de diversões em O Pestinha 2 (1991).

Apesar de todo o absurdo e exagero, o filme também é competente em desenvolver a relação de amizade e compreensão entre as três amigas e também o relacionamento que elas têm com os pais. O texto ainda é inteligente ao evitar ser normativo demais quanto ao sexo, reconhecendo que cada pessoa tem seu tempo e que deve passar a experiência quando se sentir confortável ao invés de aderir a pressões de amigos ou da sociedade, com cada uma das três protagonistas tendo uma experiência particular, reconhecendo a pluralidade dessa vivência.

Apesar de assumir uma perspectiva feminina e criticar certas hipocrisias sobre sexualidade, não faz nada de muito diferente do que é típico em comédias besteirol adolescentes, mas ainda assim Não Vai Dar diverte pela criatividade absurda de suas cenas de humor e pelo carisma dos personagens.



Nota: 7/10


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