Ted Bundy: A
Irresistível Face do Mal é um filme sobre um serial killer que praticamente não mostra o personagem cometendo
assassinatos. Essa escolha poderia ser um grande problema, mas a narrativa usa
isso como virtude e o resultado é uma trama que tenta entender o fascínio que
um sujeito como Ted Bundy exercia sobre pessoas comuns.
A narrativa, baseada em uma história real, começa quando Ted
Bundy (Zac Efron) conhece a secretária Liz Kendall (Lily Collins). Eles vivem
um relacionamento aparentemente feliz até que um dia, durante uma viagem, Ted é
detido por um policial na estrada, supostamente por ser reconhecido como um
assassino procurado na área. Ted, no entanto, clama inocência e avisa para Liz
que a polícia está armando para ele. Liz inicialmente acredita no namorado, mas
acusações de outros estados começam a aparecer e Liz começa a ter dúvidas, mas
o charme de Ted é eficiente em mantê-la sob seu controle durante um bom tempo.
A ideia parece ser explorar a natureza magnética de Bundy e
como um serial killer tem facilidade
em manipular e convencer as pessoas ao seu redor do que quer que seja. Nesse
sentido, é acertada a escalação de Zac Efron como Bundy, já que provavelmente
não há ninguém melhor para evocar a presença magnética do serial killer do que um galã hollywoodiano. Efron se vale de seu
charme natural para fazer de Bundy um sujeito tão naturalmente boa praça que
ninguém conseguia dizer não para ele. Desta maneira, a performance de Efron
consegue nos convencer de como alguém como Bundy manteria as pessoas ao seu
redor presas em sua rede de mentiras por tanto tempo.
Por outro lado, a trama peca em sua estrutura ao tentar
cobrir um período muito longo de tempo, desde que Bundy e Liz se conhecem até a
execução de Bundy. Com isso, a narrativa acaba tendo um fluxo bastante
episódico, pulando longos períodos de tempo entre uma cena e outra. Em alguns
momentos o filme até falha em estabelecer uma relação de causa e consequência
entre o que vimos e o que acontece a seguir.
Um exemplo é o primeiro julgamento de Ted. As cenas que
assistimos mostram Ted e seu advogado apontando diversos buracos e erros
procedimentais, então imaginamos que ele conseguirá ser inocentado, mas a cena
seguinte, meses depois, mostra Ted sendo condenado. Claro, foi isso que de fato
aconteceu na história real, mas pela maneira que o filme apresenta toda a
situação a maneira como ela é concluída não dialoga com o modo como ela é
apresentada.
O mesmo pode ser dito do arco dramático de Liz, que se
afunda em culpa e alcoolismo desde que Ted é preso pela primeira vez e
permanece nesse estado mesmo depois que ele termina o relacionamento. Ao final,
ela simplesmente se livra do alcoolismo ao vê-lo ser condenado, sem muita
explicação dos motivos. Além disso, depois de aparentemente ficar sóbria, vemos
novamente a personagem se culpar pelo que aconteceu com Ted, finalmente
oferecendo uma motivação para tal. Outro problema é que o filme nos informa dos
problemas psicológicos e emocionais de Liz, mas vemos muito pouco de como isso
impacta sua vida, sua relação com o novo companheiro (Haley Joel Osment) ou com
a filha.
O que sustenta Ted
Bundy: A Irresistível Face do Mal acaba sendo a exploração da natureza
manipulativa do serial killer e a
performance magnética de Zac Efron.
Nota: 6/10
Trailer
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