terça-feira, 20 de agosto de 2019

Crítica – Seis Vezes Confusão


Análise Crítica – Seis Vezes Confusão


Review – Seis Vezes Confusão
Eddie Murphy se tornou famoso ao estrelar comédias nas quais ele interpretava múltiplos personagens. Ele já fazia isso em Um Príncipe em Nova York (1988), no qual além de interpretar o protagonista, também interpretava alguns personagens secundários que frequentavam a barbearia em que o protagonista trabalhava. Murphy atingiu o auge desse recurso em O Professor Aloprado (1996) e a partir daí o dispositivo começou a se desgastar, com a continuação O Professor Aloprado 2 (2000) sendo bem inferior ao primeiro e depois o horrendo Norbit (2007) mostrou que não havia mais nada o que fazer no formato. Só esqueceram de avisar isso para Marlon Wayans que neste Seis Vezes Confusão tenta emular Eddie Murphy quando nem o próprio Murphy consegue fazer um filme desse tipo dar certo.

Na trama, Alan (Marlon Wayans) está prestes a se tornar pai, mas o fato de não ter família o deixa em dúvidas sobre construir a sua própria. Ele decide então procurar a mãe biológica e nesse processo descobre que possui outros cinco irmãos gêmeos (todos interpretados por Marlon Wayans). Bem, é isso, não há exatamente uma trama ou conflito central, com a narrativa usando a estrutura de road movie mostrando a viagem de Alan em busca dos irmãos como uma maneira de disfarçar o vazio narrativo.

O filme pula de cena para cena, gag cômica para gag cômica sem qualquer senso de causa e consequência ou coesão narrativa. É uma colagem aleatória de momentos provavelmente pensados para provocar riso e a ausência de trama não seria tão incômoda se ao menos o filme conseguisse fazer rir, mas não é o caso. O humor é todo baseado em situações físicas nas quais a graça está na aparência dos personagens cujos traços como obesidade ou nanismo são tratados como aberrações grotescas dignas apenas de escárnio. A impressão é que o texto foi escrito observando crianças em idade pré-escolar trocando insultos em um playground.

Todos os cinco irmãos do protagonista são caricaturas rasteiras de seres humanos que se tornam irritantes de tão exageradas já que é quase impossível crer que qualquer um deles fosse capaz de sobreviver no mundo. A única coisa que muda entre eles é a maquiagem usada por Wayans e o lado para o qual ele entorta a boca, falhando em tornar esses personagens minimamente memoráveis.

Quando o filme não está se entregando a um humor físico rasteiro, o filme tenta extrair comédia de referências pop que a maioria do público nem deve se lembrar, afinal não lembro que a antiga série Arquivo Confidencial (não confundir com o quadro do programa do Faustão) tenha lá uma comunidade muito ativa ainda hoje. Mesmo que tivesse, o filme não tem lá muito a dizer, confiando que apenas a menção do nome da série será suficiente para provocar risos.

Não há, na verdade, muito mais o que falar sobre Seis Vezes Confusão, um filme que já nasce antiquado e fedendo a naftalina, reciclando preguiçosamente clichês cômicos que já se desgastaram faz tempo. Parece algo feito a partir de um roteiro escrito há vinte anos atrás que ficou coletando mofo em alguma gaveta até ser redescoberto por algum executivo desavisado.

Nota: 1/10

Trailer

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