O cinema hollywoodiano não é exatamente gentil com os animes japoneses. Adaptações feitas nos
Estados Unidos constantemente rendem produtos que variam entre o fraco, como Alita: Anjo de Combate (2019), A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017); o ruim,
como Death Note (2017), e o péssimo,
a exemplo deste Dragonball Evolution.
Muitos reclamam do quanto Dragonball Evolution é distante do mangá e do anime, mas a falta de
fidelidade visual até seria perdoável se o filme fosse capaz de criar uma trama
que fosse interessante ou personagens com algum carisma, mas não é o caso. A
narrativa, tal como no anime, parte da premissa da busca pelas Esferas do
Dragão, que concederia um desejo a quem as reunisse. Aqui, no entanto, a mitologia
é construída de maneira confusa, envolvendo o retorno do Rei Piccolo (James
Marsters) e uma profecia sobre o Oozaru e mais uma série de outros elementos
que tornam o que era uma narrativa relativamente simples em algo mais
bagunçado do que deveria.
Os personagens não eram exatamente poços de complexidade no anime, mas nem tudo que funciona em uma
animação, funciona em live action, e
aqui todos os personagens, de Goku (Justin Chatwin) ao mestre Kame (Chow Yun
Fat), soam como caricaturas grosseiras, inclusive em relação às suas
versões do anime e do mangá. O humor
que era característico de Dragon Ball
é substituído aqui por piadas que mais envergonham do que fazem rir. A única
personagem com um mínimo de carisma acaba sendo a Bulma interpretada por Emmy
Rossum. Claro, ainda seria possível fazer esses personagens funcionarem se o texto fosse
capaz de injetar algum calor humano ou empatia neles, como fizeram as
Wachowskis no subestimado Speed Racer (2008),
no qual mesmo os personagens sendo rasos é possível perceber um sentimento
verdadeiro neles, o que facilita a empatia.
A ação explosiva e grandiloquente que também é parte
essencial da personalidade da franquia está completamente ausente, sendo
substituída por embates que soam como uma cópia genérica da franquia Matrix e de O Último Mestre do Ar (2010). Sim, Dragonball Evolution foi lançado primeiro que a adaptação
cinematográfica da animação Avatar,
mas aqui o Mestre Kame já se referia às técnicas de ki usadas pelos lutadores
deste universo como técnicas de “dobrar o ar”, remetendo ao universo habitado por
Aang tanto na animação (Avatar)
quanto na versão para os cinemas (O
Último Mestre do Ar).
Além da falta de personalidade, falta também agilidade,
empolgação e grandiosidade, nunca nos convencendo de que estamos diante de
guerreiros poderosos. Por conta das escolhas de como exibir visualmente as
habilidades dos personagens, durante boa parte do tempo mais parece que eles
estão arremessando peidos com as mãos do que disparando poderosos ataques de
energia. Na verdade, toda a construção visual é bastante tosca, dos figurinos
ao cenários, fazendo os personagens parecerem um bando de cosplayers (e olha que já vi cosplays
bem melhores e mais elaborados que os figurinos desse filme) brincando no
quintal de alguém com roupas improvisadas com os itens que tinham em casa.
Os problemas de Dragonball
Evolution vão além da falta de fidelidade ao material original, mas por ser
um produto desprovido de personalidade, imitando a esmo vários elementos de blockbusters do período, personagens sem
graça e uma produção capenga que não consegue dar conta da grandiloquência que
o material exige, soando mais como um fan
film. É um dos maiores atos de agressão dos Estados Unidos contra o Japão
desde Hiroshima e Nagasaki.
Trailer
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