quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Crítica – Amor em Obras




Produção original da Netflix, Amor em Obras é daqueles filmes que funcionam como um passatempo ainda que não tenha nada de memorável ou particularmente singular ao ponto de se tornar uma experiência recomendável. É para ser visto em um dia chuvoso, quando não há nada para fazer e você já assistiu alternativas melhores.

A narrativa é protagonizada por Gabriela (Christina Milian) uma ambiciosa garota nova-iorquina que, depois de uma decepção amorosa, acaba entrando em um concurso para ganhar uma pousada no interior da Nova Zelândia. Ela vence o concurso, mas ao chegar no local, descobre que a propriedade está em péssimo estado. Com recursos financeiros limitados, ela acaba aceitando uma sociedade com o construtor Jake (Adam Demos) e, logicamente, os dois vão se apaixonando conforme a reforma se desenvolve.

É um enredo que lembra bastante Um Dia a Casa Cai (1986), também sobre um casal que tenta reformar uma casa dilapidada, e outros filmes sobre personagens que se afastam da cidade para buscar uma vida simples no interior ao reformar uma velha propriedade, como em Sob o Sol da Toscana (2003) ou Um Bom Ano (2005). Em resumo, não há nada aqui que já não tenhamos visto antes.


O próprio desenvolvimento do romance é bastante óbvio, batendo no lugar-comum do casal com personalidades opostas que vai aos poucos aprendendo um com o outro. Fica evidente desde o início que ao longo da história Gabriela irá aprender a ser menos fútil e apreciar coisas simples enquanto que Jake aprenderá a ser menos chucro e demonstrar mais seus sentimentos. O que impede que a trama se torne entediante é o carisma do casal protagonista, especialmente Milian, e o encanto que o filme transmite no modo como filme as paisagens neozelandesas que nos faz nos importar com o que acontece mesmo quando a jornada é completamente familiar.

Os protagonistas até poderiam se sair melhor se tivessem um material mais consistente para trabalhar, mas o roteiro cozinha toda jornada em banho-maria, sem inserir muito drama, dificuldade ou obstáculos para o casal ficar junto ou conseguir reformar a casa. Apesar de Gabriela citar dificuldades financeiras no início do filme, ao longo do restante da narrativa não há mais qualquer menção a qualquer dificuldade monetária.

Mesmo quando o filme tenta, já em seus últimos vinte minutos, colocar alguma dificuldade para o enlace amoroso do casal, como uma proposta de emprego para Gabriela nos EUA ou a chegada do ex-namorado da protagonista à Nova Zelândia, tudo é resolvido de maneira muito rápida e fácil. Aliás, é até difícil de acreditar que o ex de Gabriela aceite tão tranquilamente a rejeição depois de ter viajado mais de vinte horas de avião só para vê-la e tentar reconquistá-la.

É justamente o roteiro inane, que não consegue criar situações envolventes ou interessantes que acaba tornando Amor em Obras tão esquecível e descartável.

Nota: 5/10

Trailer

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