Predadores Assassinos é
daqueles filmes que parecem fruto de alguma produtora de quinta-categoria e que
não tem muita chance de dar certo, resultando em algo mais cômico do que
efetivamente assustador. Ainda assim, contra todas as chances, Predadores Assassinos é um suspense razoável,
ainda que em muitos momentos abuse da boa-vontade do espectador.
A narrativa é centrada em Haley (Kaya Scodelario), uma
nadadora cuja carreira está começando a estagnar. Haley recebe uma ligação da
irmã, Beth (Morfydd Clark), avisando que há mais de um dia não consegue falar
com o pai delas, Dave (Barry Pepper), e está preocupada porque a cidade em que
ele mora está prestes a ser atingida por um forte furacão. Apesar de não falar
com o pai há anos, Haley decide voltar à cidade natal, mesmo em meio à
tempestade, para descobrir o que aconteceu. Lá ela encontra o pai ferido no
subsolo da casa, já parcialmente inundado por conta da tempestade. Dave foi
mordido por um imenso jacaré que entrou na propriedade por conta na inundação e
agora Haley e Dave estão presos no subsolo com esse predador perigoso.
A trama em si é bem previsível, sendo possível deduzir
absolutamente tudo que irá acontecer a partir da conversa de Haley e Beth no
comecinho do filme. Fica evidente desde o começo que Haley irá inevitavelmente
fazer as pazes com o pai, readquirir sua confiança como nadadora e superar o
trauma do divórcio dos pais. É o tipo de drama familiar clichê que esse tipo de
filme tenta enfiar goela abaixo do público sem fazer qualquer esforço de
oferecer algo interessante além de seguir lugares-comuns desgastados.
Melhor seria fazer o que Águas Rasas (2016)
fez ao focar exclusivamente na tensão e na luta pela sobrevivência da
protagonista
Digo isso porque o filme é realmente eficiente em construir
um sentimento de tensão e claustrofobia enquanto Haley está presa nos apertados
corredores do subsolo com jacarés famintos. O início apresenta uma série de
sustos súbitos óbvios, mas depois de um tempo a narrativa consegue construir a
tensão sem recorrer a esse expediente, focando mais nas dificuldades de Haley e
Dave por conta dos ferimentos e também na velocidade dos predadores devido ao
nível da água que não para de subir, tornando os espaços cada vez mais
perigosos. Muito da tensão também vem da violência crua, que não economiza em
imagens de membros dilacerados e ossos expostos.
Ocasionalmente, no entanto, a produção abusa da boa vontade
e da suspensão de descrença do espectador, apresentando acontecimentos que são
difíceis de crer. Um exemplo é a cena em que Haley consegue prender um jacaré
dentro do box do banheiro da casa, sendo que os animais conseguiram quebrar os
vidros externos com imensa facilidade. É também difícil de crer que Dave
consiga voltar a andar simplesmente por colocar o osso de sua fratura exposta
de volta ao lugar, sendo que o osso continua quebrado.
Ainda assim, Predadores
Assassinos consegue oferecer uma boa dose de medo e tensão a despeito da
trama clichê e algumas soluções pouco convincentes.
Nota: 6/10
Trailer
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